Jazz & Blues: fim de festa com casa cheia
A oitava edição do Lençóis Jazz Festival encerrou na noite desse sábado (13/8), na Praça Maria Aragão, no Centro Histórico de São Luís.
Foram dois dias de casa cheia e teve início na sexta-feira (12/8), com as apresentações de: Ademir Júnior e quarteto (formado ainda por Marcelo Corrêa no piano, Daniel Castro no baixo e Pedro Almeida na bateria) e o convidado especial, o saxofonista francês Baptiste Herbin; a dupla Filó e Felipe Machado (acompanhados do pianista Fábio Leandro; e o quarteto Boca Livre, que protagonizou um dos momentos mais emocionantes do festival, ao dividir a faixa “Diana” com Filó e Felipe no palco.
Encerrando o festival, no sábado (13/8), a norte-americana Whitney Shay e o paulista Igor Prado & Band, fizeram uma viagem pela música dos anos 1960 e 1970, com repertório cheio de jazz, rock e, é claro, muito blues.
Whitney Shay, que canta desde os três anos, mostrou aos maranhenses toda a sua larga experiência dos palcos estadunidenses. Em São Luís, a artista conquistou o público pelo carisma, versatilidade e, também, pelo alcance vocal impressionante, que rendeu grandes momentos ao lado do brasileiro Igor Prado, como em “Big Fat Mama”, “I Believe”, “Little Bird” e “Shake It Baby”.
Democratização
Pela segunda vez em território brasileiro, Whitney Shay foi só elogios ao Maranhão e, principalmente, ao festival. “O importante para um evento é levar música para todo mundo e saber integrar a sua comunidade. E este festival faz isto muitíssimo bem, oportunizando um festival de graça para todos”, comentou a cantora dos EUA.
Igor Prado, responsável pela vinda da estadunidense para o Nordeste, reforçou o crescimento do evento e a necessidade de mais atividades culturais como esta. “Cada vez que eu volto, eu vejo algo mais profissional. Eu fico muito feliz em ver o festival e a cidade crescerem coletivamente”, analisou.
Homenagem
Apresentaram-se também nesse sábado, Gilson Peranzetta e Trio. Considerado um dos nomes brasileiros de maior reconhecimento no país e no exterior, Peranzetta, acompanhado de Rômulo Gomes no baixo e João Cortez na bateria, provou para o público de São Luís porque é considerado um artista completo – ele é pianista, compositor, produtor, maestro e arranjador.
No palco do festival, o músico referenciou ícones da música brasileira, como Luiz Gonzaga em “Asa Branca”, João Bosco e Aldir Blanc em “Bala com Bala” e Edu Lobo com a primorosa “Casa Forte”. O show, contudo, não deixou de fora o repertório autoral do artista, com versões empolgantes de “Nós, as crianças”, “Paisagem Brasileira” e “Um Chorinho Pro Zé Américo”, uma composição em homenagem ao premiado músico maranhense e amigo de Peranzetta, Zé Américo.
Pela segunda vez na história do festival – ele se apresentou em 2011, no Circuito Barreirinhas –, Peranzetta comemorou mais uma edição de sucesso do evento. “Estou impressionado com a história do festival. As pessoas estão tomando gosto pela música apresentada aqui”, disse.
Abertura
A noite foi iniciada com a apresentação de Ronald Santos, que assim como Peranzetta, aproveitou o show do festival para mostrar as suas facetas musicais ao público da capital maranhense. Músico, guitarrista, produtor e arranjador musical, Ronald, acompanhado de quarteto, deu o tom do que seria a apresentação logo no começo da noite, quando afirmou no palco: “O objetivo é tocar música com simplicidade”.
E assim foi a apresentação, que trouxe algumas das faixas preferidas pelo músico, como “Hard To Go”, “Lembrança” e “Cancione” – esta última da cantora italiana Laura Pausini. O repertório teve, ainda, versões autorais e instrumentais que contagiaram a plateia, como “A Luz” e “Trilhas e Trilhos”.
Sucesso
O sucesso da 8ª edição do Lençóis Jazz & Blues Festival e o recorde de público foi comemorado pelo produtor do festival, Tutuca Viana. “O festival surpreendeu as nossas expectativas. Foi uma maratona maravilhosa. E deixamos um impacto muito grande nas duas cidades. Estamos todos muito felizes com mais este sucesso”, afirmou.
Itinerância
Em Barreirinhas, no primeiro dia de atrações, no dia 5 de agosto, a voz poderosa da cantora Camila Boeuri fechou a noite, com uma viagem pelo universo musical. Antes, o festival recebeu a voz doce de Liz Rosa, que fez referências à Elis Regina e cantou clássicos de Djavan, Gilberto Gil, entre outros – com direito à uma participação especial de Tássia Campos. Abrindo o evento, o talentoso músico Carlos Malta contagiou o público, o que rendeu uma homenagem a Barreirinhas, com uma faixa composta no palco, e inspirada pelo sopro dos ventos no Rio Preguiças, chamada “Lençóis”.
No sábado (6/8), o show em formato voz e violão do cantor e compositor carioca Paulinho Moska, conquistou as cerca de sete mil pessoas presentes na plateia, com canções autorais como “A seta e o alvo”, “Pensando em você”, entre outras. No mesmo dia, também se apresentaram o mineiro Rodrigo Nézio, com um repertório cheio de faixas rock n’ roll, e o brasiliense Sérgio Galvão, que levou o poder do saxofone para a cidade balneária.
A cidade de Barreirinhas se despediu do festival no domingo (07/08), com os shows: do guitarrista piauiense André de Sousa, que apostou no blues de raiz; o duo Nicolas Krassik e o grande Mestrinho, que mostraram a sintonia perfeita entre o poder da sanfona e a efervescência musical transmitida pelo violino “popular” do músico francês; e, ainda, a emocionante apresentação do cantor e compositor maranhense Marconi Rezende, com um setlist especial em homenagem a Chico Buarque.
Programação Paralela
Além dos shows, Barreirinhas recebeu, também, a programação paralela do festival, composta por oficinas e palestra. Na sexta-feira (5/8), foi realizada a oficina de canto ministrada por Liz Rosa, no salão paroquial da Igreja Nossa Senhora da Conceição (Igreja Matriz). No dia seguinte, no mesmo local, Sérgio Galvão conduziu a Oficina de Saxofone.
No período da tarde, dividida em dois dias, ocorreu a Oficina de Fotografia de Celular, comandada pela dupla Márcio Melo e Marco Aurélio Nogueira da Silva, do Clube de Fotografia Poesia do Olhar, também no salão paroquial da Igreja Matriz. Já no piso térreo, ocorreu a palestra Políticas Públicas do Ministério da Cultura, ministrada por Yuri Sampaio Cartellato Logrado, representante regional do Nordeste do Ministério da Cultura do Maranhão (MinC-MA).
Em São Luís, a programação paralela se repetiu, e recebeu, na quinta-feira (11), a Oficina de Violão, ministrada por Filó Machado e Felipe Machado (SP), no Auditório da Escola de Música do Estado do Maranhão – Lilah Lisboa, localizada na Rua da Estrela, 363 – Praia Grande, no Centro Histórico. No mesmo local, na sexta-feira (12), foi realizada a Oficina de Música e Canto, apresentada pelo grupo vocal Boca Livre.
De acordo com a organização, cerca de 300 pessoas participaram da programação paralela, entre oficinas e palestra.
Outra novidade da programação do festival em 2016 foi a exposição fotográfica gratuita “Música no Olhar”, que foi realizada durante todos os dias do evento em Barreirinhas, na Praça do Trabalhador.
Barreirinhas recebeu, também, três jams sessions que animaram as madrugadas no restaurante Terraço Gourmet – com a reunião de grandes artistas locais e nacionais, sempre após as apresentações principais.
Irreverência
Em São Luís, e pela terceira vez no festival, o cartunista Nuna Neto – que eternizou imagens do público na Praça Maria Aragão em divertidas charges.
Nuna comentou sobre a proposta de integração do festival da música com as demais artes. “O público gosta. As pessoas fizeram várias filas. Ver todos interessados pelas charges não tem preço”, comemorou.