Belas Melodias…

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flavia2009.jpgA maranhense Flávia Bittencourt diz que, como boa nordestina, aprendeu a gostar das canções de Dominguinhos desde criança. Já quando adulta e cantora profissional, teve a honra de tê-lo como convidado em seu revelador CD de estreia, Sentido, de 2005. Agora Flávia dedica seu segundo álbum, Todo Domingos (independente), ao compositor pernambucano. Gravou clássicos e raridades dele, teve novamente o sanfoneiro e cantor como convidado (em Diz Amiga, parceria com Guadalupe) e ainda compôs em sua homenagem uma canção bem ao estilo dele, Seu Domingos.

Valorização

O Dominguinhos forrozeiro todo mundo conhece melhor, mas é o grande melodista que a cantora quis valorizar nesse belo e delicado CD. Numa vasta amostragem de cerca de 40 anos de carreira, foi inevitável regravar êxitos como Lamento Sertanejo e Abri a Porta (as duas dele e Gilberto Gil), Quem me Levará Sou Eu (com Manduka), Eu Só Quero Um Xodó e Tenho Sede (ambas da frutífera parceria com Anastácia, predominante no CD. É sempre um risco recriar canções tão conhecidas. Fazer igual ao já feito é dispensável. Flávia conseguiu um equilíbrio, colocando marcas pessoais e diversificadas, mantendo a estrutura e a beleza da forma original das canções.

Releituras

Dominguinhos já disse que o reggae é um xote sem vergonha. Vai daí que, sendo de São Luís, onde o ritmo jamaicano é forte, Flávia atendeu aos pedidos dos conterrâneos levando Abri a Porta (gravada como xote pelos autores e como balada-reggae pelo grupo A Cor do Som) para dançar um reggae suingado. Xodó acabou incorporando algo de flamenco, e também tem a ver com a levada polirrítmica do bumba-meu-boi.

dominguinhos.jpg

O forrozão Sete Meninas (parceria com Toinho) ganhou roupagem funkeada. Contrato de Separação e Quem me Levará… trazem uma certa erudição de Villa-Lobos nas cordas e nos sopros. A festiva São João Bonito é uma prazerosa ciranda. O Babulina, homenagem a Jorge Ben, é um sambalanço de gafieira.

– Primeiro conversei com Dominguinhos porque fiquei preocupada em não reinventar essas canções de forma que ele nem as reconhecesse. Depois, eu e os músicos da banda, como moramos perto, pudemos tocar bastante essas músicas e as ideias de arranjos foram surgindo naturalmente – diz a cantora, que fez questão de incluir o maior número possível de diferentes parcerias de Dominguinhos, como Retrato da Vida, feita em dupla com Djavan.

Há uma delicadeza nas canções mais lentas que afinam com o canto feminino. “As músicas dele são muito melodiosas e bonitas, principalmente as parcerias com Anastácia. Não é à toa que elas são maioria no meu disco.” Arrebol é uma das faixas raras e complexas que ela destaca. “Gosto muito do Dominguinhos forrozeiro, mas quis mostrar também esse outro lado dele, mais rebuscado. Arrebol é fora do comum do que se conhece dele, acho muito parecida com algumas músicas de Arrigo Barnabé.” Flávia, como Dominguinhos, surpreende.

Fonte: Lauro Lisboa Garcia (Jornal O Estado de São Paulo)

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Contramão..

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gilbertogil.jpgO cantor e compositor Gilberto Gil, ex-ministro da Cultura, se declarou contrário a punições à pirataria na internet, exceto no caso de um grande consenso social, em uma entrevista publicada neste domingo pelo jornal espanhol El País.

“Estão em jogo as liberdades em uma sociedade democrática. Estas sanções só poderiam acontecer no caso de um grande consenso social”, declarou o artista, que está em Paris como parte de uma turnê mundial.

Grande figura do movimento tropicalista, Gilberto Gil, 67 anos, foi ministro da Cultura do governo de Luiz Inácio Lula da Silva durante cinco anos e meio, até julho de 2008.

“Os limites às possibilidades que a tecnologia oferece ao público teriam que ser ser estabelecidos depois de um amplo debate democrático”, considera Gil, que com frequência convida os espectadores de suas apresentações a filmar e fazer fotografias.

“No terreno cultural é preciso buscar um equilíbrio entre o interesse comum e a agenda do mundo capitalista”, completou.

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Morbidez (?)

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michael1.jpgAo acessar internet e passeando por blogs de gente que tiro o chapéu, me deparei com comentários do articulista, colunista musical Régis Cardoso. O que me chamou atenção foram as colocações de certa forma coerentes sobre os “investidores da morte precoce’, ou seja, são os grupos de burocratas das gravadoras que vislumbram a possibilidade de ganhar dinheiro com o fim trágico de astros da música, conceituados por ele, como “porraloucas”, que de uma maneira ou de outra acabam com suas próprias vidas de maneira surpreendente,  encerrando o clico antes de atingirem a maturidade ou a de curtir a velhice com dignidade.

Régis afirma que sem a ajuda de fãs desesperadamente idiotas, a tarefa desses agentes da morbidez musical não teria êxito. “São esses admiradores “paraquedistas”, que não tinham o menor contato com a obra do artista enquanto ele estava vivo e que se tornam verdadeiras “viúvas” quando o sujeito bate as botas, é que alimentam esse mercado com seu rico dinheiro, tudo gasto em zilhões de coletâneas, discos tributos, discos póstumos, pôsteres, chaveiros e o que mais puder render um bom trocado”, criticou.

O que leva as pessoas a ter esse verdadeiro fascínio por músicos mortos de maneira precoce e surpreendentes ? Como explicar que gerações e gerações de fãs devotem tristeza pseudocomovente em relação a figuras como Kurt Cobain, Janis Joplin, Jim Morrison, Elvis Presley e agora Michael Jackson ? Simples: quando um artista carismático e famoso morre de modo trágico e ainda na plenitude de sua juventude, a grande maioria das pessoas que apenas “ouviu falar” do falecido se sente “em dívida”, muito menos em relação ao moribundo e muito mais em relação aos fãs genuínos. Afinal, para os “paraquedistas”, não fica bem ficar de fora de rodas de bate-papo a respeito disso. O que teve de gente que comprou discos do Nirvana e do The Doors depois das mortes de seus respectivos líderes não foi brincadeira. Agora, a bola da vez é Michael Jackson.

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                                                                                      Autocrítica

É claro que o mundo inteiro está chocado com a morte de Michael Jackson. Mas é preciso ter um pouco de coragem para escrever o óbvio: todos choram pelo “antigo” popstar, que gravou discos excepcionais, e não pela patética figura em que ele se transformou. Vamos lá, faça uma autocrítica e não esconda sequer uma ponta de morbidez: quantas vezes você não se pegou ridicularizando a figura do cara, suas esquisitices, seu gosto pelo bizarro, seu “nariz de massinha”, sua brancura artificial e o diabo a quatro?

A maioria dos admiradores – e não os fãs patéticos, que agora estão se desmanchando em choros convulsivos, que não foram trabalhar porque estão deprimidos com a morte de seu ídolo – sabe que a importância de Jackson para o show business não pode sequer ser colocada em um patamar conhecido deste planeta. A maneira como ele revolucionou a indústria dos videoclipes, por exemplo, permitindo que diretores levassem suas ousadias a extremos em termos de efeitos especiais que só foram utilizados pelo cinema alguns anos depois é mais do que digna de aplausos. Isso sem contar a qualidade que ele apresentou em alguns de seus discos, como Off the Wall, o melhor de todos – não, Thriller foi o seu trabalho mais famoso, mas não o melhor em termos musicais.

Mas para quem lida com música de uma maneira séria e racional, a pergunta neste exato momento é: por que ele não foi talentoso o suficiente para apagar o fracasso de seus últimos discos, principalmente do horrível e pretensioso Invencible? Por que ele não fez como todo mundo que se presta a construir uma carreira musical sólida em termos de qualidade até os dias de hoje, como fazem Paul McCartney, David Bowie, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Mick Jagger?

A resposta é muito simples: porque faltou a Jackson aquela centelha da genialidade musical que o acompanhou desde os tempos de Jackson 5 até o lançamento de Thriller, a mesma centelha que foi capengando e diminuindo gradativamente até o punhado de canções razoáveis que ele reuniu no irregular Dangerous. A partir de um determinado momento de sua conturbada vida, a música perdeu a importância. Jackson acreditou que seria eternamente adorado independente do que fizesse. E isso é uma sentença de morte – artística e até mesmo pessoal – para quem viveu a música com tamanha intensidade.

Como não conseguia mais apresentar algum traço de criatividade, Jackson recorreu a factóides estapafúrdios, como a “agenda dos 50 shows” em Londres – chego a dar risadas quando encontro com alguém que realmente acreditou que ele faria tal pataquada -, mas isso pouco importa agora, brincou Régis. Disse o jornalista: Michael Jackson está morto. Fisicamente. Porque, em termos artísticos, nos últimos quinze anos ele foi apenas um zumbi do qual todo mundo ria e tirava sarro. E são essas pessoas que hoje se mostram comovidas com o seu falecimento. Mundo estranho este, não? Pense nisso e comente sobre o texto de Régis Cardoso… No mais fim de festa para Michael Jackson e que ele descanse em paz !!!!

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Goze e relaxe…

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Andei pesquisando sobre o significado da palavra férias. Descobri em alguns blogs, portais, que durante o período é necessário nos preparamos espiritualmente e não esquecermos as ‘tralhas’ e fugir por aí. Na minha cabeça, as férias funcionam como um click. Como um abrir de uma porta que se encontra fechada meses a fio e o resto é chutar o pau da barraca, pirar o cabeção, com a cabeça no lugar e os pés no chão.

Como é bom curtir as férias, quando se está de férias. Julho, mês da diversão. Em São Luís, tempo de sol escaldante, embora a chuva mostre a cara fora de época, provocada pelos maus tratos sofridos pela natureza. Pois bem, estar ou curtir as férias é como estivesse tomando uma injeção de alegria. Fico com o sorriso largo e os meus olhos brilham.

Mesmo sem o privilégio de gozar integralmente as férias de julho, procuro aproveitar os momentos saudáveis trocando boas idéias com os amigos, curtindo uma praia ou uma balada à base de samba+rock, dub, reggae, entre outras vertentes de cabeceira. Ah, aproveito para aliviar as tensões do caos urbano caminhando pela cidade e durmo à torto e a direita. Enfm,  jogo uma partidinha de xadrez para aguçar a mente ou uma partida de futebol para manter a forma física, pois preciso perder uns quilinhos e tirar um pouco de gordurinhas localizadas na barriga. Ah ! deix(ai) de me torturar com as marcas do tempo e louvar um pouco o sedentarismo curtindo um bom filme e a pipoca do lado, uma boa música e um bom drink do lado, ou optar mesmo por uma daquelas aventuras cheia de adrenalina, sempre com aquela companhia.

De Edgar Morin, no clássico Cultura de Massas no Século XX, sobre o significado das férias modernas: “(…) representam o tempo realmente vivo, realmente vivido, em contraposição ao tempo esclerosado e exangue do ano de trabalho”. Portanto, curta as férias sem o stress do medo de pegar a gripe suína, do Toque de Recolher na noite de São Luís, do mau atendimento no bar, na boate, no quiosque, nos inferninhos, da violência desenfreada, da poluição sonora, na praia, no ar, do caos no trânsito nas horas de ‘pique’ e das ‘Malas Sem Alça’  e os ‘Bobos das Corte’ de plantão.

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‘Michael: único no que fazia’

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paulinhodacosta.jpgO percussionista brasileiro Paulinho da Costa (foto), que participou de duas faixas do disco Thriller, lamentou, a morte do cantor Michael Jackson ocorrida na quinta-feira (25). O músico participou, ao longo de 24 anos, de seis álbuns da carreira solo do astro e de um disco do grupo The Jacksons.

– Michael Jackson foi uma grande inspiração para as últimas gerações e continuará sendo. Era um artista único, completo, que sabia exatamente o que queria em cada música, nas gravações e no palco – disse Paulinho, que acompanha o caso de Los Angeles (EUA), onde mora com a família.

Paulinho afirmou ainda que Michael Jackson era único no que fazia. “Ele revolucionou a produção musical nos Estados Unidos e no mundo, criou um novo estilo. Ele próprio era um estilo, que influenciou não só o pop, mas também o soul, o rhythm and blues e, mais recentemente, o hip hop. A criatividade do Michael era brilhante e contagiava todos os que estivessem ao seu redor.”

O primeiro trabalho feito por Paulinho com Michael foi em 1978, na faixa “Down to the Ground”, do disco  Shake Your Body, do grupo The Jacksons. O trabalho seguinte aconteceu em 1980, já na carreira solo de Michael. O resultado da união são as faixas “Don’t Stop ‘til You Get Enough” e “Off the Wall”, do disco Off the Wall. 

O percussionista ainda não sabe se vai acompanhar o velório de Michael Jackson. “Agora, o sentimento é de muita tristeza, uma perda imensurável, enorme, tão grande quanto o vazio que fica com a sua partida.”
 
Paulinho da Costa & Michael Jackson

The Jacksons
Disco: Shake Your Body (1978)
Faixa: Down to the Ground

Michael Jackson
Disco: Off the Wall (1980)
Faixas: Don’t Stop ‘til You Get Enough e Off the Wall

Disco: Thriller (1982)
Faixas: Wanna Be Startin’ Somethin’ e Human Nature”

Disco: We Are the World” (1985)
song written by Michael Jackson and Lionel Richie

 Disco: Bad (1987)
Faixas: I Just Can’t Stop Loving You, The Way You Make Me Feel, Bad, Cry, Will You Be There e Liberian Girl

Disco: Dangerous (1993)
Faixa: Will You Be There

Disco: Invincible (2001)
Faixa: Cry

Fonte: G1

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Devoção…

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Para muita gente pode até ser que a fé não remova montanhas, mas  a legião de devotos dos santos, que compõem as festas juninas no Maranhão, a máxima é funcional.

Tudo começa com Santo Antonio, passando por São João e São Pedro, finalizando com São Marçal. São reverências feitas à base de muita oração,pedidos e pagamentos de promessas e muita festa nos diversos sotaques do bumba meu boi. São duas semanas de uma manifestação espontânea, democrática, cheia de emoção e envolvente.

Mesmo com os ouvidos atentos a Madonna, Michael Jackson, Britney Spears, o ‘roots’ jamaicano das radiolas, quando chega o mês de junho é inevitável se contagiar ao som das matracas, pandeirões, orquestras, das pungadas do tambor de crioula, da inocência do lelê, do côco e falar com orgulho que somos donos de uma singularidade cultural e personagens de um dos espetáculos de ruas mais representativos do Brasil.

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Black or White…

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michaeloreidopop1.jpgO retorno de Michael Jackson, aos 50 anos, ao “show business” suscitou em minha cabeça uma série de questionamentos, entre os quais: é uma volta por cima ou o canto do cisne ? Ele vai cantar ou vai fazer de conta ? Ele ainda sabe dançar como antes ? Piscologicamente, será que está preparado para um novo contato com os fãs e a mídia ? Será que Jackson está na fase do (condor) ou do com dor ?

O desaparecimento surpreendente do artista imortal nesta quinta-feira (25), após sofrer uma parada cardíaca, em Los Angeles, Estados Unidos, deixou a música orfã e legitimou que Michael é mais um dos integrantes da galeria dos bons que não soube lidar com a fama e a vida.  Acabou-se o que parecia doce. Com virtudes ou defeitos o ciclo da vida do astro pop se foi. Fica a lembrança e o legado invejável de um artista que entra para a História dos que resistem ao tempo.

Responsável pela concepção de “Thriller”, um disco antológico e milionário, não podemos também esquecer do estouro solo dele, no álbum “Off The Wall”. Um trabalho que mistura disco, funk, pop, e abriu caminho para que o cantor viria se transformar nos anos seguintes.

thriller.jpg

Gostando ou não da música de Michael Jackson, a mídia o idolatrou e o outorgou adjetivos como o mito, ícone, prodígio, polêmico, excêntrico, camaleõnico, famoso e genial. Ele tentou transgredir não reconhecendo a sua identidade, caminhando na contramão da velhice, ou seja acometido pela ‘síndrome de Peter Pan’, e ao tentar mudar a cor da pele. Mesmo com uma vida turbulenta, e não sabendo conviver os altos e baixos dela, a melhor tradução para Michael Jackson é a de que a sua música tem uma ‘alma’ literalmente negra. Palavras de um fã: Michael Jackson não é “Bad”. Ele não está “Dead”. Tudo não passa de uma lenda. In Memoriam…

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Foi ou não dedo-duro ?

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wilsonsimonal.jpgHá alguns mitos consolidados a respeito de Wilson Simonal (1938-2000).  “Inventado” por Carlos Imperial, dividiu com Roberto Carlos, na década de 60, o lugar de cantor mais popular do Brasil. Fez 30 mil pessoas cantarem “Meu limão, meu limoeiro” e “Cidade Maravilhosa” no Maracanãzinho.

Filho da empregada doméstica da crítica Barbara Heliodora, deslumbrou-se com o sucesso. Era “alienado”, apolítico. Inventou de cantar a ufanista “País Tropical” com mais gosto e originalidade (suprimindo a última sílaba de cada palavra) que o próprio Jorge Benjor.

Era o “rei da pilantragem” – tanto no palco quanto fora. Dirigia carros esporte importados e namorava loiras – um negro arrogante, metido a besta. “Ou você vai ser alguém na vida ou vai morrer crioulo mesmo”, ele disse, uma vez.

Em conflito com o seu contador, mandou policiais do Dops darem uma dura no sujeito. O contador diz que foi torturado e apanhou. O “Pasquim” decretou: “dedo-duro”. Foi submetido, nas palavras de sua segunda mulher, a uma “overdose de ostracismo” – passou 30 anos na Sibéria, como observou Arthur da Távola. Quando os filhos começaram a carreira artística, assistia aos shows escondido, com medo de prejudicá-los.

Morreu aos 62 anos, em conseqüência de complicações geradas pelo alcoolismo.

O que há de verdade e mentira nessa história tão fascinante quanto terrível? Difícil saber. “Simonal – Ninguém Sabe o Duro Que Dei”, documentário que estreia nesta sexta-feira, pode até ter a pretensão de esclarecer alguns desses mitos, mas o seu maior atrativo é deixar tudo sem um ponto final.

Dirigido por Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, o filme resgata imagens sensacionais de Simonal, a lembrar do seu talento e carisma. Recolhe ótimos depoimentos (até Pelé e Nelson Motta falam coisas interessantes!), ouve a versão do contador Raphael Viviani e leva o espectador a se emocionar com a tragédia que embalou as últimas três décadas do cantor – a tal “overdose de ostracismo” a que foi submetido.

Passada a emoção, restam várias dúvidas. Ainda que jornalístico e, naturalmente, superficial, o documentário poderia ter investigado um pouco mais. Foi, ou não dedo-duro? Mandou, ou não, bater no contador? Não consegue, porém, avançar no esclarecimento da questão que transformou Simonal num pária.

De um lado, os amigos conservadores (Mieli, Chico Anysio, Boni) repetem o discurso que o cantor foi vítima de um tempo de intolerância e radicalismo. O ex-todo poderoso da Globo chega a dizer que Simonal era boicotado pelos diretores e roteiristas de programas da emissora – ele nada podia fazer. De outro lado, apenas Jaguar e Ziraldo mostram a cara, como que conformados com o “inevitável” papel do “Pasquim” no episódio, mas lembrando que a condenação a Simonal começou na grande imprensa.

Apesar da forte, comovente e dominante presença dos filhos Max de Castro e Simoninha, “Simonal – Ninguém Sabe o Duro Que Dei” consegue ser um filme aberto, sujeito às mais variadas interpretações. É simpático a Simonal? É generoso com a memória artística de um cantor genial. Deixa claro que o músico cometeu um erro grave. E obriga o espectador a pensar sobre o tamanho desse erro e os seus efeitos. É bastante coisa para um filme.

Em tempo: o trailer do filme pode ser visto aqui.

Texto: Jornalista Mauricio Stycer

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De jornalista à ‘cooker’…

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Saudades dos meus bons tempos de estudante de jornalismo na UFMA. Euzinho (aqui) sonhei e concretizei o sonho de ser um dia jornalista. Cheguei lá, conquistei o mercado com muitas dificuldades e até hoje continuo vivenciando a profissão, aprendendo e tentando matar vários coelhos com uma cajadada só, ou devorando um leão todos os dias. Assim caminha o jornalista compromissado com a informação: estressado, ansioso, com a vontade de dar um furo ou desvendar um fato ‘cabeludo’ e de interesse da opinião pública.

Pelo menos, foram esses os ensinamentos básicos que aprendi na Academia. Ah, não podia esquecer da Ética, palavra que nenhum curso superior pode ensinar a alguém como exercitá-la diariamente. Também me refiro à credibilidade com a informação, que não depende de uma faculdade. A credibilidade é conquistada quando se demonstra competência, cultura e interesse, não só no jornalismo como em qualquer profissão. Dessa troca de experiência e vivência universitária, seja lá qual for, restou uma experiência extradorinária. Disso eu não tenho dúvida aprendi muito e o que me restou foi saber agora que o diploma de jornalismo não é mais obrigatório para o exercício da profissão. Qualquer uma pessoa que sabe ler e escrever, mesmo não passando pela Academia, está apto a ser contratado por uma empresa de comunicação. Assim decidiu os oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Não quero tirar o mérito da minha não muito longa e humilde carreira. Mas é bom lembrar que parte dos amigos que conheci  por meio da notícia, aprendeu fazer jornalismo no calor das redações das tevês, impressos e emissoras de rádio. Uns começaram a ‘trampar’ antes do golpe militar e outros depois, sem um curso superior para legitimar sua autoridade no cargo exercido. Isso sem falar nos comunicadores populares que conheci e descobri Brasil afora.

Contudo, ainda assim me sinto na obrigação de comentar o quanto achei lamentável a votação do Supremo Tribunal Federal, nesta quarta-feira (17). Os argumentos do ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, conseguiram me deixar cada vez convicto de que um outro mundo melhor é utopia. Mesmo tendo que respeitar a liberdade de expressão, não consigo ficar calado diante de frases de efeitos que me deixaram chocados.  “A profissão de jornalista não oferece perigo de dano à coletividade tais como medicina, engenharia, advocacia – nesse sentido por não implicar tais riscos não poderia exigir um diploma para exercer a profissão”. Integro o questionamento da jornalista Maíra Kubik Mano, Mestranda em Ciência Política na PUC-SP, em que mundo não globalizado e não informatizado o ministro vive?  O jornalismo não provoca danos à coletividade ? Ele se esqueceu que mais de 90% dos lares brasileiros têm pelo menos um rádio, uma televisão ou Lan Houses espalhadas em cada comunidade ?

Ser contrário à obrigatoriedade do diploma por entender que a profissão de jornalista passa por outros parâmetros e regulamentações é uma coisa. Mas desqualificar o trabalho do jornalista ou a de um Chef de Cozinha dizendo que eles não influenciam a sociedade é uma argumentação simplória, equivocada e fora da realidade. É uma pena.

Diante dos avanços conquistados pelo universo jornalístico, tanto tecnológico e de compromisso com a notícia, o Supremo perdeu a oportunidade de debater com seriedade um tema vital na sociedade contemporânea. 

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Toque de Recolher…

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No meio de qualquer troca de informação o que prevalece é o senso comum. Você tentar transgredir com questionamentos corre o risco de ser chamado de polêmico, chato, pessimista, contestador, do contra. Enfim, recebe uma série de adjetivos depreciativos. Mesmo sabendo que a tarefa não é fácil, prefiro, sempre que posso, refletir e manifestar-me sobre determinado tema que me causa incômodo. Procuro questionar não com o objetivo de denegrir, mas de tentar entender e, se possível, contribuir.

Acho louvável a ‘Operação Manzuá’, coordenada pelo Ministério Público Estadual, em disciplinar o abuso de poluição sonora, entre outros excessos e irregularidades, existentes na noite de São Luís. Já era tempo, pois moramos em uma cidade em que ainda tem gente com costumes caseiros e o prazer de cooptar com o dinheiro ou sobrenome. 

Finalmente São Luís entra na rota do combate a esse tipo de conduta. E já que o objetivo da ‘Operação Manzuá’ é a disciplina, não se pode esquecer que o processo tem sinônimo de ‘ação educativa’. Portanto, é necessário cautela no momento da abordagem, pois corremos o risco de excessos ou de convivência com a teoria da relatividade de Albert Einstein, ou seja, da lei de ‘ação e reação’.

Combater as irregularidades ostensivamente são necessárias. Agora, não se pode esquecer que o cliente, que sai de casa em busca da diversão, paga imposto, e não pode ser confundido. E mais, o lazer é uma atitude política e direito de todos.

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