O Rock In Rio buscou uma fórmula para agregar tribos. E não é que deu certo. O festival é todo mundo junto e misturado. E um dos palcos interessantes do festival é o Palco Sunset pela proposta de misturar sons e gerações.
A boa sacada da edição 2017, será o encontro entre a banda pernambucana Nação Zumbi e Ney Matogrosso cantando apenas Secos e Molhados.
O segredo entre a Nação e Ney Matogrosso está na psicodelia sonora.
A primeira experiência já foi feita. Em uma sessão de estúdio em que eles gravaram uma versão de “Amor”, faixa do primeiro álbum do Secos e Molhados, de 1973. Com o instrumental do Nação Zumbi e o encontro da voz aguda de Ney e a grave de Jorge Du Peixe, a faixa terá lançamento promocional antes do festival.
Agora, resta esperar para ver como será o encontro da Nação Zumbi e Ney Matogrosso no palco inusitado e mais democrático musicalmente do Rock In Rio.
Parece que foi ontem. Hoje, 2 de fevereiro, faz 20 anos a morte de Chico Science. Para ele, “modernizar o passado é uma evolução musical”. Se estivesse vivo o que estaria aprontando com a Nação Zumbi. Enfim, morreu aos 31 anos, vítima de acidente de carro, num dia de domingo, entre Olinda e Recife.
Como mentor da Nação Zumbi, a banda pilar do movimento Mangue Beat, Chico Science recolocou Pernambuco no mapa musical do Brasil a partir de 1994. Profundo conhecedor das raízes pernambucanas, mas antenado com o que toca o mundo, o visionário Chico fez a aliança entre a musicalidade pernambucana com o universo. O legado deixado por ele frutificou.
Com Chico Science, a Nação gravou dois álbuns antológicos: “Da Lama ao Caos” (1994) e “Afrociberdelia” (1996). Os dois trabalhos foram essenciais para a projeção do movimento Mangue Beat Brasil afora. Mesmo sem Science, a Nação segue a sua trajetória sob o comando de Jorge Du Peixe, Pupillo, Lúcio Maia e companhia, como uma banda mais cultuada do que propriamente ouvida.
A banda pernambucana, Nação Zumbi, está confirmada como a primeira atração do Festival BR-135, organizada pelo Coletivo Criolina [leia-se Alê Muniz e Luciana Simões].
O show dos pernambucanos vai rolar no dia 24 de novembro, de graça na Praça Nauro Machado, na Praa Grande, Centro Histórico de São Luís.
O show do Nação Zumbi em 15 de agosto, no Clube Português, lançando o último disco e celebrando os 20 anos do álbum da Afrocibederlia, pode ter sido o último com o percussionista Gilmar “Bola Oito” Correa, um dos fundadores do grupo. Os fãs da Nação Zumbi estranharam a sua ausência no Rock In Rio 2015, na participação que o grupo fez no show de Lenine, no palco Sunset. Ele costumava receber as passagens com dois dias de antecipação. “Na hora de dormir, a viagem seria na manhã seguinte, liguei para empresária, que me falou: Você não tá sabendo não? Houve uma reunião e lhe tiraram da banda. Ficou de alguém lhe falar, mas ninguém quis, eu estou lhe falando agora”.
A confirmação de uma saída anunciada. No início de agosto passado, Gilmar revelou, em entrevista a Marcelo Pereira, editor do Caderno C, que era o último a saber o que acontecia na banda e não estava sendo convidado para shows e gravações do grupo. O desabafo foi feito às vésperas de viajar para Nova Iorque, para a apresentação no festival Summer Stage, Nova York, onde, com Chico Science, a Nação Zumbi fez sua estreia internacional, 20 anos atrás. A repercussão entre os fãs foi grande e, como era de se esperar, explodiu forte dentro das hostes do Nação Zumbi:
“Ana Almeida, a empresária da banda, pagou dez minutos de esporros em mim. Eu falei que ali estava acontecendo uma inversão de valores: Você trabalhava pra mim, sou um dos donos da banda. Ela disse que eu lavei roupa suja em público, porque fui falar que a banda estava rachada. Disse que no grupo as coisas aconteciam sem eu saber, ninguém me procurava pra dizer nada, que parecia uma estratégia. E ela aos gritos comigo em uma calçada em Nova Iorque, não dava para acreditar. Uma das primeiras coisas que fez, logo depois, foi me tirar do WhatsApp da banda”, conta o percussionista.
Roupa Suja
Ela disse que eu lavei roupa suja em público, porque fui falar que a banda estava rachada.
Gilmar sempre se considerou um dos sócios da banda. No começo dos anos 1990, conheceu Chico Science, seu colega de trabalho, na Emprel, empresa de processamento de dados municipal. Contou ao colega que tocava com um grupo de samba reggae, o Lamento Negro, de Peixinhos, em Olinda: “Chico perguntou o que era samba reggae, expliquei: o dumdudum era o baixo, e aquelas batidas, thcatchatcha, era a guitarra. Ele disse que queria ver”, lembra o percussionista. Chico Science foi ao ensaio do Lamento Negro, no Daruê Malungo, uma ONG, dirigida por Mestre Lua, em Chão de Estrelas: “Quando viu, ele pirou. É isso que eu quero fazer, me disse”, continua Gilmar. Passaram a fazer shows juntos, o Lamento Negro fundiuse com a Loustal (formada por Chico Science, Lúcio Maia e Dengue) e daí surgiu o Nação Zumbi, banda que em lugar de bateria empregava inusitadas alfaias, tambores de maracatu.
Dois Pesos e Duas Medidas
No entanto, pelo que revela Gilmar, não chegou a ser uma fusão, mas coexistência, com dois pesos e duas medidas: “Os quatro (Jorge du Peixe, Lúcio Maia, Pupillo e Dengue) ganham 20 por cento e eu ganho 10 dez por cento. O tratamento comigo é outro. Tenho que dividir o quarto com fulaninho ou sicraninho, enquanto eles, cada um tem um quarto”, queixa-se. Ele decidiu procurar o JC e tornar pública sua situação na Nação Zumbi, e contratou um advogado para resolver a separação nada.
Justificativa ?
Os músicos da Nação Zumbi, foram procurados pelo Caderno C, mas nenhum se pronunciou sobre a exclusão de um dos seus fundadores. “É um assunto ainda não resolvido e muito particular para se dar entrevista”, desculpou-se Ana Almeida, empresária da banda, contactada pelo Facebook.