Núbia Rafaele Rodrigues Santos, conhecida no meio artístico como “Núbia Rodrigues”, natural de São Luís e com apenas 21 anos, já mostra que veio a serviço e quer fazer o diferencial na cena da música local com uma música própria e cheia de personalidade. Núbia Rodrigues será a próxima atração do Rádio Pocket Show.
Idealizado pelo jornalista Pedro Sobrinho, com a produção da Satchmo Produções [leia-se Fafá Lago e Celijon Ramos], o projeto vai ocorrer em setembro.
Em bate-papo informal com o Blog, Núbia Rodrigues fala de suas influências, de como as pessoas perceberam a sua musicalidade e da conquista de uma legião de admiradores. Enfim, Núbia é uma artista cuja a vocação vem ‘desde a barriga da mamãe’ e que, aos poucos, vai conquistando o seu lugar ao sol. Como ela declara: “tenho fome e sede de cantar”.
PEDRO SOBRINHO: O que Núbia Rodrigues traz para a sua vida músical?
NÚBIA RODRIGUES: A forte influência da raiz afro, agregando o ritmo jamaicano atrelado a ritmos urbanos que servem de embasamento para a construção das frequências sonoras que trazem a minha intenção, marcas de protesto e empoderamento, com características de militância feminina e negra.
PEDRO SOBRINHO: Você já mostra, então, que veio na música a serviço ?
NÚBIA RODRIGUES: Sim ! agora com a música começo a me envolver mais nos movimentos sociais de luta, resistência. Faz parte do meu cotidiano. Não me permito fechar os olhos para isso. Tem sido uma experiência única, que me traz um aprendizado constante, diante das relações, pessoas envolvidas e situações. Espero me engajar mais com o passar do tempo.
PEDRO SOBRINHO: Você acha que o artista não deve apenas cantar, compor, mas também ser um agente transformador mesmo percebendo um comportamento mais individualista da sociedade ?
NÚBIA RODRIGUES: Sim ! O artista está intrisicamente ligado ao processo de criar e apresentar seus manifestos para a sociedade, se for em prol de um bem comum. Ser um agente de transformação é algo super válido, ao passo que as pessoas começam a se reconhecer nesse processo e representam o mesmo ideal.
PEDRO SOBRINHO: Agora, você fala da sua relação com a música de raiz. E o reggae parece ser uma prioridade em seu trabalho. Como é essa sua relação com o ritmo jamaicano ?
NÚBIA RODRIGUES: Intimista, a sensação da proximidade e conectividade com esse ritmo advém de longas datas e histórias. Desde a minha infância ouço o reggae, influenciada por meu pai. Concateno os ideias trazidas por essa vertente, tentando assimilar e direcioná-las para o cotidiano. Permito sentir as emoções que o reggae me proporciona.
PEDRO SOBRINHO: Qual o balanço que você faz dessa sua curta trajetória musical ?
NÚBIA RODRIGUES: É marcada principamente pela introdução da banda no cenário autoral e alternativo maranhense de forma natural e vertiginosa, por meio de apresentações em eventos sociais, movimentos de contracultura e casas de show, além da conexão com os grupos artísticos.
PEDRO SOBRINHO: Como as pessoas perceberam a sua música em São Luís ?
NÚBIA RODRIGUES: Por meio de apresentações para amigos e posteriormente em bares e eventos. Foi um processo lento e gradual e transformador.
PEDRO SOBRINHO: Como é que o público tem encarado a forma de cantar as composições autorais ou releituras feitas por Núbia Rodrigues ?
NÚBIA RODRIGUES: O público é extremamente receptivo. Durante as apresentações há uma grande interação com o mesmo, fator que permite a conexão com as ideias cantadas e representadas. Sinto que há uma transferência de energia positiva mútua, consagrando a vivência e a união das pessoas envolvidas no momento.
PEDRO SOBRINHO: Você vive literalmente da música ?
NÚBIA RODRIGUES: Sim.
PEDRO SOBRINHO: A vocação pela música vem desde a barriga da mamãe ?
NÚBIA RODRIGUES: Creio que desde a barriga da mamãe (risos). Os caminhos foram abertos e aos poucos vou conquistando o meu espaço. Enfim, não tenho músicos na minha família.
PEDRO SOBRINHO: Você não acha que o seu timbre vocal está disponível para incursionar com outras vertentes musicais ?
NÚBIA RODRIGUES: Esse assunto tem se tornado corriqueiro nos últimos dias. Algumas pessoas falam a respeito. Acredito que a minha voz ainda tem adequações a fazer. Uma delas seria essa transposição para outras vertentes. A partir de outros projetos, não vejo nenhum problema em adentrar outros ritmos, desde que haja uma ambientação com o estilo musical e o sentimento de verdade se faça presente.
PEDRO SOBRINHO: Como é se manter firme na autoria das músicas tendo em vista ser uma jovem artista e ter que lidar com um público que gosta de ouvir o que já é conhecido e consagrado ?
NÚBIA RODRIGUES: O sentimento de liberdade é espontaneamente aguçado nesse caso. O importante é fazer as pessoas memorizarem a mensagem por meio de ações e inovações. Portanto continuo compondo e apresentando as canções para o público. Na minha opinião o palco deve ser um espaço aberto, dinâmico e universal, proporcionando a emancipação do ser, suas essências e manifestos.
PEDRO SOBRINHO: Você acha que vai conseguir se tornar uma cantora bem-sucedida, onde as pessoas vão comprar seus discos, escutar sua música, entender a sua proposta musical em qualquer canto do mundo ?
NÚBIA RODRIGUES: Tenho fome e sede. Eu anseio por isso. Mas quero continuar com os pés no chão , vivenciar um dia após o outro, prosseguir com o trabalho, a resistência e força pra essa jornada. A felicidade já está sendo ofertada, diariamente. A música chama, então tentarei atender.
PEDRO SOBRINHO: Você é uma cantora que gosta de escutar música ? E como isso ajuda na sua maneira de produzir ?
NÚBIA RODRIGUES: Sim ! Ouço diariamente. A música movimenta, pulsa e faz a minha alma vibrar alegremente. É um despertar, me permite expressar funções e emoções. Acho essencial esse processo de ouvir outras intenções e interpretações sonoras. Assim referencio e assimilo as ideias.
PEDRO SOBRINHO: Quem são suas fontes de inspiração no Maranhão e fora do Estado ?
NÚBIA RODRIGUES: As influências são inúmeras. No Maranhão, cito Célia Sampaio, Gerson da Conceição, Tribo de Jah e algumas manifestações culturais como os grupos de Boi de Zabumba e Matraca, tambor de crioula, entre outros. Na esfera nacional referencio João do Vale, que mesmo maranhense é universal. Tem, ainda, Céu, Sabotage, etc. No âmbito internacional, Bob Marley, The Gladiators, Burning Spear, The Congos, Gregory Isaacs, Etta James e Amy Winehouse.
PEDRO SOBRINHO: Você é uma artista disciplinada, detalhista no que vai fazer com a música ao subir no palco?
NÚBIA RODRIGUES: Não sou uma pessoa muito detalhista. Ainda estou na busca da disciplina (risos). Procuro obter um embasamento na música e sua história para apresentá-la. Mas, para mim o momento no palco é sempre uma surpresa e de tamanha excitação.
PEDRO SOBRINHO: Você acha que a beleza é fundamental também pra quem faz música ?
NÚBIA RODRIGUES: Acho que a beleza é fundamental para qualquer criatura, desde que seja verdadeira. E o segredo está na beleza interior.
PEDRO SOBRINHO: O que você espera da música ?
NÚBIA RODRIGUES: Um despertar pro bem e pra vida, com muitos aperitivos que expressem sentimentos bons.