São Luís excluída da turnê de Burning Spear
Sou um grande admirador de Winston Rodney, mais conhecido como Burning Spear, um icônico artista de reggae com mais de 50 anos de carreira, que mantém sua distintiva voz. Ele é um dos pioneiros no reggae e suas canções abordam temas ligados ao rastafarianismo, consciência negra e desigualdade econômica na Jamaica. Sua conexão com Marcus Garvey, o ativista político jamaicano, é notável.
Após anos de dedicação aos palcos, Burning Spear optou por encerrar sua carreira e já está em meio à sua última turnê mundial. Aqui no Brasil, o renomado artista confirmou shows em São Paulo (24/11) e Salvador (25/11). Isso me faz questionar por que São Luís não está incluída na programação de shows. Será que isso se deve ao desinteresse dos produtores devido aos custos elevados do evento ou à agenda lotada do próprio artista? Em minha opinião, é mais plausível acreditar que a ausência se dá por conta da disponibilidade de datas na agenda dele, mesmo considerando o contexto local. É importante destacar que a realização de grandes eventos requer apoio financeiro substancial, em vez de gestos simbólicos. Essa abordagem movimenta a economia do reggae de maneira abrangente, gerando renda direta e indireta.
Lembro-me do impacto do Maranhão Roots Reggae Festival, que ocorreu de 2001 a 2012. O festival trouxe lendas do reggae da Jamaica e do Brasil, valorizou os artistas e bandas locais, além de promover grupos de dança, DJs, artesanato, entre outros. Lamentavelmente, não houve continuidade desses projetos que poderiam ter elevado ainda mais a reputação de São Luís como a “Jamaica Brasileira”. Um exemplo é o Bloco do Reggae GDAM, que se apresenta há anos no carnaval maranhense e merecia maior atenção. É frustrante quando não se observa o devido respeito pela promoção do reggae, que, além de tudo, atrai turistas para São Luís.
Em relação à vinda de Burning Spear ao Brasil, considero simplesmente inaceitável que um artista do calibre dele esteja realizando sua última turnê sem incluir São Luís, onde ele possui uma base de fãs significativa. Existe uma comunidade engajada com o reggae por aqui que poderia facilitar a realização do show em São Luís. No entanto, é necessário que haja um acesso mais direto às pessoas que têm o poder de fortalecer o movimento enraizado na capital há cinco décadas. Estarei na expectativa por uma nova abordagem nos shows internacionais de reggae, que leve em consideração a importância de incluir São Luís no roteiro do artista.