Crise no Jornalismo Cultural (?)

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O jornalismo cultural foi o mais afetado pelo crescimento das novas mídias e redes sociais, acreditam especialistas reunidos no II Congresso de Jornalismo Cultural, em São Paulo. Para eles, os blogs e as redes sociais abriram espaço para que toda sociedade seja crítica, o que desvaloriza o trabalho dos especialistas.

– Num ambiente onde todos podem fazer crítica, o crítico cultural perde seu valor. Isso é curioso porque não acontece em outras áreas, como no jornalismo esportivo, político, mesmo tendo vários blogs sobre o assunto – avalia Marion Strecker, diretora de conteúdo do UOL.

Ivana Bentes, professora de comunicação e cultura da UFRJ, compartilha a mesma visão. “Esse meio está em crise, porque há uma grande quantidade de mediadores, antes se trabalhava com a escassez da informação. É uma mudança de eixo de poder, isso eu não tenho dúvida”, argumentou.

Para Carlos Graieb, editor-executivo da Veja, o jornalismo cultural precisa se posicionar melhor. “O jornalismo cultural está numa posição defensiva demais, precisa reafirmar seus valores”, declarou.

Graieb defendeu que é importante dividir a opinião e crítica qualificada, da avaliação amadora. “O que não deve acontecer é desvalorizar o conhecimento acumulado do jornalista”, frisou.

O debate ficou acalorado quando Ivana defendeu como plenamente positivo o aumento dos formadores de opinião na internet, e afirmou que o jornal traz notícia “velha em árvores mortas”. “Agora as pessoas produzem conteúdo. Eu leio os jornais para ver o que eles não deram. O jornal traz notícias velhas em árvores mortas”. E complementou. “Pra mim o melhor suplemento cultural é o Google, onde aparecem vários arquivos, e eu não fico refém da opinião de alguém”, argumentou.

Marion discordou da colega. “É uma maldade dizer que o jornal é notícia velha em árvore morta. É o mesmo que dizer que os livros que já foram escritos não são relevantes”.

A diretora de conteúdo do UOL afirmou que o uso do Google requer cautela. “O Google não é bonzinho, não está aqui para resolver os problemas da humanidade. Ele traz preciosidades, mas traz tudo. A internet é um mundo maravilhoso, mas tem um enorme número de problemas”, disse.

No final do debate, Ivana ressaltou que não desvaloriza o jornalismo cultural, mas que a internet abriu um novo modelo de economia e difusão de conteúdo, com mais liberdade.

Por: Izabela Vasconcelos, de São Paulo

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Liberdade ! Liberdade ! abre asas sobre nós…

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O que significa “liberdade para nós”. À primeira vista parece ser um conceito fácil de definição. Agora, o que perturba é a prática. Para alguns é poder fazer o que vem a cabeça, sem restrições. Para outros uma boa liberdade tem significados mais ricos. Eu defendo com unhas e dentes o direito de ir e vir, o da liberdade de expressão. Mas, não podemos esquecer que antes de começar nossos direitos temos que respeitar o alheio.

Pois bem, a palavra ‘liberdade’ me chamou atenção logo cedo. Ao ligar a TV, na manhã desta terça-feira, 4, o controle remoto foi direto no telejornal Bom Dia Brasil da Rede Globo. Uma das pautas destacava a Conferência sobre “Liberdade de Expressão”, organizada pela Escola de Magistratura do Rio (Emerj) e realizada no Fórum da capital. E um dos anfitriões do evento era o ex-repórter do Washington Post, Carl Bernstein. Ele ganhou fama internacional, ao lado do seu colega de redação Bob Woodward, com as reportagens do caso Watergate, que levou à renúncia do presidente norte-americano Richard Nixon, em agosto de 1974. Depois de um VT destacando a Conferência, o jornalista Renato Machado conversou com Bernstein, o homem de cabelos pra lá de grisalhos, com 50 anos só de jornalismo, lúcido, atuante, contextualizado com o hoje, que virou personagem vivido por Dustin Hoffman no filme “Todos os Homens do Presidente” ou por Jack Nicholson em A difícil arte de amar (Heartburn), drama sobre um casal em crise dirigido por Mike Nichols, com roteiro em tons autobiográficos de Nora Ephron, que foi casada com Bernstein.

Mas, se a abordagem é o poder de informar, eu costumo dizer que o bom jornalista é obrigado ter uma leitura de mundo e pegando a carona na frase de Bernstein “a imprensa existe para o bem do público, não somente para entreter e ganhar dinheiro. A função principal do profissional da comunicação é dar aos espectadores a melhor versão possível da realidade, que é um conceito simples e muito difícil de se alcançar”. Quanto a liberdade de expressão eu defendo que sejamos responsáveis pelo o que escrevemos e falamos. No exercício do livre arbítrio da comunicação endosso as palavras do ministro Ayres Britto. “A liberdade de expressão é a maior expressão da liberdade. Acabou a censura prévia no Brasil e isso nos coloca na linha de frente dos países que fazem caminhar juntas liberdade de imprensa e democracia. Quanto maior a liberdade de imprensa, mais densa a democracia”.

Com fica a ética no jornalismo?  A minha pregação é a que não aprendemos na academia. Ela acontece com o bom senso e a maneira como jornalista encara o quarto poder. Quarto Poder ? Ele existe. Para o jornalista Geneton Moraes Neto o Quarto Poder existe, o nome da ‘cara’ é Carl Bernstein. Se fosse dado a honraria, Bernstein,  poderia bater no peito e dizer que, em parceria com Woodward, derrubou o presidente de um dos  países mais poderosos do planeta . Jamais alguém encarnou com tanta propriedade, portanto, o chamado “Quarto Poder”.

E já que o Quarto Poder existe, o que perguntar da tal modernidade ? Será que ela não está em crise? Para algumas pessoas sim ? Para outras não ? Afinal de contas, estamos  na era da digitalização da TV, da inclusão na internet e suas ferramentas. Tudo é real e importante.

Questionamentos em ‘overdose’. Será que para atingir o conceito de moderno, principalmente no jornalismo,  é necessário não deixar de lado que nada substitui o talento de um profissional ? E no ‘beabá’ do jornalismo o importante é saber decidir sobre a notícia típica à luz da realidade, sem pautas e fontes pré-concebidos ?

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Praia Grande: triste e ‘trash’

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Lembro o dia em que a Praia Grande, literalmente revitalizada, foi entregue à população. Como era agradável passear pela região e dizer como é lindo e representativo esse investimento. Era uma festa que reunia pobres, ricos, negros, brancos, jovens e idosos, turistas brasileiros e gringos para festejar a beleza arquitetônica dos casarões e os azulejos trazidos de Portugal, que fizeram do local um dos mais importantes da América Latina, quiçá do mundo, pela suntuosidade. Um belo presépio, que com o passar do tempo virou um mix do abandono. São Luís cresceu, a população também, os problemas aumentaram e juntos uma falta de visão em tentar entender o significado do patrimônio da Praia Grande.

Infelizmente, não deu tempo de colher algumas imagens da atual situação em que se encontra a área. Mas, as minhas palavras refletem o retrato do descaso e do caos vivenciados por quem freqüenta diariamente para trabalhar e quem escolheu o local para se divertir nos fins de semana.

Eu vi com os meus ‘Olhinhos de Jesus Tristinho” um homem sem noção de cidadania jogando uma garrafa de água mineral no chão e com aquela concepção de que tinha alguém para passar por lá e limpar a sujeira deixada por ele. Isso é apenas o começo, pois já vi não só um mais milhares de criaturas acéfalas fazendo xixi no chão, transformando o patrimônio da humanidade em banheiro  público. Ah, não podia esquecer o cenário degradante, ou seja, os mendigos, viciados em drogas e delinqüentes. Eles escolheram a Praia Grande para viver e ali cometer as suas sandices aproveitando a insegurança e o ‘blackout’, ‘apagão’, ou a escuridão, promovida por quem se omite em manter a cidade, especialmente uma área considerada fonte de renda, sem energia elétrica por vários dias.

Em meio a tanta  turbulência, já tem carro circulando pelos paralelepípedos e sem esquecer a poluição sonora. A falta de fiscalização é tamanha que alguns empresários que atuam no local se sentem os verdadeiros donos do pedaço. Eles desrespeitam a ordem pública e patrocinam uma confusão musical a fazer mal aos ouvidos de quem apenas está buscando um lazer saudável.

Não podemos deixar de lado, que a Praia Grande é viável. Ele faz o diferencial para nós e quem vem de fora, pois estamos diante de um lugar singular e híbrido culturalmente. Tudo é viável ali. De um restaurante, bar, hotel, ou franchising (franquia) dos mais sofisticados ao mais singelos. Dar vida aquele lugar é o essencial. A palavra de ordem é não perder a originalidade.

Enfim, precisamos tirar a Praia Grande da condição do abandono. Em primeiro lugar, rompendo com a barreira do preconceito infiltrada nas cabeças de alguns mauricinhos, patricinhas, emergentes, megalomaníacos e daqueles que perderam o bonde da história acreditando que o comunismo ainda salva e amedronta criança. Um outro passo seria criar uma consciência de todos que um lugar tão precioso não pode se transformar em um hospício dos ‘loucos sem alma’.

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Nara Leão e Camaleônica musicalmente…

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Certo dia, Nara Leão teve uma ideia que aos ouvidos cansados de hoje pareceria banal, mas naquele ano de 1977 estava longe de ser corriqueira: quis fazer um disco inteiro de duetos, cada faixa dividida com um cantor de quem ela gostasse e enriquecida pela companhia de instrumentistas de primeira. Nasceu o álbum Meus Amigos São um Barato, e os amigos a que se refere o título constituíam um elenco capaz de assombrar ouvidos amantes da música brasileira em 2010.

Contou com a adesão imediata de companheiros do tempo da bossa nova: Tom Jobim, João Donato, Roberto Menescal, Carlos Lyra. Edu Lobo lembrou com a anfitriã os tempos em que ambos eram cantores de protesto, e Chico Buarque trouxe nada menos que a hoje clássica João e Maria. Enfeitou o disco com as flautas de J.T. Meirelles, sumidade do samba-jazz e arranjador do disco de estreia de Jorge Ben. Poucas pessoas no Brasil deveriam ser menos roqueiras que Nara Leão, mas mesmo assim ela convocou o gigante gentil Erasmo Carlos, que a presenteou com “Meu Ego”, (ouça) assinada por ele e Roberto Carlos.

Nara também tinha amigos tropicalistas: Gilberto Gil compôs o manifesto racial “Sarará Miolo” especialmente para ela cantar, e Caetano Veloso compareceu com “Odara“, que em breve irritaria ouvidos ditos politizados por querer falar “apenas” de cantar, dançar e soltar o corpo.

Moça capixaba criada em apartamento carioca burguês, Nara não se contentou com tamanho grau de variedade musical (e ideológica): do Nordeste agreste, trouxe as sanfonas de Dominguinhos e Sivuca. Do mundo do samba, lançou luz sobre um cantor desconhecido chamado Nelson Rufino, que compunha para Alcione e Roberto Ribeiro e na década seguinte seria um dos nomes por trás do samba de fundo de quintal – é de autoria de Rufino o partido alto “Verdade” (“descobri que te amo demais”…), estrondoso na voz de Zeca Pagodinho.

A mistura musical talvez parecesse disparatada para os ouvidos frescos de 1977, mas havia uma estranha união (ainda que temporária) entre tantas tendências, e o nome do mistério era Nara Leão. Meus Amigos São um Barato foi um disco discreto, que não causou furor nem fez barulho, mas era uma síntese da história, da personalidade e do programa artístico-político de uma das maiores mulheres da história da música brasileira. Com voz de gatinho, Nara era leão e carregava como virtude mais valiosa o poder de parecer autora de cada canção que decidisse interpretar.

Joelhos formosos

Não existia David Bowie e muito menos Lady Gaga quando Nara camaleão surgiu como garota-prodígio da bossa nova, no final dos anos 1950 (tinha 16 anos em 1958 quando Elizeth Cardoso cantou Chega de Saudade com João Gilberto ao violão e assim deu partida à revolução desenvolvimentista da bossa). Pensavam, então, que Nara fosse apenas os joelhos formosos que faziam mais sucesso que ela – não se fala muito isso, mas a bossa era um movimento essencialmente machista (como de resto tudo mais na música e no Brasil de então). Rebelde com causa, Nara emburrou e não lançou LP algum até 1964, quando a bocarra de uma ditadura pilotada pelos militares se arreganhava por sobre o país.

A bossa nova estava estranhamente desaparecida do disco Nara, que tinha entre seus pontos altos um afro-samba com o seguinte teor: “Deus fez primeiro o homem, a mulher nasceu depois/ por isso é que a mulher trabalha sempre pelos dois/ homem acaba de chegar, tá com fome, e a mulher tem que olhar pelo homem/ e é deitada, em pé, mulher tem é que trabalhar”. Nada mau para uma cultura misógina que, 46 anos mais tarde, ainda incita o hábito de tratar mulheres por “vagabundas”.

De mal com a bossa, Nara se convertera em antiexemplo daquilo que a leveza ensolarada de Tom e João preconizava. Tinha virado uma cantora de protesto, uma folk singer nos moldes da norte-americana Joan Baez, preocupada com as dores do povo, a seca e a fome no Nordeste, a pobreza nos morros cariocas. Ao longo de sete LPs individuais preparados em quatro anos, liderou a corrente nacional-participante da música nacional – a recém-batizada MPB. Nessa fase, gravou uma galeria formidável de compositores, que causaria timidez no elenco colorido de Meus Amigos São um Barato.

Do húmus do samba carioca, resgatou autores que andavam recolhidos ao quase-anonimato: Cartola, Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito, Padeirinho (autor da plangente “Favela”, quando as favelas estavam longe de ser a enormidade que são hoje), Monsueto Menezes, Zé Keti, Elton Medeiros. Do sertão maranhense, trouxe a música do zangadíssimo João do Vale, coautor de Carcará e Sina de Caboclo. Com todos os olhos e ouvidos abertos para o novo, ao mesmo tempo fez-se pioneira em gravar compositores jovens e pouco conhecidos: Chico Buarque, Edu Lobo, Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Torquato Neto, Capinan, Sidney Miller, Sueli Costa, Dori Caymmi, Jards Macalé, Francis Hime.

Nos quatro discos lançados em 1967 e 1969, parecia esboçar uma guinada de volta à velha tradição musical brasileira, gravando João de Barro, Ary Barroso, Lamartine Babo, Custódio Mesquita, Assis Valente, Dorival Caymmi. Era alarme falso: a ex-bossa novista que virara sambista de protesto estava prestes a se filiar às hostes da revolução comportamental chamada tropicália.

Rebeldia em negativo

O disco de 1968, orquestrado e regido pelo maestro Rogério Duprat, abordava chorinho de Ernesto Nazareth e peças dos eruditos Heitor Villa-Lobos e Alberto Nepomuceno, mas ao mesmo tempo mergulhava no cancioneiro furioso de Caetano Veloso e abraçava o ideário tropicalista de “Lindoneia”, “Mamãe Coragem” e “Deus Vos Salve Esta Casa Santa”. Nessa última, investia contra a tradicional família brasileira, aquela que apoiava e sustentava ditadura militar, em versos sarcásticos como “no apartamento vizinho ao meu/ que fica em frente do elevador/ mora uma gente que não se entende, que não entende o que se passou/ Maria Amélia, a filha da casa, passou da idade, não se casou/ ó, Deus vos salve esta casa santa/ onde a gente janta com nosos pais”.

Como de hábito, o disco foi discreto e silencioso como sua dona, mas o recado estava dado. Com o AI-5, Nara (que andava fazendo visitas sutis ao cancioneiro esquerdista de Pete Seeger, Bertolt Brecht, Malvina Reynolds, Jacques Brel e Guantanamera) partiu para o exílio em Paris e gravou, finalmente, seu primeiro disco de bossa nova ortodoxa, batizado Dez Anos Depois.

O  ímpeto da primeira década não voltaria a se repetir, mas ao longo dos anos 1970 ela se tornou uma revolucionária musical ao avesso, eloquente mais pela negação que pela afirmação. Abandonou a gravação de álbuns nos primeiros anos da nova década, e em 1972 foi atriz no filme Quando o Carnaval Chegar, contracenando com Chico Buarque e Maria Bethânia. Entre 1974 e 1975, gravou música caipira e dedicou o LP de volta, “Meu Primeiro Amor”, a um repertório interiorano cuja meta principal era ninar seus dois filhos pequenos.

 O ápice da rebeldia em negativo se deu em 1978, com …E Que Tudo Mais Vá pro Inferno. Como o nome indica, o disco tratava de dar perfume bossa-novista à obra da dupla Roberto e Erasmo, que à época ninguém na MPB julgava de bom tom revisitar. Nara disse não aos preconceitos contra a suposta cafonice do “Rei” conservador e cobriu de suavidade baladas desgarradas como “O Divã”, “A Cigana”, “Cavalgada” e “Proposta”.

O fogo garimpeiro ainda esquentou o disco de 1981, Romance Popular, no qual Nara se aproximou de alguns do mais arretados compositores nordestinos do momento, gravando inéditas de Raimundo Fagner (que ela ajudara a revelar em 1973), Geraldo Azevedo, Robertinho de Recife, Fausto Nilo e o trio Clodo, Climério e Clésio.

A esta altura, o câncer no cérebro já limitava sua vida. Após um disco de samba de raiz (Meu Samba Encabulado, de 1983), acompanhou à distância os sonhos brasileiros de redemocratização, as Diretas Já e a Nova República, e ocupou os anos que lhe restavam regravando pencas de clássicos da bossa e vertendo para o português alguns standards da canção norte-americana. Morreu em 1989, aos 47 anos.

Nestes primeiros anos de um século que ela prenunciou, mas não conheceu, é lembrada com discrição semelhante à que guardava na voz e no comportamento pós-juventude. A sobriedade que a acompanhará através dos séculos às vezes faz obscurecer o fato de que Nara Leão foi e é uma das maiores compositoras brasileiras, mesmo sem ter cultivado o hábito de inventar letras ou melodias.

Texto: Jornalista/Crítico Musical Pedro Alexandre Sanches.

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As três filhas do R&B…

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Enquanto Amy Winehouse não vem, o jornalista e crítico musical Zeca Camargo também comunga comigo que a música pop é inesgotável. E no nicho musical reinventado por Amy Winehouse, um mix de R&B, cabaré, jazz e mais uma pitada de qualquer excentricidade sonora que possamos acrescentar (do bolero ao ska), Camargo sugere três interessantes cantoras: Janelle Monáe  (pronuncia-se “mo-nêi”), V.V. Brown e The Noisettes.

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Nenhum desses nomes é exatamente uma novidade. The Noisettes já está no seu segundo álbum – e ele foi lançado no ano passado. Janelle vem soltando “singles” desde 2008 (o curioso “Meny moons” é de 2009). E V.V. Brown, apesar de ter tido seu trabalho de estreia lançado em janeiro deste ano, já era, há meses, uma aposta da imprensa musical para 2010.

Curioso ao palpite de Zeca Camargo corri atrás de algumas canções do trio  e a conclusão é similar ao do companheiro de profissão. ‘A coincidência, diga-se, surgiu da própria saudade de Amy Winehouse. Se esperamos ouvir algum material novo de Amy, sinceramente, quem sabe no fim do ano, ou no natal de 2011 ou talvez na Copa de 2014 no Brasil ? E mesmo que o novo trabalho saia no fim do ano, faço jus as palavras de Zeca Camargo. “Ainda é uma incógnita o futuro das cantoras junto à indústria cultural de massa,  mas o trio  agrada e Amy terá que suar a camisa mais do que nos primeiros dias de ‘Rehab'”.

O visual é o mais “cool” possível

V.V. Brown é Amy Winehouse encarnada musicalmente.

Não é exatamente novata – é ligeiramente mais “underground”.

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Desculpe se temos a boca suja…

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Na Paraíba entrou em vigor no início de março, a lei “Pimenta na Boca”, que proíbe palavrões, atos violentos e gestos obscenos nos estádios de futebol do estado. De acordo com o músico Zeca Baleiro, em seu artigo publicado na revista Isto É, não há punições previstas por enquanto, mas, a depender da falta de decoro a lei pode virar caso de polícia, principalmente, para quem gosta de soltar os cachorros, extravasar com o adjetivo do palavrão.

Diante dessas leis mirabolantes e polêmicas promulgadas em Assembleia e muita das vezes sancionadas pelo Executivo Estadual, eu(zinho) fiquei me perguntando. Quem nasceu primeiro, a palavra ou palavrão ? Seja lá como for, ninguém pode negar a utilidade de tais vocábulos que às vezes ecoam de maneira chula, mas tem o seu valor no dicionário da língua portuguesa. Se veio primeiro ou não, para Zeca Baleiro, o palavrão é um patrimônio cultural brasileiro. Acrescenta que ele tem função terapêutica.

Seja lá como for, para o jornalista, compositor, escritor e blogueiro, Jorge Fernando dos Santos, ninguém pode negar a utilidade do palavrão.

Imaginem, por exemplo, o que teria sido da grande Dercy Gonçalves se ninguém tivesse inventado o palavrão. Provalmente ela jamais teria se tornado a rainha do escracho do teatro nacional. O também saudoso Costinha com certeza não teria se consagrado sem o uso de tais vocábulos. Menos ainda seu colega Ary Toledo, que chega a degustar palavrões dos mais cabeludos em suas piadas nem sempre engraçadas. E o que dizer de autores como Gregório de Matos e Plínio Marcos? Se o palavrão não existisse, eles provavelmente o teriam inventado. Mas não precisa ir muito longe para reconhecer a importância de tal invento. No trânsito, por exemplo, o que seria de nós sem a possibilidade de xingar o pedestre “s…”, que atravessa fora da respectiva faixa, ou o “f.d.p.” do motoboy que nos corta pela direita? E quanto ao “v…” do motorista que nos dá aquela fechada sem nem mesmo “dar” seta ? No campo de futebol, como poderíamos xingar mãe do juiz toda vez que nosso time fosse prejudicado?  Para quem não tolera o palavrão, vai aqui uma imagem clássica que justifica a existência de todos eles. Imaginem o Papa colocando um prego na parede e acertando com o martelo a cabeça do próprio polegar. Pensam que ele evocaria São Pedro ou Nosso Senhor Jesus Cristo ? Diante do desespero da dor, com certeza sua santidade se comportaria igualzinho ao homem das cavernas. Reiventaria a pólvora, isto é, o palavrão – que nada mais é que uma palavra explosiva – exemplifica.

Para Millôr Fernandes o palavrão entra em ação, “quando percebes que és de um país onde quase nada funciona, o desemprego não baixa, os impostos são altos, a saúde, a educação, a justiça são de baixa qualidade, tal como os empresários que procuram lucro fácil e rápido, as reformas são baixas, o tempo para a reforma aumenta…o que é que tu pensas? Lógico, naquele palavrão, que é preferível não dizer o nome.

E voltando a falar da “Lei Pimenta na Boca”, segundo Baleiro, pode até emplacar, mas vai roubar um tanto da graça das torcidas. Para o escritor Luís Fernando Verissimo, os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos.

– É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia (ou já vinga na boca de muita gente). Sem que isso signifique a “vulgarização” do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole – definiu.

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Morte anunciada…

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A cultura da violência não vem de hoje. As guerras, entre outros conflitos históricos, estão ai para comprovar o comportamento cada dia mais doentio do ser humano. Mas, o que observamos nos noticiários diários dos jornais e da TV é a banalização dela (a violência urbana), especialmente no Brasil. Hoje em dia por qualquer motivo fútil o amigo mata o melhor amigo, um irmão mata o outro, os netos matam os avós, os filhos matam os pais, o pai mata o filho, alguém tira a vida do outro por causa R$ 1,00, e assim acontecem uma sucessão de crimes hediondo, que comovem e deixam a sociedade vulnerável e sem resposta para tanta psicopatia.

Pois bem, o bacana do Blog é a liberdade que temos para colocar o que pensamos e expressar de vez em quando na primeira pessoa do singular. Falar do prazer de fazer arte como fomentador de entretenimento e da leveza da alma é sempre o que procuramos abordar e postar diariamente. Mas, acabei como milhares de brasileiros me envolvendo no caso Isabella para tentar entender e saber o desfecho final do julgamento do casal Nardoni. Foram cinco dias de sessão histórica no Fórum de Santana, zona norte de São Paulo. No banco dos réus Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá, acusados de assassinar a garota Isabella Nardoni de apenas cinco anos, filha legítima de Alexandre e enteada de Ana Carolina. O crime teria ocorrido, no dia 28 de março de 2008, em um apartamento de luxo, na capital paulista, causando uma verdadeira comoção no povo brasileiro.  Se tratava de uma inocente e todos (nós) na condição de pais não entendíamos o que levou o pai biológico e a madrasta a esse surto. Depois de dois anos de prisão em Tremembé, veio o julgamento. De um lado a acusação, do outro a defesa, os jurados e os jornalistas apostos. Todos em busca de uma conclusão para um crime marcado pela complexidade e procurando agir com equilíbrio para não cometer uma injustiça contra o casal, que nega de mãos e pés juntos jamais ter cometido tal atrocidade.

Enfim, depois do espetáculo veio o ‘veredicto’ anunciado com racionalidade pelo juiz Maurício Fossen. Alexandre Nardoni condenado a 31 anos, um mês e dez dias. Ana Carolina Jatobá foi sentenciada em 26 anos e oito meses. Os dois cumprirão pena máxima em regime fechado, por homicídio doloso motivado por um desequílibrio emocional, onde quem pagou o pato foi a pequena Isabella. A plateia aplaudiu o resultado usando como razão de que a Justiça estava sendo feita.  Foi nobre ouvir do promotor de Justiça, Francisco Cembranelli, que não estava em busca de fama por ter ganho a causa. Disse ele que ‘trocaria toda essa exposição pelo anonimato se pudesse trazer Isabella de volta’. Tomou o imbróglio para si e venceu, com direito a recurso por parte defesa. Para o povo brasileiro, o doutor  [Cembranelli],  se tornou um mito, uma representação de que a justiça é possível num país onde se desacredita tanto nela.

Depois de acalmado os ânimos, fiquei ‘bolado’ e me perguntando. Qual o sentimento das duas familias após o resultado e pelo fato de estarem envolvidos em um ato insano ? Acredito que a sensação é de sofrimento e luto para ambas. A mãe e os avós maternos de Isabella podem até ter festejado a decisão da justiça, mas com certeza, a perda da garota representa muito mais. Os avós paternos devem ter sentido uma dor ainda maior. Além de não ter mais a presença da neta, terão que conviver com a culpa e a condenação de um crime que que manchou a alma e provocou uma nódoa eterna no lar dos Nardoni.

Uma outra pergunta que me veio a cabeça diz respeito à famíia. É uma instituição em crise ? Acho que nem Freud conseguiria explicar tamanha desestrutura familiar ocorrida nos últimos tempos nos lares, independente da origem social. Eis uma outra pergunta no ar. Será que mimar demais faz mal e não procurar compreender que a crise existencial é o grande mal do século ?

Pois bem, enquanto não conseguimos uma resposta exata para tais questionamentos, me resta preferir uma ‘palminha com amor não dói’ à  “mamãe eu quero mamar’ de maneira imperativa. Pra você, qual das opções seria a mais coerente para não se correr um risco maior de chorar com os filhos e lamentar uma morte anunciada, pois um dia de cadeia na vida de um ser humano ele não será mais o mesmo…(?)

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O dia do rádio, é Hoje !!!!

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O rádio cumpre uma função insubstituível: informa e distrai.  Ele  não vai desaparecer com a chegada da internet, mesmo porque ele foi inserido na própria  net. Para ver como ainda possui seu real valor ! Hoje, mesmo com todas as possibilidades tecnológicas da informação, este ainda é o meio mais “rápido” e “imediato” de se veicular uma informação. Uma mídia com maior acessibilidade às camadas populares para a sua aquisição.

Ele precisa apenas ser analisado. Esse é um dos principais objetivos da oficina, “Um rádio com Novos Códigos e Idéias para Fugir do Lugar Comum“, que ocorrerá nesta sexta-feira, 26, na Faculdade São Luís, integrando a programação paralela do 3º Fórum de Jornalismo. promovido pela Coordenação do Curso de Comunicação da Instituição.

Não queremos ser os donos da verdade absoluta. Mas, acreditamos que é possível se construir um rádio preocupados em desconstruir conceitos pré-estabelecidos e algumas fórmulas consideradas exatas pela ‘mass midia’. A oficina vai respeitar o senso comum, porém tentaremos indicar uma alternativa para que tenhamos uma opção a mais em audição. Para que essa tentativa se torne uma realidade é preciso ousadia, criatividade  e conteúdo conquistado com uma leitura de mundo. E mais, saber entender que somos integrantes de um planeta que gira, onde ficar estático nele é recorrer ao suicídio. (quanta morbidez, mas é pura verdade, ahahahahahahaahahah..)

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Chá de Bom Senso

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É triste quadro do sistema de limpeza pública em São Luís. O problema se arrasta há uns dois meses e alguns dias.  O que se vê é lentidão no processo da coleta do lixo em ruas, avenidas e bairros da cidade. Em meio ao caos, e a esperança que a Ópera Bufa tenha um final feliz, o impressionante e um absurdo é  a total falta de educação das pessoas em relação a manter a cidade limpa.

No fim da tarde desta segunda-feira (22),  estava em um bar na Praia Grande, no Centro Histórico de São Luís, quando um homem sem qualquer tipo de bom senso pegou uma garrafa de água mineral, que estava bebendo, e jogou no chão. Fiquei estarrecido com a atitude grosseira e indelicada daquela criatura, que jamais conseguirá entender o significado da palavra cidadania. 

Pois bem, não sei se fico indignado com quem joga lixo no chão por simples comodidade e falta de respeito, ou se com quem suja sabendo que alguém vai limpar. Talvez se a sujeira não fosse retirada eles percebessem o nojo que fica. Ninguém gosta de ficar em lugar sujo. Só ratos, baratas e os porcalhões que se empanturram de esfirra e coca-cola e deixa tudo lá, ou aqueles que pegam produtos estragados, colchões, malas, entre outros utensílios usados para atirar em terrenos baldios, esgotos, provocando mau cheiro, doenças e a possibilidade do feitiço virar contra o feiticeiro.

Jogar lixo no chão deveria ser passível de multa, mas ainda acredito que um bom puxão de orelha ainda é o melhor remédio, afinal, educação é um luxo que se traz ainda no berço. Não vou entrar no mérito da reciclagem, pois se para alguns já é difícil não jogar papel de bala no chão, reciclar vai ecoar em grego…

Assim, deixo a bronca para os pais, avós, tios, professores, e que se estenda ao próprio Sugismundo(a). A recomendação é para que ele(a)  tome um chá de simancol e perceba que atirando no lixo no chão está contribuindo para a poluição do ar e consequências vivenciadas no presente.

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Dois pesos, duas medidas…

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Um certo amigo disse que gostaria de viver pelo menos 30 segundos de fama e entrar para o mundo das celebridades. Mas, ao mesmo tempo ele refletiu e chegou a conclusão de que para ter a alcunha de celebridade são necessários dois pesos, duas medidas, até porque a vida é misteriosa e marcada por altos e baixos. Enfim, ser celebridade é como se estivesse num eterno ‘reality show’, num mundo fascinado pelo glamour,  fama, assédio e vaidade. Agora, tudo acontece quando a maré está pra peixe. Por outro lado, o famoso pode conviver com o ostracismo, a cobrança e a desgraça. Basta deslizar e desrespeitar os valôres concebidos e impostos pela sociedade ocidental. Mesmo com todas as controvérsias, turbulências e da possibilidade de se sentir sempre fechado numa casa de marimbondos, tem gente que prefere à fama ao anonimato.

Ser famoso é conviver com um número crescente de revistas e programs de fofoca, com a popularização da internet (em que a informação circula livremente), com os flashes constantes dos paparazis e com a língua afiada de profissionais da comunicação, que se autointitulam de críticos. E aí, haja vigilância, invasão de privacidade e informações com e sem responsabilidade, transformando a notícia em um ‘Tribunal de Inquisição’, ou em algo carregado de preconceitos. Para Bernard Show: ‘um crítico é alguém que se interpõe entre o artista e o público sem ter sido convidado por nenhum dos dois’. Para Truffaut, o crítico deveria ser proibido de falar mal. Só é produtivo falar bem, apontar bons caminhos”.

Em uma entrevista publicada pela Folha de São Paulo, a modelo gaúcha Gisele Bündchen fez um comentário convincente. “Hoje parece que as pessoas querem saber mais sobre quem (um famoso) namorou, casou ou divorciou do que das coisas que acontecem no mundo. É ridículo. Você sabe por que isso acontece ? Porque as pessoas têm medo de olhar para dentro delas mesmas. Preferem viver a vida das outras pessoas. Elas não refletem sobre as questões sérias que afligem o mundo, e para as suas próprias vidas”.

Defendo a teoria de que estamos aqui para informar e denunciar quando for preciso. Agora, a cautela existe com uma apuração coerente dos fatos. Quando você chuta, especula, faz a crítica pela crítica, estigmatiza e afirma que alguém é mau caráter, marginal, porque é anônimo, pobre e preto, ou pelo fato de conquistar a calçada da fama por natureza ou por ascensão social, graças ao dom e vocação pela arte, não está sendo leal com a liberdade de expressão e a ética. Ao conviver com situações de deslealdade, irresponsabilidade e da vaidade pessoal, tenho a sensação de que por trás de todo opressor existe um oprimido. Portanto, “antes de criticar a vida dos outros, faça algo que preste.” (Elio Didimo)

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