História de Bernie Lyon: o som de ‘Hell’ que ecoou pelo Brasil
Atendendo a pedidos dos meus ouvintes, decidi mergulhar na história de Bernie Lyon, um cantor que deixou uma marca profunda na cena musical brasileira, especialmente em cidades como Fortaleza, Salvador, Belém e São Luís. Desde cedo, eu sabia que Bernie não era jamaicano, mas sabia absolutamente nada sobre a sua origem. Ele nasceu em Paris, França, filho de pais imigrantes da Martinica, e seu nome de batismo é Bernard Ancinon.
Nos anos 60, Bernie fazia parte de uma banda de rock chamada Les Pollux, na França, seguindo um estilo semelhante ao dos Beatles. Ele era cantor, compositor e violonista, e sua carreira se estendeu até os anos 80. Durante esse período, lançou dezenas de singles por grandes gravadoras, como a Philips e a Polygram.
Foi somente em 1979 que Bernie adotou seu nome artístico, Bernie Lyon, e passou a focar exclusivamente no reggae, sem abandonar suas raízes na soul music. Alguns de seus hits encontraram um espaço especial em São Luís, onde sua música alcançou o topo das paradas de sucesso.
Eu me lembro vividamente de ir com meu pai ao Mercado Central em São Luís para comprar discos de vinil. Na sessão de músicas internacionais, vi cópias dos álbuns de Bernie à venda. A música que mais tocava naquela época era “Hell”, que também ganhou popularidade em outros países. Este reggae tem um estilo jamaicano tradicional e é enriquecido com harmonizações vocais femininas de fundo.
A letra de “Hell” expressa uma resignação diante de uma vida difícil, onde o narrador aceita o “inferno” como seu destino. Ele já esteve nessa situação antes e vê o “paraíso” como algo entediante, preferindo o conhecido, embora desafiador, “inferno”. A canção reflete a ideia de que, mesmo em meio ao sofrimento, existe uma forma de encontrar propósito ou um certo conforto na familiaridade com a adversidade.
“Hell” foi, sem dúvida, o maior sucesso de Bernie em sua experiência com o reggae, tanto na Europa quanto na América do Sul. No Brasil, a canção se tornou um grande sucesso nas rádios em 1980, assim como sua regravação de “Eleanor Rigby”.
A música se tornou um clássico, tocado até hoje pelos DJs de reggae em São Luís, em lugares como o Bar do Nelson, Praia Reggae, Forquilha Roots, entre outros.
Para finalizar minha pesquisa sobre o cantor, li publicações de fãs em um artigo na internet que afirmam que Bernie Lyon, que também era funcionário de um banco em Paris, faleceu em 17 de junho de 2000, aos 53 anos, vítima de uma parada cardíaca. Um fã declarou que essa notícia foi divulgada pela própria viúva do cantor.