Regionalismo na aldeia global
Quando foram divulgados, em maio, os artistas indicados aos troféus da 23ª edição do Prêmio da Música Brasileira, a grande surpresa foi ver, encabeçando a lista, um nome nada familiar aos ouvidos do eixo Rio-São Paulo.
Mas quem raios é esse Herbert Lucena que, indicado em quatro categorias, [vencedor na categoria regional de “Melhor Cantor” e “Álbum], mas ultrapassou gente como Chico Buarque, Caetano Veloso, Marisa Monte, Gal Costa e Criolo ? Ele é de Caruaru, mas mora em Recife. Ele nunca fez um show no Sudeste. Tem 46 anos e vive só de música. Não tem outra fonte de renda. Além de fazer seus shows, é produtor de discos de artistas da região dele. Lucena é dono do selo Coreto Records e já fez CDs do repentista Zé Vicente da Paraíba, dos cantores Azulão e Walmir Silva e dos grupos Mazuca de Agrestina e Fim de Feira, entre outros. Os dois últimos concorreram ao Prêmio da Música em 2008. Fim de Feira ganhou como melhor grupo regional daquele ano.
Nesta edição, Lucena inscreveu seu segundo álbum, “Não me Peçam Jamais que Eu Dê de Graça Tudo Aquilo que Eu Tenho pra Vender”. E foi classificado nas categorias revelação, projeto gráfico, disco e cantor regional. “Quando me inscrevi, sabia que iam me colocar em categorias regionais. Mas não me considero artista regional. O que faço é frevo, ciranda, maxixe, coco, forró e baião –tudo música popular brasileira”, diz. “Até Alceu Valença, quando lança um disco, entra [em premiações] como artista regional, não como MPB. E ele é conhecido de Norte a Sul do país –e até lá fora.”
O regionalismo é…
Afinal de contas o que significa regionalismo diante da aldeia global no qual estamos vivendo ? É o fato de alguém ser nordestino ou do Norte. Quem pertence ao Sul e Sudeste não é regional ? Será que o conceito regional não segrega e gera intolerância entre os homens ?