RAMIRO MUSOTTO (1964-2009)
Acessando o blog do músico baiano Lucas Santana, tomei de supresa nesta segunda-feira, 14, a notícia sobre a morte do percussionista argentino Ramiro Musotto de quem sou fã do trabalho. Pra quem não tem idéia da importância desse músico, nascido em Bahia Blanca, Argentina, o ‘cara’ conhecia profundamente toda a liturgia ritmíca do candomblé, a ponto de escrevê-la em partitura. Não só candomblé baiano, quem o conheceu tocando sabe da sua personalidade intensa, pois tudo que o interessava da musicalidade brasileira virava alvo de estudo e dedicação.
Além de grande percussionista e fissurado pelo Brasil, especialmente, pela Bahia, que adotou como segunda casa, Ramiro também era entusiasta tecnológico. Ele e Liminha foram as duas primeiras pessoas no país a ter e pilotar um MPC, instrumento adotado por diversos músicos nos dias de hoje.
Ele foi um pioneiro do sampler no Brasil, onde usou e abusou dele em discos do Skank, Caetano Veloso e Gilberto Gil, Marisa Monte, Paralamas do Sucesso, Lulu Santos, Fernanda Abreu, Titãs, Sergio Mendes, Gal Costa, Adriana Calcanhoto, Zeca Baleiro dentre outros, com os quais tocou, gravou e produziu ao longo desses anos.
Entre muitas contribuições à música brasileira, destaque para a produção dele para “Um Canto para Subir” de Margareth Menezes. Esse disco encheu os ouvidos de David Byrne e promoveu a carreira de Margareth no exterior, apadrinhada por Byrne.
É de Ramiro também a produção da faixa “Eu sou Negão” de Gerônimo. Foi a primeira vez que a percussão de um bloco foi programada numa bateria eletrônica. Essa música foi um marco divisório no carnaval da Bahia. Foi por causa dela que os trios elétricos adotaram o samba regaae no seu set.
Solo
Em 2001, Ramiro comecou seu trabalho solo lançando o disco Sudaka. Numa das faixas do disco, “Ginga”, ele entorta o samba reggae. Em 2004, Ramiro empresta todo seu talento na gravação do disco Lenine in Cité, gravado ao vivo em Paris. E em 2007 lança seu segundo disco:
Além desses dois discos, Ramiro lançou também o DVD Sudaka ao vivo com a participação de Sacha Ambeck, Leo Leobons, Kabo Duca e Felipe Continentino.
Muitos não sabem, mas Ramiro Musotto re-inventou o berimbau. Depois de Nana Vasconcelos foi quem deu o grande passo a frente na modernização do instrumento, transformando-o harmonicamente, e termos de sonoridade, ao utilizar diversos tamanhos e afinações diferentes, além de cabaças de metal. Portanto, música para elevar a alma…