Saúde Mental e Uso de Cocaína e Crack
Estima-se que, no mundo, 13,3 milhões de pessoas, 0,3% da população acima de 15 anos, consumam regularmente cocaína. Pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas – ONU revelou que o consumo de cocaína entre os nove países da América do Sul foi descrito como “estável”, porém, em nosso país, houve aumento do consumo de 1%, em 2001, para 2,6%, em 2005, pela população entre 15 e 64 anos.
Esta semana a Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP revelou o resultado de um estudo inédito em nosso país sobre o consumo de cocaína e crack na população brasileira e, sem causar grandes surpresas, aponta o Brasil como o maior consumidor de mundial crack.
É do domínio público que parte desses problemas são explicados pelo fato dessa substância chegar muito rapidamente ao cérebro e de ser uma droga com grande potencial de causar dependência, sendo certo que uma pessoa que experimenta a cocaína ou o crack não pode prever ou controlar a extensão de seu uso, daí que se recomenda sequer iniciar o consumo.
Os dados da pesquisa mostraram que quase 6 milhões de brasileiros, o que corresponde a 4% da população adulta, já experimentaram alguma apresentação de cocaína (merla, crack ou oxi ) na vida e 3% deste consumo se deu entre adolescentes, perfazendo um total de 442 mil jovens. No último ano 2,6 milhões de adultos e 244 mil adolescentes fizeram uso desta droga. Pelos números se pode notar o quão grave é o problema, sem qualquer indicação de haver perspectiva de controle ou solução.
Os mesmos equívocos do Ministério da Saúde, adotados por uma política elaborada há 10 anos, se mantêm, dentre os quais, o engessamento da assistência de drogados só pela via dos CAPS. Todos sabemos que haverá um momento no manejo dos enfermos que haverá necessidade de internação e outras abordagens, mas parece que o Ministério da Saúde resiste a idéia de criação de centros especializados nestes tratamentos.
Um outro aspecto importante poderia ser a implantação de uma grande rede de ambulatórios distribuídos pela cidade para atender os pacientes em diferentes graus de comprometimento da doença.
Onde estão os investimentos em prevenção ao uso de drogas através de uma rede de referência articulada com outros níveis de assistência para proteger estes enfermos? Por onde andam os investimentos em capacitação de mão de obra especializada para atender estes enfermos e suas famílias.
Enfim sugestões não faltam para dotar este país de ferramentas adequadas para o enfrentamento do uso e tráfico de drogas. Isso não significa que o que se está fazendo não tenha valor ou importância. Acho, inclusive, que avançamos muito no sentido do enfrentamento do problema, porém os gestores públicos poderiam oferecer mas alternativas preventivas e assistenciais pra o controle efetivo médico e social da situação do uso de drogas em nosso país.