A versão 2013 da plataforma “BR-135 – Energia Musical” foi aberta com ação social, acesso liberado ao público e o show em homenagem aos 35 anos do disco antológico Bandeira de Aço, trabalho gravado por Papete, em 1978, pela Discos Marcus Pereira. Uma retomada tipo gol de placa, ao reverenciar um disco, que não é qualquer um disco. E tudo começa com a exibição do documentário.
O filme fez um passeio pela linha do tempo dos compositores Sérgio Habibe, Josias Sobrinho, Ronaldo Mota, César Teixeira e suas músicas, da cena musical ludovicense produzida no fim dos anos 1970 e da importância dela no cenário maranhense da época, em que o Laborarte, o bairro da Madre Deus, a catuaba do Diquinho, as viagens para Alcântara, os bares existentes na periferia e Centro Histórico de São Luís, serviram de apoio para que surgisse um movimento de artes integradas à base de autenticidade, frescor, poesia, lirismo, boêmia, uma curtição sem vaidade, cujo o tempo jamais vai apagar.
Legado
O mais interessante no documentário apresentado com roteiro e direção de Celso Borges, coedição de Beto Pio, Alex Soares e Amanda Simões, assinando a produção do vídeo-cenário, participações de Maristela Sena e Andréa Oliveira, foi o de desmistificar o imbróglio que envolveu a produção do “Bandeira de Aço”, com o depoimento dos cinco protagonistas dessa novela.
O desfecho foi que todo mundo saiu convencido de que o maior beneficiado nessa polêmica, envolvendo direitos autorais, foi o disco, lançado em 1978, em formato de Long- Play (LP). Um trabalho concebido em pleno regime da ditadura militar no Brasil, feito por uma’rapaziada’ que tinha a certeza que estava construindo uma musicalidade consistente, capaz de emocionar ao produtor Marcus Pereira, ao ouvir cada faixa em fita-cassete apresentada a ele por Papete. E no fim da audição, ele conceituar aquela sonoridade, produzida lá pelos anos 70, como algo que ‘representava a alma do povo brasileiro’. Daí, nasceu o “Bandeira de Aço”, um legado que está presente na vida de quem faz música agora.
O Show
Depois de todo o relato, veio o show. A palavra de ordem, então, era vamos ‘Guarnicê’. As nove canções que integram o Long-Play (LP), foram cantadas e o público interagiu naturalmente. Com a direção musical de Alê Muniz, as músicas ganharam nova textura interpretadas por artistas da nova cena da musical local, entre eles, Bruno Batista, numa levada drum´bass, em “De Cajari Pra Capital” (Josias Sobrinho), Madian” em “Boi de Catirina” (Ronaldo Mota), Dicy”, em “Catirina” (Josias Sobrinho), Afrôs, numa atmosfera de afoxé interpretou “Dente de Ouro” (Josias Sobrinho), e Flávia Bittencourt, que cantou divinamente bem “Flor do Mal”, de César Teixeira, acompanhados pela banda formada por: João Simas (guitarra), João Paulo (baixo), Ruy Mário (teclados e acordeon), do percussionista Erivaldo Gomes e e Isaías Alves (bateria), tendo como mestre de cerimônia, o ator César Boaes.
A celebração contou ainda, com os compositores César Teixeira, em “Boi da Lua” (de autoria do próprio), Josias Sobrinho em “Engenho de Flores” (de autoria do próprio) e Sérgio Habibe, em “Eulália” (de autoria do próprio). E para encerrar, a dupla Criolina (Alê Muniz e Luciana Simões) conclamou a todos para formação de um grande batalhão e cantasse a faixa título disco “Bandeira de Aço” (César Teixeira), com direito a matraca, pandeirões e a participação do pai da criança: Papete. Com o Teatro de Apolônia Pinto completamente lotado, o show virou um baile tendo como ‘setlist’ as faixas de um disco perfeito, atemporal, em que cada pessoa que o ouve tem a sua música predileta. Afinal, o “Bandeira de Aço” é uma unanimidade !