Encanto: conceitual, marcado pela fé e devoção
A eterna busca da originalidade é fonte de extrema angústia para músicos em todas as áreas, e algo que críticos e jornalistas cobram com veemência em um momento onde a música se tornou supérflua e perde valor cultural constantemente. Como buscar algo diferente em um segmento como a Música Popular Brasileira, onde aparentemente se tem a sensação de que se chegou a um teto, ou a um momento de saturação ? Como estimular a criatividade na busca pelo inédito e pelo novo ? Enfim, eu acredito que, ainda, tem gente na música que não perdeu o fôlego e procura surpreender o ouvinte – seja para o bem ou para o mal ?
No meio à turbulência sem precedentes, eis como sugestão para audição a cantora maranhense Rita Benneditto, que acaba de lançar o seu sexto álbum solo, intitulado “Encanto”, o primeiro com a sua nova identidade musical, [anteriormente conhecida como “Rita Ribeiro”]. No disco, produzido por Felipe Pinaud e Lancaster Lopes, a artista Rita Benneditto expande o conceito de fé e religiosidade musical, sem se afastar da linhagem bem sucedida do projeto Tecnomacumba, cujo o show estreou em 2003, virou disco de estúdio em 2006 e ganhou registro ao Vivo em CD e DVD lançados em 2009, além de ter ficado quase onze anos em cartaz pelo País.
E já que o papo é o novo trabalho, foram dois dias de audição das treze faixas que compõem “Encanto”, produzido por Felipe Pinaud e Lancaster Lopes, com ensaio fotográfico do maranhense Márcio Vasconcelos pelos Lençóis Maranhenses, viabilizado pela Manaxica Produções, além de distribuído no mercado fonográfico pela gravadora Biscoito Fino.
É um disco conceitual e de devoção da cantora, em que predomina a musicalidade afro-brasileira, mas com um apelo ao universal. Um trabalho formatado por músicas inéditas como “Guerreiro do Mar”, de Márcio Local e Felipe Pinaud, “De Mina”, do compositor maranhense Josias Sobrinho, (com a participação de Roberto Frejat, do Barão Vermelho), aliadas a releituras de canções conhecidas de compositores como Djavan, em “Água”, Gilberto Gil, o reggae “Extra”, (participação da banda Reggae B, de Bi Ribeiro, dos Paralamas do Sucesso, e Priest Tiger), Jorge Benjor, em “Santa Clara Clareou” e Roberto Carlos, em “Fé”.
O bom em Rita é saber que ela é dona de uma voz extremamente afinada, coerente na forma como ela trabalha a carreira, opta por aquilo que acredita e lhe faz bem. Enfim, essa frase é a que melhor traduz a trajetória de uma artista: “a música é a religião de Rita Benneditto. É para a música que Rita Benneditto faz a cabeça!”