Noite de Festa e Empoderamento na Nauro Machado

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O segundo dia do Festival BR-135 tem um sabor especial. Além do tambor de crioula do Mestre Felipe, representando muito bem o folclore maranhense, e abrindo os trabalhos por volta das 19h, temos na sequência quatro mulheres, sendo três maranhenses, e uma paulistana Lei Di Dai, no palco da praça Nauro Machado, na Praia Grande, para celebrar a música, numa noite de engajamento feminino.

Nathália Ferro, Tássia Campos e Núbia Rodrigues. Foto: Divulgação
Nathália Ferro, Tássia Campos e Núbia Rodrigues. Foto: Divulgação

Dentre tantas demonstrações de empoderamento da mulher que presenciamos desde a ebulição do movimento feminista no país e no mundo nos últimos dois anos, certamente as que têm mais visibilidade são as artistas mulheres, especialmente na música.

Ao meu ver as ativistas e não ativistas falam sobre feminismo como parte fundamental de quem elas são e do trabalho que fazem com a música.

Neste show que já está sendo chamado de “Noite das Pikenas”, as quatro mulheres vão subir no palco da Nauro Machado com suas propostas musicais distintas, mas com algo em comum: o engajamento social, político feito com alma e a sensibilidade feminina.

Inquietação Feminina

Morando em São Paulo, Nathalia Ferro retorna a ilha e chega chegando, cheia de gás, para ocupar e abrir a série de shows da segunda noite do evento.

– Uma coisa linda e oportuna. A gente tá passando por uma onda perigosa de ódio e retrocessos. Então nada melhor do que empoderar e dar voz a quem está na linha de frente desse combate. Fora isso, nesta sexta-feira, dia 25/11, é Dia Internacional de Combate à Violencia Contra a Mulher. O que torna esse palco e essa ideia ainda mais importante e contundente. Vai ser muito bom reverberar a nossa luta num dia tão oportuno, num evento de tanta força como esse – ressalta.

Nathalia aproveita para falar da importância do Festival BR-135 a partir da cena musical local.

– O BR-135 é fundamental nesse processo de redescoberta e fomento da cena maranhense. É incrível observar como em cinco anos ele cresceu e tomou essa proporção e importância. Mas nunca perdeu o foco de sua proposta inicial, que era fazer com que o público entrasse em contato com a música produzida no Maranhão. E que os agentes dessa cena pudessem elevá-la a outro patamar dentro do cenário nacional, através das trocas profissionais, palestras e rodas de conversas que rolam no festival. E o mais lindo é ver isso acontecer de maneira gratuita e extremamente organizada. E ainda tem a questão da valorização do Centro Histórico, da ocupação dessas praças com arte.. Eu acho genial – elogia.

Selvagem/Transcendental é o nome do show que Nathalia vai apresentar ao público.

– O meu show no BR-135 vai se chamar Selvagem/Transcendental. Ele é o resultado de um processo de desenvolvimento interno e observação externa. Fala da força selvagem que existe em nós, e do quanto ela é importante pra fazer a gente transcender as estruturas que atrapalham o nosso desenvolvimento. Tem muito foco no feminino esse show. E não poderia ser diferente, porque esse é talvez o espírito mais insinuante dos nossos tempos, muito responsável pelas revoluções que a gente está vendo acontecer nos seres – admite.

No show ela vai contar com as bases eletronicas feitas pelas PE.ACE, que estarão no palco, juntamente com (Rafael Paz, Ruan Paz e Jacksciene Guedes). Nathalia terá a alegria de novamente poder reunir a banda que fez o primeiro álbum dela, “Instante”. São eles: André Grolli, João Simas e Marlon Silva.

Alma Feminina

Tássia Campos sobe ao palco às 21h. Para a artista, participar do Festival BR-135 foi uma surpresa.

– Como profissional de música é deveras importante ocupar espaços nunca antes ocupado – complementa.

Indagada sobre o que acha do festival, Tássia afirmou que não acompanhou as edições passadas, mas elogia a iniciativa.

– Apenas participei da Mostra Cultura Ativa, no Ceprama, há anos. O Festival BR 135 ainda era uma semente. É bom ver iniciativas que visam dar visibilidade para artistas independentes criando corpo.

No que diz respeito ao show, Tássia revela que preparou um diálogo para o festival.

– Canto coisas que meu coração grita no momento. É a liquidez do tempo, a solidão, o amor, a falta dele, as relações com os homens e quem eu sou no tempo-espaço. Como me vejo. É o show de uma mulher que transborda – define.

A artista será acompanhada por João Simas (guitarra), João Paulo (baixo), Rui Mário (teclado) e Thiago Guerra (bateria).

Figura Feminina

E que vem logo em seguida, ou seja, às 22h, é a jovem cantora Núbia, de apenas 21 anos (que vai estar no Plugado, na Mirante FM, no domingo dia 27/11). Ela apresenta o show “Núbia” em que todas as músicas de autoria dela vão compor o ‘setlist’, acompanhada pela banda que levam o nome da artista “Núbia” e formada por: Carlos Silva (bateria), Rodrigo Nascimento (baixo), Jordão Otsuka (teclado), Felipe Lisboa (guitarra), Erivan Neri (flauta transversal) e Nathalia Rodrigues (backing vocal).

– Vou fazer um show literalmente autoral. Será um show especial em todos os sentidos. Queremos convocar a plateia para uma celebração cheia de sentimento, generosidade, engajamento, dança, libertação espiritual. Enfim, a força das mulheres. Noite das “pequenas”, quatro mulheres com estilos diferentes, mas concentradas com o mesmo propósito. Será um encontro de respeito a figura feminina – assegura.

Pelo fato de ter uma carreira ainda precoce, Núbia diz com humildade que participar pela primeira vez do Festival BR-135 é um marco em sua história com a música.

– São cinco anos e o festival já é uma referência e resistência cultural na ilha. Além do processo de cultura representativa no palco têm as manifestações das ideais disseminada de forma positiva. O festival dá uma visibilidade legal, formação de plateia, convivência com músicos locais e de outros lugares. É uma vitrine. Uma grande oportunidade para todos nós artistas e vem ganhando força nacional – finaliza.

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