Sandro Abel Gonçalves Borges, também conhecido como Dread Sandro, teve sua paixão pelo reggae despertada aos 13 anos. A partir dos 15 anos, deu início à sua jornada como colecionador, com o apoio de seu pai, que era radioleiro. Impulsionado por sua paixão pela música, fez sua primeira viagem internacional à Jamaica aos 23 anos, em 1991, marcando um momento inesquecível. Sua influência notável na cena reggae de São Luís o levou a ser reconhecido como Dread Sandro.
Sua reputação foi solidificada no Maranhão por meio de inúmeras viagens em busca de discos raros, contribuindo para a construção da identidade musical com o ritmo jamaicano. Suas incursões o levaram a Londres cinco vezes e à Jamaica vinte e cinco vezes, onde não hesitou em explorar até as favelas mais perigosas para adquirir preciosos vinis.
Durante suas jornadas no país caribenho, Sandro cruzou caminhos com algumas figuras emblemáticas do reggae. Em sua primeira viagem, ele conheceu Gregory Isaacs, seguido por encontros com John Holt, Winson Jerrett, Earl “Chinna” Smith, George Faith e o músico Byron Lee. Durante sua estadia, teve a oportunidade de assistir a um show da banda de Byron Lee, “The Dragonaires”, em um hotel, e também avistou Junior Byles em 1994, mendigando nas ruas de Kingston. Junior Byles parecia estar desgastado e desorientado, a ponto de suas palavras não parecerem coerentes. Esse encontro marcou os primeiros vislumbres que Sandro teve desses artistas notáveis.
Em março de 1995, enquanto estava na Jamaica comprando discos com Junior Black, receberam a notícia da morte do cantor Delroy Wilson. Eles rapidamente ligaram para o programa Reggae Dance (Rádio Cidade) e compartilharam a triste notícia ao vivo com o locutor Carlos Nina, tornando-se os primeiros a informar o Brasil. A Jamaica perdia então uma de suas primeiras estrelas, e o país se uniu em luto, com todas as rádios homenageando o artista.
Dread Sandro também teve um papel crucial na aproximação de Donna Marie e Eric Donaldson para apresentações em São Luís, exercendo uma influência indireta no cenário musical local. Mesmo que as oportunidades financeiras no mundo do reggae não tenham sido abundantes, ele conquistou reconhecimento ao vencer competições de colecionadores e ao trazer músicas que se tornaram sucessos na ilha.
A importância da humildade no âmbito do reggae é uma lição que Dread Sandro enfatiza, incentivando os jovens a respeitarem e aprenderem com os mais experientes. Ele lamenta a falta de valorização das pessoas que ajudaram a disseminar o reggae na ilha e torná-la a capital do reggae no Brasil. Ele destaca que o reggae é uma expressão de paixão, não apenas um comércio.
Mesmo com as mudanças trazidas pela era digital, Dread Sandro permanece ativo nos cenários musicais, se apresentando em locais como o Bar do Nelson e o Real Bar em São Luís, sempre que chamado. Sua dedicação se estende a compartilhar conhecimento com as gerações mais jovens, na esperança de que elas possam continuar nutrindo o movimento reggae, apesar dos desafios do mercado atual. Ele sublinha a importância da inovação, desde que acompanhada de profissionalismo para se destacar.
Dread Sandro também falou sobre a perda de seu amigo Junior Black: “Ele era muito gente boa, dono de uma calmaria e simplicidade incrível. Sua partida representa uma perda imensurável para o movimento reggae no Brasil.”
Recentemente, tanto ele quanto Junior Black foram agraciados com um troféu na festa Reggae das Antigas, organizada por mim, em reconhecimento à sua contribuição na disseminação do ritmo no estado. Além disso, tivemos a honra de contar com a apresentação deles no evento.