O cantor Gilberto Gil esteve foi para o norte da Austrália visitar uma tribo aborígene, para grava cenas seu documentário sobre a cultura dos países abaixo da linha do Equador. Dirigido por Pierre Yves Borgeaud, sairá na Europa em 2012.
A informação é da coluna de Mônica Bergamo publicada nesta quinta-feira na Folha.
Nesta sexta-feira, dia 13, às 19h30, na Casa de Nhozinho, na Praia Grande, o público poderá conferir o documentário Pedra da Memória, que levou Pai Euclides Talabyan e uma comitiva da Casa Fanti Ashanti do Maranhão ao Benin. Coordenado pela musicista e pesquisadora Renata Amaral, editado por Diana Gandra, o projeto recebeu o Prêmio Interações Estéticas da FUNARTE/MinC, promovendo um profundo diálogo entre a cultura dos dois países.
Fruto ainda da residência artística de Renata, na Casa Fanti Ashanti, que se tornou Ponto de Cultura em 2006, também será lançado no evento o CD Boi de Incantado, do tradicional Bumba Boi Garotos do Cruzeiro da Casa Fanti Ashanti, um registro inédito que inclui mais de 20 toadas representativas dos 56 anos de atividades do Boi, compostas por Pai Euclides e seus incantados. Para fechar a programação se apresentarão os grupos de Bumba meu Boi Garotos do Cruzeiro e do Tambor de crioula de Taboca Veneradores de São Benedito, ambos também da Casa Fanti Ashanti.
Pedra da Memória
O documentário Pedra da Memória traz um diálogo estético entre as tradições populares do Brasil e do Benin (África Ocidental), em uma aproximação poética e reveladora conduzida pela memória de Euclides.
Ao longo de quatro semanas, a equipe visitou as cidades de Cotonou, Abomey, Ketou, Porto Novo, Ouidah, Allada, Pobe e Sakete, realizando encontros e registros audiovisuais de diversas tradições como os Toques de vodum, Zangbeto, Egungun, cerimônias Geledés, música Kudo e as tradições dos Agudás, os afrobrasileiros do Benin, descendentes de ex escravos e trabalhadores do tráfico escravagista que retornaram à terra natal quando a escravidão foi abolida.
Serviço
O quê:
Documentário Pedra da Memória
Onde:
Casa de Nhozinho
R Portugal, 185 – Centro Histórico
Quando:
Sexta-fera, dia 13 de agosto,
Horário:
19h30
Acesso Livre
O documentário “Uma Noite em 67”, que estreia nesta sexta-feira (30), mostra como foi a final do 3º Festival da Música Popular, promovido pela TV Record em 21 de outubro de 1967.
Para os diretores Renato Terra e Ricardo Calil, a noite foi o “epicentro” do movimento que originou a MPB. O trecho abaixo mostra entrevistas com Solano Ribeiro, Paulinho Machado de Carvalho e Chico Buarque.
Há ainda a presença de consagrados nomes da música brasileira como Roberto Carlos, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina, Jair Rodrigues, Mutantes, Edu Lobo, Geraldo Vandré, Nara Leão, Nana Caymmi, entre outros.
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Os tempos mudaram, novos gêneros musicais surgiram e caíram no gosto do público, mas o espaço que os Mamonas Assassinas deixaram continua vago. Talvez por isso não tenham caído no esquecimento e serão sempre lembrados.
Um bom exemplo é o documentário “Mamonas pra Sempre”, dirigido por Claudio Kahns. Exibido em festivais em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, a trajetória dos Mamonas está pronta para chegar ao grande público, provavelmente, em agosto deste ano.
Quase 15 anos após o acidente, o documentário encontrará os fãs dos Mamonas já maduros e, possivelmente, pais de família. A banda, que teve uma vida artística de apenas sete meses de duração, era sucesso absoluto entre as crianças e adolescentes, principalmente por causa de suas letras irreverentes e maliciosas.
Os Mamonas Assassinas tiveram a carreira interrompida tragicamente, no auge da fama, com a morte de todos os seus cinco integrantes em um acidente aéreo, em 1996.
Por trás das canções compostas e interpretadas por Luiz Gonzaga como “Asa Branca”, “Paraíba”, “Assum Preto” e tantos outros clássicos do gênero havia o parceiro, um homem invisível chamado Humberto Teixeira. Embalada por muita música, a história quase desconhecida do “Doutor do Baião” chega aos cinemas neste final de semana com o documentário “O Homem que Engarrafava Nuvens”.
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
Dirigido por Lírio Ferreira (“Baile Perfumado”, “Cartola”), o filme viaja pelo Nordeste ao lado da filha de Teixeira, a atriz Denise Dummont, há mais de duas décadas radicada nos Estado Unidos. Desde Iguatu, no Ceará, terra-natal do compositor, a equipe seguiu pelo sertão para flagrar, através das lentes de Walter Carvalho, figuras da mitologia nordestina: as festas folclóricas, feiras de rua, vaqueiros de jibão, cegos cantores e o som da rabeca. “Fomos de carro filmando tudo que aparecia pela frente, uma filmagem meio acidente, nada programada”, comenta o diretor, em entrevista ao iG.
Estrela de cinema e TV na década de 1980, Denise nunca havia viajado para a região e o impacto da experiência foi grande. “Essa viagem me abriu tudo. Vi a riqueza tremenda que o Brasil tem, de música, criatividade, arte, e está tudo lá, presente. Foi muito forte. Entendi de onde veio a inspiração de meu pai e por que essa música sobrevive. Foi baseada em uma coisa real, por isso ainda tem influência.”
As gravações começaram em 2002, em um show realizado no Teatro Rival, no Rio, com a participação de grandes nomes da música brasileira – Gilberto Gil, Lenine, Zeca Pagodinho, Fagner, Elba Ramalho, entre outros – cantando músicas do compositor. Em estúdio, também deram sua colaboração Caetano Veloso, Chico Buarque, Maria Bethania e Gal Costa. As performances deram origem a um disco lançado pela Biscoito Fino e permeiam a narrativa do documentário, assim como uma escala em Nova York, com entrevistas de David Byrne, Bebel Gilberto e da banda Forró in the Dark, brasileiros que moram na cidade e revisitam o gênero nos palcos locais.
Em meio a tanto material, Denise Dummont tenta dar unidade e ser o fio condutor da história. Em busca do homem por trás da figura paterna, a produtora acompanhava o trabalho da equipe e, à medida que o tempo passava, começou a ir para frente das câmeras. “Quando a Denise pediu pra fazer umas entrevistas mais particulares, senti que ela estava entrando no filme e que era um processo de descoberta pessoal”, conta o diretor. “Paulatinamente, fui virando a câmera para ela, que se tornou uma coautora do filme.”
Lírio reconhece que foi um processo de descoberta para ele também. Pernambucano, sabia da presença e da importância do baião para a cultura regional, mas não do que significou a parceria de Luiz Gonzaga e Teixeira para a cultura do País. “Não tinha a menor dimensão do que aqueles dois aprontaram, da complexidade, a hecatombe que esse encontro proporcionou à música brasileira.”
Isso porque o baião influenciou toda uma geração. Mesmo com o declínio do ritmo no final da década de 1950, os jovens que cresceram naquela época seguiram, mesmo inconscientemente, com a levada do ritmo na cabeça. Gilberto Gil afirma que as músicas de Teixeira provocaram uma revolução em sua vida, Raul Seixas se dizia filho de Gonzaga e Elvis Presley, enquanto João Gilberto cantava em “Bim Bom”: “É só isso o meu baião, e não tem mais nada não”. Sem contar as regravações de Os Mutantes (“Adeus, Maria Fulô”) e de Caetano, uma dolorosa versão de “Asa Branca” no exílio.
“O baião tem uma característica cíclica, de estar ressurgindo aqui ou em qualquer outro lugar”, defende Lírio. “Foi retomado pela Tropicália e depois por aquela geração do Alceu Valença, Zé Ramalho, Fagner. Mais recentemente, o Mestre Ambrósio, com o Siba, e o Forró in the Dark. Acho que ainda tem muito pano para manga, a gente pode se surpreender a qualquer momento.”
Boa parte dessa história é recuperada através de imagens de arquivo. O minucioso trabalho do pesquisador Antonio Venâncio proporciona desde áudios de Humberto Teixeira a vídeos de entrevistas, cenas de filmes, shows raros e fotos históricas, que eventualmente são alvo de inspiradas animações. Tudo isso, mais as cenas gravadas pela equipe, rendeu em torno de 50 horas de material. “O primeiro corte do documentário tinha seis horas e meia”, lembra o diretor, que suou para deixá-lo com os 104 minutos atuais.
“O Homem que Engarrafava Nuvens” estreia em sete cidades (Rio, São Paulo, Recife, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte e Brasília), depois de um ano batalhando por distribuição, e outros sete para ser concluído. “Olhando pra trás, foi o tinha que ser. Ninguém pode dizer que é um filme preguiçoso, está tudo ali”, garante Denise. Para o diretor, agora é a vez do público. “Quero que saiam de casa e vão ao cinema”.
O documentário “Simonal, Ninguém Sabe o Duro que Dei”, de Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, será exibido no Festival Reel Time Brazil.
A exibição ocorre no dia 17 de maio. Simoninha, filho de Simonal, vai participar como convidado especial no terceiro e último dia da mostra.
A Embaixada do Brasil é a responsável pelo evento, que deve ter mais de 200 espectadores em cada uma das exibições. O filme estreia no Brasil dia 15 de maio.