O termo inveja provém do latim e significa invidia, “olhar torto, lançar mau-olhado sobre”, de IN, “em”, mais VIDERE, “olhar”. Segundo Aurélio, trata-se de um “desgosto” profundo ou pesar pelo bem ou pela felicidade de outrem. É um estado de espírito, um sentimento permanente e contínuo de desejar, ou mesmo ser o que é o outro. Expressa-se nas relações humanas e sempre foi objeto de interesses de filósofos, escritores e estudiosos do comportamento humano. Embora ainda pouco conhecida em suas origens e em suas bases neurocientíficas e comportamentais, a inveja precisa ser mais estudada para se ajudar milhões de pessoas que padecem dela no mundo.
Essencialmente, trata-se de um sentimento de cobiça, desejo irrefreável à vista da felicidade, da superioridade ou de qualquer outro valor do outrem. A inveja, como nos diz Aurélio, traduz “um desejo violento de possuir o bem alheio” e provoca nas pessoas uma tristeza profunda ou desgosto inexplicável proveniente da prosperidade ou fortuna alheia. Isto é, desenvolvem um desejo excessivo de possuir exclusivamente o bem de outrem.
Portanto, uma das bases vivenciais da inveja é o desejo violento de possuir o que é do outro ou sê-lo. Esse desejo, às vezes mórbido, está carregado de muito ódio e fúria, por isso mesmo procura atingir o outro para se empossar daquilo que é o objeto da inveja.
Para a Igreja Católica inveja é um dos sete pecados capitais, além da soberba, orgulho, luxúria, gula, preguiça, avareza. No cristianismo, inveja é sinônimo de ganância, ou seja, é a vontade exagerada de possuir qualquer coisa. É um desejo descontrolado, uma cobiça de bens materiais e dinheiro. Para a Igreja, a inveja é considerada pecado, porque o invejoso “ignora suas próprias bênçãos e prioriza o status de outra pessoa no lugar do próprio crescimento espiritual. É o desejo exagerado por posses, status, habilidades e tudo que outra pessoa tem e consegue. O invejoso ignora tudo o que é e possui para cobiçar o que é do próximo”.
Do ponto de vista da saúde mental, considera-se a inveja como um fenômeno disfuncional que ocorre nos indivíduos e se expressa nas relações humanas, especialmente quando essa vivência provoca rupturas nas relações sociais, dor e sofrimento. De tal forma que, desejar ou aspirar ao que os outros têm ou são e querer esses valores é algo normal e natural que pode até favorecer o crescimento do indivíduo. Todavia, quando esse comportamento é proeminente, se torna uma característica marcante da personalidade, ao ponto de interferir negativamente nas relações sociais, gerando dor e sofrimento, estamos diante de problema psicopatológico grave. Sob o aspecto psiquiátrico, invejar é uma condição que surge e se desenvolve ao longo do desenvolvimento da personalidade, aparece precocemente na infância e se desenvolve de forma progressiva ao longo do tempo. Como todos os transtornos psiquiátricos esse também apresenta gradações em seu curso e expressão, variando seus níveis de gravidade.
Desses transtornos, os que mais apresentam esse problema é o Transtorno de Personalidade tipo Boderline, que tem como principais características clínicas: baixa auto-estima pessoal, carência de si mesmo e dos outros, desconfiança, auto-imagem ruim. Em geral, são pessoas muito inseguras e imaturas, que levam a vida e seus compromissos com muita dificuldade. Apresentam-se frequentemente irritáveis, explosivos, com oscilações frequentes do humor, impacientes e agressivos.
Portanto não devemos repudiar ou excluí-los e sim ajudá-los a superarem seus problemas. O tratamento médico e a psicoterapia cognitivo-comportamental são boas ferramentas terapêuticas de ajuda. Outros fatores especialmente de ordem psicológicas e sociais que colaboram muito para o surgimento e desenvolvimento da inveja, porém em todos os casos o aconselhável é tratar e orientar bem essas pessoas para que desfrutem de sua saúde mental.