Com o avanço do conhecimento científico e tecnológico, hoje se sabe muito sobre o que se passa com a mente dos amantes e dos apaixonados. Estamos a cada momento caminhando a passos
largos no sentido de descobrir os segredos dos sentimentos e das emoções mais
profundas que coloram a vida afetiva dos seres humanos, situação nunca antes
examinada.
Um dos sentimentos mais estudados é o amor, indiscutivelmente, um dos mais importantes, por garantir a vida do homem e de muitas outras espécies. Em torno dele todos querem viver. É o sentimento especial a que mais aspiramos, pois nos torna feliz e em paz conosco e com os outros, dá prazer e nos impulsiona na vida.
Durante muitos anos, poucos foram os estudos que trataram
das bases biológicas do amor, porém da década de 1990, conhecida por “década do
cérebro”, para cá, surgiram inúmeros trabalhos relacionando-o com as atividades
do cérebro e as conexões deste com muitas outras regiões cerebrais que explicam
o comportamento de quem ama.
Com o prosseguir das pesquisas, utilizando-se métodos muito sofisticados como o PET- SCAM, ressonância
magnética nuclear e outros métodos de neuroimagem, os cientistas passaram a ter
um enorme interesse em decifrar os enigmas das sensações que se apresentam
quando estamos amando. Os estudos concluíram que a área de nosso cérebro
estimulada quando amamos é a mesma estimulada quando alguém usa drogas que
viciam, como o álcool, tabaco e muitas outras.
As conclusões foram obtidas através de imagens de ressonância magnética do cérebro de mulheres e homens que afirmaram
estar profundamente apaixonados, em períodos de tempo que variavam de um mês a
dois anos. Nesses estudos eram mostradas fotos da pessoa amada e de pessoas
parecidas com as dos participantes da pesquisa. Os pesquisadores perceberam que
haviam mudanças acentuadas na atitude das pessoas que estavam sendo pesquisadas.
O cérebro dos participantes apaixonados reagiu às fotos de seus companheiros, produzindo respostas
emocionais nas partes do cérebro normalmente envolvidas com a sensação de
motivação e recompensa, as mesmas áreas do sistema cerebral ativadas quando uma
pessoa é dependente de uma droga.
Essa região cerebral é designada de área de recompensa cerebral ou área do prazer. É uma região formada por outras
pequenas subestruturas localizadas no hipotálamo, região situada logo abaixo do
córtex cerebral. Os neurocientistas dizem que o amor romântico é uma das
emoções mais complexas e poderosas, controlada por esta região. Além do mais, a
área de recompensa é a parte indispensável para garantir a nossa sobrevivência,
sendo ela que nos ajuda a reconhecer que algo é bom.
A área de recompensa cerebral é riquíssima em dopamina cerebral, um neurotransmissor envolvido com o prazer,
com a alegria e com a felicidade. A dopamina desta região está presente em
grande quantidade, todas as vezes que ocorre uma estimulação desta região. A
área de recompensa cerebral se articula com muitas outras regiões do cérebro,
onde outras funções são realizadas, portanto é uma região interarticulada.
Os trabalhos demonstram que amar é uma experiência altamente prazerosa e indispensável para nossa vida e, em
particular, para nossa saúde. Através do amor nós nos sentimos mais aptos, mais
inteligentes, e com mais disposição. Sentimo-nos mais corajosos e mais seguros.
Todo nosso corpo funciona melhor, a autoestima e autoconfiança ainda mais.
Todos os que amam se sentem mais seguros, mais companheiros e mais solidários.
O amor desperta em cada um de nós, um sentimento de fraternidade e torna as
pessoas mais sensíveis, fato, por sinal, incomum nos dias atuais.
Nosso sistema imunológico se torna mais hígido, os sistemas cardiorrespiratório,
renal, digestivo e osteomuscular melhoram seus desempenhos e todo corpo torna-se
melhor e mais saudável. Sexualmente há uma maior disposição e melhor
desempenho, bem como na qualidade dessa experiência.
Porém como a expressão do amor reflete a integridade de muitas funções neuroquímicas e neurofuncionais do cérebro, há
a possibilidade de muitos adoecerem sob a égide da experiência amorosa, são os
que adoecem expressando o amor. Os disfuncionais se expressam através de ciúmes
patológicos, amores exageradamente possessivos e violentos, dependência
mórbida, perda da identidade, da autonomia e da liberdade. Essas expressões
psicopatológicas fazem com que os amantes se desconfigurem nas relações
afetivas, restando tão somente sofrimento de dor. Às vezes, de tão doentia a
relação, as pessoas chegam a cometer crimes ou praticar o suicídio.