VMB: música sertaneja é irrelevante
A 18ª e, segundo seu organizadores, a maior edição do prêmio VMB (Video Music Brasil) da MTV, vai mais uma vez deixar de fora grandes nomes do sertanejo, como Luan Santana e Paula Fernandes, campeões de vendas nas paradas de sucesso. A justificativa, segundo a direção da emissora, é que esses artistas não são considerados relevantes para seu público, composto por “jovens urbanos” das classes A, B e C, na faixa etária dos 12 aos 34 anos.
“Eles [cantores sertanejos] não dizem respeito e não são relevantes para o consumo do nosso público. Mas claro que eles são relevantes no cenário musical. Eles vendem, eles lotam estádio. Não que a gente não discuta se deve ou não colocar isso, mas tem tantas emissoras fazendo. Então, vamos fazer diferente? A gente é uma referência e a gente quer continuar a ser uma referência no que é novo e no que é bom”, pondera Helena Bagnoli, diretora-geral da MTV Brasil.
A opinião não é isolada. Zico Goes, diretor de programação, faz coro. “Aqui a gente está naturalmente falando que celebra a música e que a gente se preocupa e olha para a música como um todo. Isso é absolutamente verdadeiro. Mas a gente faz aquilo que a televisão e o editor têm de fazer, que é escolher. E a gente escolhe. Então, a não ser que as nossas escolhas sejam corrompidas por outros desígnios, acho muito difícil que a gente crie ou olhe para o segmento sertanejo como algo que tenha a ver com a gente.”
A opção editorial, no entanto, não se baseia na tradição da emissora americana que nasceu “como uma expressão do jovem urbano que aprecia o pop e o rock´n´roll”, como afirma a diretora do canal no Brasil. Tem a ver com a observação do público do canal nas redes sociais. “Nós conversamos bem de perto com a nossa audiência pelas redes sociais. Não existe um pedido para que a gente crie uma categoria [na premiação] para isso [música sertaneja]. O que não deixa de ser um alívio. Porque se você consegue ter um lugar onde você não é bombardeado com mais do mesmo, as pessoas até gostam.”, conta o gerente do núcleo musical, Alessandro Mello.
Além disso, Mello diz que a MTV Brasil “aprende com seus erros”, como quando, na década de 1990, no auge do sucesso dos grupos de axé, criou uma categoria na premiação para esse estilo. “Quando apareceu o É o Tchan! detonando, teve melhor clipe de axé. Mas não cola. Era meio artificial, não é a nossa cara. Agora, se a gente tivesse achado que o Luan Santana tivesse feito uma coisa incrível, a gente o teria colocado como melhor artista masculino.”
Voz à cultura urbana
A temática da festa desse ano é a cultura urbana, cujos maiores representantes são os artistas do hip hop e o rap. Eles compõem a maior parte do line up, com Emicida, ConeCrewDiretoria, Projota, além um show de abertura com Planet Hemp e outro de encerramento com os Racionais MCs, ambos com meia hora de duração.
A escolha do tema, de certa forma, também é uma resposta à profusão dos ritmos sertanejos nas outras emissoras de TV. “Eles expressam uma manifestação muito forte, assim como o sertanejo, mas são tribos diferentes. O hip hop, se você for analisar, é tão poderoso quanto o sertanejo, mas não tem a divulgação que o sertanejo tem. Você não vê a cultura de rua ter o mesmo espaço na mídia que o sertanejo tem. Porque é crítico, porque é contundente, porque não faz concessões”, pondera Helena Bagnoli.
Fora isso, a direção do canal analisa a premiação como bastante plural e que apresenta um panorama abrangente da música brasileira. Também cantarão no prêmio as cantoras Gal Costa e Karina Buhr e as bandas Bonde do Rolê e Agridoce.
“A gente tem contemplado vários artistas populares. A gente a Daniela Mercury, a Ivete [Sangalo], a Gaby Amarantos. Ou seja, a gente tem [no repertório], mas nós temos o nosso posicionamento musical”, completa a diretora.
O VMB vai ao ar nesta quinta-feira (20) às 21h e terá quatro horas de duração.
Deu na UOL