Marília Pêra, beirando os 70, com mais de 50 de carreira, conversou com jornalistas durante uma hora, no Grand Hotel São Luís. Um bate papo em que a atriz sentiu-se a vontade e mostrou ser espirituosa na maioria dos questionamentos. Ela recebe uma justa homenagem, durante o encerramento da 35ª edição do Festival Guarnicê de Cinema, neste sábado (15), no Teatro Artur Azevedo.
Para início de conversa, a atriz lembrou outros momentos em que esteve em São Luís, onde se apresentou no TAA. Também destacou a importância do festival para o cinema brasileiro e pelo tempo em que vem sendo realizado na capital maranhense e distante do eixo Rio-São Paulo. Para a atriz, eventos dessa natureza são uma uma oportunidade para a formação de plateia. “É uma maneira de fazer com que filmes cheguem até as pessoas mais humildes, principalmente, quando são exibidos gratuitamente”, acrescenta. Ela comentou, ainda, que o governo, artistas e jornalistas têm papel fundamental em divulgar esses festivais e o compromisso de possibilitar o acesso de todos.
Marília acredita que o Brasil é um país de muitos talentos e que o cinema nacional tem sido prestígiado pelos maiores festivais do mundo, exemplificando também o Festival Guarnicê de Cinema e dá a receita para como o artista deve atuar no cinema, TV e teatro. “Para mim, é uma grande surpresa ver nossos cineastas participando desses eventos. Aprendi muito com eles. Quanto aos atores, sei que existem bons artistas, mas não é preciso ter talento para atuar no cinema e na TV. Pode-se gravar fala a fala. No teatro, é diferente. Ali, o artista tem de ser um atleta”, compara.
Questionada pelo fato de possuir trajetória artística extensa, produtiva, vitoriosa e que resultaria em uma biografia da artista em livro e filme, Marília disse que todo ser humano tem um história para contar e que pode se tornar um livro ou um filme. “Sei que tenho uma história de muitos desafios e realizações. São anos de estrada e que um dia, quando parar de trabalhar tanto, quero juntar um autor, um roteirista para contar essa historinha, que seja em livro ou em filme.
Tida como uma artista completa, Marília Pêra atua, canta, produz e escreve, ela afirmou que já pensou em aposentadoria. “Pensei em parar em vários momentos da minha vida. Seria bom se eu conseguisse fazer isso e viver só para ser homenageada”, brincou. Embora tenha dito que não produza mais como antigamente, Marília Pêra confessa que está aprendendo a cantar. “Tenho medo disso. É como se eu não merecesse. Como se fosse um privilégio. Mas poder cantar nos palcos me dá uma felicidade imensa”, disse a atriz, que se prepara para fazer os musicais Hello, Dolly, com direção de Miguel Falabella, e Herivelto Como Conheci, no ano em que se comemora o centenário do compositor e músico Herivelto Martins, dirigido por Claudio Botelho, além do desejo de produzir e atuar em “A Doce Canção de Caetana”, da escritora carioca Nélida Pinon e “O Leite Derramado”, de Chico Buarque.
Marília Pêra também tem escrito alguns textos que não foram ainda divulgados e recentemente escreveu o livro Cartas Para Uma Jovem Atriz, que narra momentos de sua vida e as experiências que teve – desde a infância, na qual se destaca a influência de seus pais, atores, em sua formação artística, até a fase adulta, quando o leitor pode tomar contato com um pouco da história da dramaturgia brasileira. Enfim, a atriz Marília Pêra é versátil e tem sabido viver intensamente todas as fases da vida, seja, nos palcos, na telinha e na telona.