O Festival de Berlim foi colorido neste domingo com as cores do movimento rastafári com a presença na capital alemã de um dos filhos do lendário Bob Marley, que evocou a figura de seu pai na apresentação do documentário “Marley”, do cineasta britânico Kevin Macdonald.
“Não crescemos pensando no dinheiro, mas em ajudar as pessoas”, afirmou Rohan Marley, um dos doze filhos do músico jamaicano, que lembrou uma passagem de sua infância para ilustrar o caráter do pai.
Num domingo, ele e seu irmão Stephen estavam no jardim, com a cerca fechada. A casa permanecia aberta de segunda-feira a sábado e a população que trabalhava na rua entrava no jardim do músico, que oferecia comida ou dinheiro.
Rohan disse que na ocasião eles falaram: “hoje não, hoje é domingo”. Mas Bob Marley viu o que se passava, disse que precisava ajudar os outros e permitiu a entrada das pessoas.
“Utilizamos o dinheiro para ajudar as pessoas, o dinheiro é uma ponte rumo a um objetivo, continuamos com o trabalho do meu pai”, explicou Rohan numa comovente entrevista coletiva.
Para o diretor do documentário, o músico foi uma das personalidades culturais mais importantes do século XX. “Ninguém teve o impacto que ele teve em nível internacional. Foi uma personalidade de relevância política e filosófica”, afirmou Macdonald.
Para rodar o documentário, o cineasta teve acesso, graças à família de Marley, a vários documentos e pessoas próximas do cantor.
O realizador, ganhador de um Oscar de Melhor Documentário por “One Day in September”, sobre o sequestro de atletas israelenses nos Jogos Olímpicos de Munique de 1972, apresenta em “Marley” um material de arquivo em muitos casos desconhecido para o público.
O documentário também tem trechos de shows e entrevistas e inclui entrevistas com músicos, amigos, amantes e parentes de Bob Marley, entre eles seus doze filhos e sua esposa, Rita.
“Crescemos com muitas mães na vida. Nunca tivemos conflitos entre nós, crescemos juntos” comentou Rohan Marley a respeito da vida sentimental de seu pai.
O objetivo de Macdonald era que a apresentação do filme coincidisse com o 50º aniversário da independência da Jamaica, que será comemorado este ano. O diretor lembrou também que a banda The Wailers, da qual Bob Marley fazia parte, foi criada há 50 anos.
“Queria que o filme fosse o mais íntimo possível. Espero ter levado as pessoas não a lenda, mas o que foi Marley como pessoa. Espero que o público possa escutar sua música de outra maneira quando acabar de ver o filme”, finalizou.
uol