Muitas pessoas perguntam como surgiu o Tributo a Gregory Isaacs. A história é longa, mas vou resumir. Tudo começou há mais de três décadas, quando comecei a gravar minhas fitas cassete para ouvir em casa. Nesse período, conseguir uma gravação era desafiador, já que o reggae era considerado algo exclusivo, e nem todos tinham acesso a essas raridades musicais. Tive sorte porque meu primo Ronaldo colecionava fitas cassete e CDs importados de reggae e me emprestava, incluindo músicas de Gregory Isaacs. Isso me ajudou a formar meu primeiro repertório musical, e a ideia de me tornar DJ começou a surgir. Naquela época, nomes famosos dominavam a cena do reggae maranhense, como Antônio José, Carlinhos Tiojolada, Ronald Pinheiro, Roberthanco, entre outros. Queria ser como eles e tive que me esforçar para isso. Com o tempo, meu envolvimento com a música de Gregory Isaacs cresceu à medida que conheci mais pessoas ligadas ao reggae. Outro primo, Tony Tavares, tinha uma extensa coleção de CDs e discos de vinil do Cool Ruler. A convite dele, passei a auxiliá-lo no programa Reggae Point da Mirante FM em 1995.
A música era altamente valorizada naquela época, e eu já tinha algumas músicas para tocar em pequenas festas do meu bairro, o Anjo da Guarda. Sempre tive um carinho especial pelas músicas antigas, incluindo as de Gregory Isaacs, Starlites, Cedric Myton & The Congos e The Gladiators. O interessante é que conheci cada um deles.
No trabalho, tive acesso à internet e, nas madrugadas em que estava de plantão, passei a estudar a vida dos artistas jamaicanos e acrescentava essas informações no rádio.
Com o tempo, me tornei fã de Gregory, o que se deve a vários fatores, incluindo sua história de vida e seu legado musical. Embora não tenha conseguido assistir ao seu primeiro show em 1991 ao lado da minha banda favorita, Tribo de Jah, devido à minha idade na época. Perdi outras oportunidades por falta de dinheiro. Percebi como o tempo e o carinho das pessoas com Gregory Isaacs e suas músicas eram as preferidas do público nas festas de reggae e no Reggae Point. Eu sempre esperava que ele voltasse. Pinto Itamaraty realizou meu sonho e o trouxe a São Luís ao lado de John Holt em 2009, um feito inédito no Brasil e a despedida dos dois para sempre. Havia dito que isso jamais seria possível, mas os amigos de infância vieram a São Luís e se apresentaram juntos.
Tive a oportunidade de conhecer Gregory Isaacs um ano antes de sua morte. Na época, não sabia que ele estava doente. Quando o encontrei, notei que ele estava fraco, calado e pouco comunicativo. Conversei com ele, tirei fotos ao lado de Sidney Crooks, até perguntei sobre sua música favorita, mas ele não conseguiu responder diante de sua vasta obra e sorriu. Ainda nos bastidores, descobri que ele estava lutando contra o câncer e enfrentando problemas de dependência química.
Lembro-me de vê-lo no palco em São Luís. Mesmo que não estivesse no auge, ele cantou e se despediu da cidade. Naquela época, aconselharam-me a não divulgar sua condição no rádio para não chocar os fãs. Pouco depois, perdemos ele. A notícia chegou à minha casa através do lendário Sidney Crooks às 7h30 da manhã. Automaticamente, comuniquei à TV Mirante, que noticiou a partida do cantor. No ano seguinte, promovi a primeira edição do Tributo a Gregory Isaacs, que passou pelas casas: Roots Bar, Túnel do Tempo, Patrimônio Show e Porto Seguro. Todas foram responsáveis pelo crescimento do evento, que com o tempo se tornou uma tradição em São Luís. Em 2014, a meu convite trouxe o filho dele a São Luís para uma grande apresentação.
Tributo a Gregory Isaacs em São Luís
Sem absolutamente nenhum patrocínio, chegamos à 12ª edição do evento. Ele é o artista mais querido em São Luís, e nem mesmo Bob Marley é tão homenageado como ele por aqui. Neste evento, buscamos preservar o legado de Gregory, tocando tanto seus sucessos conhecidos quanto músicas menos populares. Neste ano, o evento será realizado no dia 12 de novembro, na Choperia Marcelo, e terá como atrações inéditas: Super Memory Vinyl e os Irmãos Metralhas, além da DJ Sandra Marley e eu mesmo, DJ Waldiney. As camisas do evento estão disponíveis em diversos pontos da cidade. Veja aqui.
Em resumo, o Tributo a Gregory Isaacs é uma celebração do legado desse grande artista que continua tocando o coração das pessoas, mesmo daquelas que não são fãs de reggae. Suas músicas têm um impacto duradouro e especial, e é uma honra homenageá-lo a cada ano.
Parabéns pela homenagem prestada, por questões pessoais não fui para o evento, gosto muito de Reggae dos primórdios dos anos oitenta, hoje de segunda a sexta das 19 às 21 hs ouço o programa do Dj Waldiney na mirante FM, e peço que sempre que for possível manda uma mensagem para mim e minha mulher, Ribamar e Erveni do cohatrac, coloca também um ou mais Reggae das antigas. Abraço, Ribamar e Erveni.