O povo de São Luís teve o privilégio de assistir a um grande show internacional da cantora do Benim, Angelique Kidjo, numa noite batizada pelos organizadores de ‘Brega Music’ e do canto erudito. Enfim, nada contra qualquer corrente musical. Porém, sou defensor árduo, de que essa tal diversidade bastante declamada nos quatro cantos da cúpula que faz, produz e promove cultura na ilha, tem que ser feita com coerência.
Essa conversa de que a mistura é importante para se democratizar a arte não é funcional. Pelo menos, essa impressão tive desde que anunciaram a vinda à São Luís de Angelique Kidjo para participar da festa do aniversário de 397 anos de São Luís e do Ano da França no Brasil. O povo não é obrigado a conhecer artista A ou B, mas cabe a quem produz e faz cultura a informação global. A percepção é de que não foi dada a Angelique Kidjo o devido respeito a grandiosidade, ao talento e ao que ela representa no cenário da música mundial, não apenas como a artista, mas de uma pessoa engajada às causas sociais.
Angelique não perdeu o rebolado. Mesmo percebendo que o cenário não estava perfeito para uma estrela, que brilha internacionalmente, a artista interagiu com o povo, apesar da maioria das pessoas presentes na festa não conhecer o trabalho discográfico dela, e a resposta da platéia foi a altura. Ela dançou palco, convidou o público para brincar. No final, todos bateram palmas e pediram bis.
Também pudera, Angelique estava na capital brasileira fundada pelos franceses e na terceira cidade brasileira com o maior contigente de negros do País. Portanto, a ligação histórica com o continente africano e o repertório de Kidjo à base de Zouk, Afrobeat, Reggae, Soca, foram inevitáveis para um “feedback” mais que perfeito.
Não estamos aqui para denegrir, afinal a festa foi bonita, democrática, aberta a vários estilos musicais e ao artista local. Agora, fica o alerta. Deveria ter sido mais majestosa a celebração protagonizada por Angelique Kidjo, se pudéssemos ter mostrado a cara nacionalmente em flash ao vivo, no Jornal da Globo, da Rede Globo, o que também foi lamentado pelo repórter Sidney Pereira, responsável em fazer a cobertura da festa. Com certeza, estaríamos apresentando uma São Luís com um olhar mundano, miscigenado, sem perder a essência da maranhensidade. Enfim, uma pisada de bola, que deve uma explicação se foi falta de informação ou xenofobia ?
Fotos: Jornalista Sidney Pereira – TV Mirante