Ouvido Renovado

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Legal as dicas do jornalista Zeca Camargo sobre os discos que não ouvimos em 2011. O cara é um privilegiado, enfim corre mundo e tem grana pra comprar raridades discográficas. As dicas servem e o que nos resta é correr atrás pra fugir um pouco do lugar comum. Quem gosta realmente de música tem que garimpar pra si e pros outros.

Entre os discos na lista de novidades de Camargo já consegui ter acesso ao Macaco, “Puerto Presente”. Realmente, a sensação a primeira ouvida é a de um novo Mano Chao à vista.

Usando as palavras de Zeca Camargo, “Macaco não é um genérico de Mano Chao, mas uma banda de um artista só, o catalão Dani Carbonell, extremamente original. Que, como Chao (e essa é a única comparação possível), bebe de todas as fontes.

Ao mesmo tempo, é de uma economia absurda, como se tivesse vergonha de ter que admitir que bebeu em tantas fontes.

Meu conselho para Macaco: não se iniba, saia cantando pelos quatro cantos do mundo que te inspiram. De minha parte, já estou irremediavelmente escravo do refrão de “El son de la vida”…

Antes de correr atrás das outras novidades, gostei do comentário que fez do novo trabalho de Paulinho Moska, ou Moska. Foi a única citação nacional sugerida pelo jornalista.

Em tempos de vacas magras, pouca criatividade no Pop ‘Brazuca”, oxalá, o carioca e veterano ‘Moska’, ou ‘Paulinho’.

– Tão prolífico quanto negligenciado, Paulo Moska está presente em nossas rádios – e na nossa memória musical – há mais de uma década (há mais de duas, na verdade…).

Mas, em muitos casos, é quase sempre um outro artista que acaba levando os créditos por uma canção sua. Não poderia haver injustiça maior.

Eu, devo confessar, em nome da transparência, sou admirador de longa data… E foi com grande expectativa que fui ouvir esse disco duplo – os títulos são uma referência sutil ao tipo de música que cada CD apresenta.

A expectativa, como eu já podia imaginar, foi mais que preenchida. Num ano (mais um) em que o pop brasileiro não apresentou nenhuma novidade marcante (ok, Luan Santana criou um nicho todo seu, mas quem tentou puxar a brasa para o rock não evoluiu nem um degrau – e você sabe de quem estou falando), ouvir – e “re-ouvir” – Moska é uma espécie de lição bem didática. Existe um caminho, é só colocar o violão para funcionar… – falou e disse Zeca Camargo.

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Funcional

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Viajar é um dos meus programas prediletos e conhecer o Brasil do Oiapoque ao Chuí, é, ainda, mais interessante. E resolvi fazer um passeio por cidades históricas de Minas Gerais (Diamantina, Ouro Preto e Sabará), além da região dos Lagos no Rio de Janeiro (Búzios, Saquarema, Itajaí, Mangaratiba, Angra dos Reis, Praia Brava, Praia do Pontal e fechando no Centro Histórico de Paraty), onde aproveitei para uma parada obrigatória.

Uma experiência que valeu a pena. A cidadezinha, pacata e representativa por sediar a Feira Literária Internacional de Paraty (Flip), é aconchegante. O turismo do PatrimônioArquitetônico em Paraty é funcional e híbrido, ou seja, contextualizado com o local e o global [lojas de griffes (foto acima), creperia, sorveteria italiana, Pubs, tradicionais lojas de artesanatos e souvenirs].

População educada e consciente, interativa e beneficiada com o produto, além de gente pelas ruas e becos da cidade.  Poder Público participativo, casarões conservados, serviço com disciplina e eficiência, preços acessíveis e, principalmente, o respeito ao turista.

Dizer que o turismo é uma empresa rentável e de Responsabilidade Social ecoa como um jargão ou uma frase reduntante. E quem sou eu para dizer como se deve fazer turismo. Mas, na condição de consumidor do produto acredito que Turismo deve ser feito com ações concretas de conscientização, seriedade, profissionalismo para que o produto não se torne uma fálácia.

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Ousadia

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Passei algum tempo escutando o CD duplo, “Baiãozinho Nuar”, do músico nascido em Pernambuco, paraibano de coração, Assis Medeiros, e só agora resolvi me manifestar sobre o trabalho e fazer uma resenha. Em primeiro lugar, é bom que se diga, Assis Medeiros é uma figura conhecida de todos nós. Passou uma chuva em São Luís, onde só contribuiu como jornalista e na cena cultural da cidade. Atualmente mora em Brasília, onde divide o tempo entre a burocracia do Congresso Nacional e a música. Com certeza, sabe dividir bem as coisas e a maior prova é que continua a fazer barulho com a música.

Quanto ao trabalho em overdose, Assis vai contra a corrente da indústria de massa ao colocar no mercado um disco todo dedicado ao baião. Indagado, ele diz que o disco “não se trata de um baião convencional e o define como a alma dele dividida entre o mar de João Pessoa e o céu de Brasília, entre o pulsar da zambumba do Maranhão e a zuada das guitarras. Com essa concepção dá para legitimar o trabalho como sendo conceitual, autoral e diverso, característica de uma vida marcada por andanças e experiências regionais brasileiras.
O baião que se ouve no primeiro disco traz onze faixas e tem como base a viola de 10 cordas, a zabumba, um quarteto de cordas e instrumentos de sopros (com destaque para a sonoridade de corne-inglês). Os arranjos do “Baiãozinho” são do baixista e maestro Leonardo Batista, amigo de longas datas do compositor.

Neste disco, Assis soa calmo em canções construídas com arranjos sutis e a harmonias que mostram a face mais regional do músico. Ele dialoga com vários ritmos nordestinos, como a ciranda, o boi do Maranhão e o maracatu. “Pode até não ser baião de Luiz Gonzaga ou João do Vale”, brinca o artista. Enfim, um disco cuja a base é uma só: baião, sim senhor !

Enquanto o primeiro disco traz uma textura sonora ‘linkada’ no Nordeste e no sertão – o Nuar é a face mais urbana do músico, mais concreto armado de Brasília.  Ele vive na capital federal e política do Brasil, cidade formada desde sua construção por brasileiros de diferentes cantos do país. Esta multiplicidade raças e sotaques que contribuiu para a formação cultural dos chamados candangos e está literalmente presente no trabalho duplo de Medeiros.

Repertório

Entre as canções de “Baiãozinho”, destaque para “Coqueirinho” (dele/do maranhense Hamilton Oliveira), “Baiãozinho Nuar” (dele/do maranhense Hamilton Oliveira, “No Quebrar damaré”, “Canto Torto”, as três canções já conhecia desde o período em que Assis morava em São Luís, além de “Vinte Léguas de Amor” (dele) e “Vento Geral” (dele/Maurício Melo), “Uma Tarde Linda” (dele/Gustavo Gracindo). Já do “Nuar”, “Cobral Coral” (dele), “Não” (dele), “Pegadas” (dele) e “Solitário”, poema de Augusto dos Anjos musicado por Assis.

Independente

O “Baiãozinho Nuar” é o segundo disco de Assis e saiu pelo seo “Sete Sóis”, com distribuição Tratore. Numa época em que gravar disco parece uma atitude fora de moda, o CD duplo de Assis Medeiros quebra o paradigma e se resume como pura ousadia. Para conhecer o trabalho de Medeiros acesse www.myspace.com/assismedeiros.

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Prometeu e Cumpriu

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Djalma Lúcio prometeu no Réveillon e cumpriu o combinado em pleno outono, no mês de outubro. “Conforme Prometi no Reveillon” é o primeiro disco solo do artista maranhense, [quem não se lembra como vocalista, compositor e violonista da extinta banda pop local Catarina Mina]. O trabalho surgiu no momento exato, ou seja, justamente quando Djalma sentiu a necessidade de retornar ao convívio com a música.

Com a dissolução da Catarina Mina, que durou quatro anos, cada integrante da banda (Bruno Azevedo e Eduardo Patrício) seguiu a sua trilha. Djalma foi cursar rádio e TV na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mas não tirava da cabeça a vontade de gravar um disco e voltar aos palcos.

Enfim, o boêmio voltou e trouxe na bagagem uma outra estética sonora e nova proposta de trabalho inclusas na sua produção recente. “Conforme Prometi no Reveillon” é o título do EP (Extended Play ou mini-álbum) com as músicas “Infiel”, feita em parceria com Fábio Abreu e Breno Galdino”, “Conforme Prometi no Réveillon”, “Não Quero Dançar” (ouça) e “Bar Central”, compostas no período em que integrava a Catarina Mina, e todas composições do próprio Djalma Lúcio.

Os primeiros passos para o reconhecimento do trabalho junto ao público já foram dados. Djalma Lúcio recorreu à imprensa (rádio, TV e Jornal) que aprovou a ideia. O outro caminho a ser trilhado foi o do palco. No último dia 8, no teatro João do Vale, o artista brindou os fãs, os curiosos e ávidos por música com o show e disco homônimos “Conforme Prometi no Réveillon” além da participação do DJ Franklin abrindo a festa/show com o seu som cheio de ‘groove’ e misturas.

As músicas já foram tiradas da gaveta, gravadas no estúdio Casa Louca, com o auxílio luxuoso do produtor Adnon Soares, e colocadas para tocar no rádio, na vitrola, enfim, em qualquer espaço em que tiver música.

“Infiel”, conhecida pela releitura da banda XNoz, em 2006, ganha um toque especial numa interpretação introspectiva, mas consistente no timbre vocal de Djalma. E se o objetivo é intepretar com o coração e a emoção, o artista sabe fazer isso como ninguém. O reflexo pode ser notado nas outras três faixas do EP.

Mesmo com o jeito tímido de ser, o artista Djalma Lúcio tem requisitos significativos para um cenário local que pouco tem se mostrado. E já que cumpriu o prometido resta torcer para que o EP com quatro faixas tenha um destino certeiro.

Foto: Heloisa Batalha

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O Rei do Futebol é Negro…

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Não é todo cidadão no mundo que conhece a identidade Edson Arantes do Nascimento, mas a entidade Pelé o mundo inteiro sabe quem é. Edson Arantes do Nascimento nasceu em Três Corações (MG). Lá, era chamado de “Dico”. Ele mesmo diz que o Edson nasceu em Três Corações, mas o Pelé nasceu em Bauru, interior paulista, e brilhou nos gramados do mundo inteiro, e virou uma marca.

Como dizia o músico nordestino Jackson do Pandeiro: “Quem é aquele moço com a bola no pé. É o rei Pelé”. A habilidade nos pés, os dribles desconcertantes e o faro de gol lhe deu dinheiro e fama. E o que nos resta dizer que o cidadão do mundo no futebol é negro. O rei do futebol é negro. O atleta do século negro. O negro, que no Brasil, ainda, não é levado a sério. É visto por políticas públicas assistencialista de governo, por discursos demagógicos e de ações afimativas de cotas, disto ou daquilo. É a tal dívida histórica de quem chegou ao Brasil na condição de escravo e que, na verdade, só contribuiu para o desenvolvimento do País.

Não nos cabe aqui ficar chorando o leite derramado. A história está aí para dizer que o Brasil tem Pelé, o cidadão que faz música, já virou música, e é negro. O cara, que completa 70 anos neste sábado, se tornou o investimento mais bem sucedido da história do futebol nacional.

Pelé [ele] é negro. Se é assumido ou não, a cor da pele não esconde. E mais, é uma referência para todos nós que acreditamos que o caminho para se chegar a algum lugar não é “segregando”, discutindo como se tivesse perdido o bonde da história ou vivendo em “guetos”, mas sim, transitando com o mundo e as suas diferenças. Afinal de contas, antes da questão da pele, somos ou não seres humanos ?

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A Vida Como Ela é…

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Em tempos de globalização, neoliberalismo, das sociedades fechadas, individualistas e da presença mais do que marcante do capitalismo, fica difícil entender o que é música feita para gente inteligente, ou para deixar alguém mais burro. Pois o próprio artista gera a confusão, quando alguns dizem [sim] a mistura, mesmo que se perceba uma certa incoerência nessa simbiose.

Em certa ocasião, Zeca Baleiro disse que faz música para entreter e deve acreditar que existe um lugar comum ao ouvir sua música “Lenha” gravada pela banda cearense Mastruz com Leite em ritmo de ‘oxente music’. Será que às vezes não radicalizamos quando usamos o discurso de que música boa é aquela com a letra extensa, cheia de metáforas, arranjos apurados e interessantes para se escutar em rodas de conversa à base do discurso de quem estuda em Havard, entende de socialismo do Karl Marx, degusta Sushi e Sashimi em um restaurante fino oriental, tem uma farta adega de vinhos  lê poemas de Fernando Pessoa e livros de Gabriel Garcia Marquez, ou escuta jazz denso, ‘free’ e complexo de Charlie Parker, John Coltrane, escuta samba de raiz dos morros cariocas, e enxerga a educação de acordo com as teorias de Paulo Freire ?

Ah, seria hipócrita em não concordar que eu gosto é de música  e poesia cabeça, feita para se meditar e reagir com criticidade. Ah, mas não posso esquecer que existe o senso comum, que tem o seu valor no contexto, pois uma onda humana, que independente de ir ao não à escola, de ter ou não acesso aos livros, de ser cozinheiro ou jornalista, de andar de terno e gravata ou não, adere. Às vezes conviver com a diferença não deixa de ser uma experiência notável, pois serve como aprendizagem e virtude para perceber que a divergência de ideias, pensamentos é uma característica fundamental e eterna da vida.

Pensando assim, eu prefiro a tese que antes da crítica vem a contribuição formatada em ações concretas, acreditando numa ideologia verdadeira, autêntica para se saber entender a vida como ela é.  Tarefa difícil, pois o senso comum existe, é representativo no dia a dia das nossas vidas. Embora não venha concordar com tudo o que se manifesta óbvio, não   podemos esquecer que existe  a possibilidade de se escorregar na casca de banana em nome da sobrevivência. Portanto, será que não é preciso tomar cuidado com o ser intelectual que existe dentro de nós (?)

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‘Vocês Vão Ter Que Me Engolir”

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“Vocês vão ter que me engolir”, disse o maranhense àqueles que ele julgava desprezá-lo. O maranhense, chamado Zeca Baleiro, tem 44 anos e é músico desde a adolescência, mas só nos últimos 13 anos conseguiu difundir suas criações Brasil afora – a partir de São Paulo (onde se radicou em 1991), e não do estado natal.

“Vocês Vão Ter Que Me Engolir” é o título, um tanto sarcástico, com que ele batizou o pacote com que resolveu comemorar a efeméride nada redonda de 13 anos de presença no showbizz desde o advento do CD “Por Onde Andará Stephen Fry?”, em 1997. Leia mais

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Voto pela Sinceridade…

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Se tem uma coisa que aprendi na trajetória da profissão é que não devemos nos isolar. Achar que somos a verdade absoluta. Ouvir e ler o que os outros escrevem é uma tarefa que gosto de fazer. Enfim, é ouvindo e lendo que se enriquece o conhecimento e agimos criticamente quando necessário. Portanto, o legal é escrever em linhas certas, com coerência, para que o texto seja condizente com a personalidade, o caráter da pessoa e conquiste a credibilidade do leitor.

Em sala de aula, [eu] e os alunos do 5º período do Curso de Jornalismo, noturno, da Faculdade São Luís, temos explorados, além da conta, o conceito de etnocentrismo, xenofobia, hibridização cultural, a relação entre tradição e modernidade, assuntos que por sua complexidade dão pano pra manga.

Marcelo Adnet: o cara brincalhão, irreverente, sincero, sem ser cabeção

Portanto, me estimulei em destacar neste blog o tema modernidade aliado ao 3 de outubro, o dia “D”, que se manifesta de dois em dois anos, em que procuramos na urna decidir o destino da cidade, do estado e do País em que vivemos. Uma missão quase impossível, pois em meio a dinâmica, o malabarismo e a arte de se fazer política no Brasil fica difícil separar o joio do trigo e citar esse aqui é bom porque é honesto e vai trabalhar para melhorar a minha vida e dos demais brasileiros. Não acredito em milagres dos homens e em utopias.  Por isso, sou filiado ao “Partido da Sinceridade”, do humorista da MTV, Marcelo Adnet.

E por falar na modernidade o que mais dói é saber que [ela] chega, por meio da tecnologia, e sem uma filtragem do que deve ou não ser lido ou enviado. Com toda sua imponência e importância, esse aparato bélico da informação na internet, a  impressão que se tem é que o ser [moderno] realmente não avança.  Em muitos ‘links’ errados,  se reforça velhos e repetitivos conceitos de etnocentrismo, xenofobia, que por sua vez, continuam a gerar o preconceito. Além desses valores ultrapassados, a tal modernidade, que ecoa cafona, criou uma sociedade literalmente consumista, competitiva e segregacionista. Tudo isso patrocinado pelas chamadas redes sociais e tribais. Até parece que  o Globo está pensando unilateralmente, ou seja, numa homogeneidade de dar dó.

Como diz o jornalista Alex Palhano em crônica publicada em um jornal da cidade: “Parte do planeta acredita em futurismos, parte do planeta é negativista, parte do planeta crê em soluções, parte do planeta é devorada. Parte do planeta se cala”. Pois bem, o que nos resta diante desse relativismo cultural é problematizar.

Agora, difícil é tentar entender a humanidade. Chegar a uma convivência pacífica e homogênea tendo que assimilar a hibidrização dos povos parece pura utopia, mas não é. Tudo depende de como uma sociedade é civilizada, desde que ela seja capaz de entender que os povos andaram e deixaram rastros.  Que ela perceba que  é necessário preservar a pedra de cantaria em seu ‘habitat natural’ e não transformá-la em artigo de luxo pessoal.  E não patrocinar aquele discurso chato e etnocêntrico dizendo para todo mundo que isso aqui é meu e é melhor que o seu. Na verdade, as pessoas esquecem que  a [gente] possui apenas uma identidade e o politicamente correto é perceber que somos miscigenados pela história.

Diante de tantas complexidades, perguntas e respostas, penso que o correto, também, é tentar entender o outro, mesmo que o outro pense diferente. Não é uma tarefa fácil de se praticar. Pois para tentar entender o outro é necessário que a gente também faça uma reflexão do [eu].

Será que o meu mundo é o melhor porque sentei no banco da universidade, viajo para as grandes metrópoles do mundo, twitto, tenho facebook, uma comunidade no orkut, me acho intelectual, sou  ambientalista e frequento as festinhas ‘fashion’ de celebridades do ‘high society‘ ?

Educação, gentileza, bom senso, conhecimento, respeito, maturidade, elegância, personalidade, caráter, humildade, sinceridade, entre outros adjetivos importantes para que pelo menos possamos criar um mundo possível, são condutas oriundas do biológico e vem do berço.

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Manhãs de Setembro

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Quem não se lembra de “Manhãs de Setembro“, na voz de Vanusa, a deusa e figura marcante na Jovem da Guarda, que vacilou, recentemente, pisando na bola ao executar o hino nacional. O jornalista Zeca Camargo destacou a canção, a cantora em seu blog e desafiou quem gostaria de uma parceria musical com Vanusa.

Conta o jornalista que teve de acordar bem cedo para pegar voo, respectivamente, para São Paulo e Curitiba. E, com efeito, sempre a caminho de um aeroporto, antes mesmo de o relógio dar 6h, escutava no rádio dos táxi que o levava o “imortal” refrão: “Eu quero sair, eu quero cantar, eu quero ensinar o vizinho a cantar”… E me perguntei se seria apenas uma coincidência ou, como sugeri acima, um ritual… Veio a constatação de que ele não ouvia a canção por inteiro há algumas décadas e começou a cantarolar interiormente.

– Peguei-me cantando (mentalmente, para não intimidar o motorista que me levava) “Manhãs de setembro” inteirinha! A música provavelmente, estava impregnada no meu “hard disk”… E não sem motivo. É uma letra bonita – se você descontar o verso “fui eu que num esforço se guardou na indiferença” –, composta pela própria Vanusa. E tem uma melodia, se não sofisticada, no mínimo elaborada – e minha justificativa para isso é a truncada passagem dos versos iniciais para o coro – comentou.

Além de “Manhãs de Setembro”, entre as revistas que estavam na mala de mão de Camargo, para ajudá-lo a enfrentar as horas dentro do avião, ele tinha a “Entertainment Weekly”, com data de publicação de 3 de setembro. Na capa, uma bizarra competição na qual o leitores da “EW” escolhiam a “criatura” mais sexy entre os personagens de fantasia da história recente do cinema e da TV (não vou contar quem ganhou, mas se quiser pode conferir aqui. Mas o que interessou mesmo o jornalista foi uma outra lista que eles publicaram, com os duetos mais surpreendentes (leia-se “improváveis”) da música pop!

– O que inspirou tal seleção foi a “quentíssima” e inesperada colaboração entre o rapper (e produtor) mega bem sucedido Kanye West e o fenomenalmente popular Justin Bieber. A música que eles fizeram juntos, “Runaway love” já circula freneticamente aqui mesmo na internet – e se você não estava sabendo e precisa de alguns minutos para se recuperar do susto, não tem problema. Respire, e siga comigo, pois a proposta de hoje é interessante – brincou.

No maravilhoso mundo do pop, tudo é possível – e a lista da “Entertaiment Weekly” é prova disso. Disse ele não gostar exatamente de todas as músicas que eles escolheram, mas há momentos inegavelmente preciosos – para não dizer “clássicos” – Cita a parceria do Run D.M.C. com o Aerosmith, que, segundo ele, conseguiu reinventar (e, diria, até melhorar) a faixa “Walk this way”; ou a arrebatadora combinação entre Afrika Bambaataa e John Lydon (ex Sex Pistols) na sensacional “World destruction”; o então homofóbico Eminem cantando “Stan” com Elton John no Grammy de 2001 foi lembrado (é o número um da lista!), bem como um das faixas dele favoritas, ou seja, Pet Shop Boys, com “What have I done to deserve this?”, gravada com Dusty Springfield; Blink-182 com Robert Smith (The Cure), KLF com Tammy Wynette, U2 e Luciano Pavarotti – e mais um punhado de encontros – reforçam a tese de que, quando um artista decide vencer preconceitos e arriscar, o resultado só pode ser bom!

Para Zeca Camargo, mesmo no pop brasileiro, que ainda é tímido nessas misturas, quando dá certo, dá muito certo. Só para lembrar algumas, a primeira parceria que veio à cabeça dele é a de Ana Carolina com Seu Jorge – não exatamente artistas que foram feitos um para o outro, mas que funcionaram muito bem juntos (e como!).

– Há poucos dias vi Maria Gadu e Caetano Veloso juntos no palco do prêmio Multishow – ambos artistas “de fina estampa”, ainda que de padrões diferentes, mas que se encaixaram com perfeição. Lembra-se da boa surpresa que foi ver Marisa Monte cantando com a velha guarda da Portela – questionou.

– E que tal o Sepultura tocando para Zé Ramalho cantar (“A dança das borboletas”) – o mesmo Zé Ramalho que, quando o “Fantástico”, programa em que trabalho, comemorou suas 1.500 edições em 2002, cantou com os Raimundos o sucesso de Raul Seixas, “Metamorfose ambulante” (foram vários encontros inusitados, inclusive o meu favorito: Sandra de Sá e Jota Quest homenageando Tim Maia… mas eu divago…). Até colaborações “internacionais” acabam ficando interessantes, como as recentes entre Negra Li e Akron (“Beautiful”), Vanessa da Mata e Bem Harper (“Boa sore/Good luck”), e Wanessa e Ja Rule (“Fly”) – sugeriu.

Com tantas possibilidades, Zeca Camargo resolveu perguntar: por que ninguém ainda convidou Vanusa para uma dessas parcerias inesperadas?

– Com aquela voz poderosa – certamente mais poderosa que sua memória! –, como ninguém ainda pensou em chamá-la para trabalhar junto? Onde está Marcelo D2 quando mais precisamos dele? (Eu sei, o que ele fez pela cantora Cláudia em “Desabafo” ficou mais na área do “sampler” – mas por que não cutucar o genial D2 para ele pensar em uma colaboração “de facto”?) – convocou.

Assim, num inocente exercício de imaginação pop, ele jogou a pergunta para o internauta: na sua opinião, quem faria uma boa dupla com Vanusa?

– Pode viajar! Aliás, quando mais inusitada a parceria, melhor! “Se calhar” (como se diz “no Portugal”), pode até sugerir a música também… Só para começar, em bem que queria acordar de madrugada daqui a um ano e, a caminho de um aeroporto qualquer, ouvir Pitty cantando “Manhãs de setembro” com ela – tudo produzido por Karina Buhr (que ainda emprestaria seu lindo sotaque aos vocais do refrão, é claro). E se quiser continuar na brincadeira, aproveite e me ajude a lembrar também de outros duetos (nacionais e estrangeiros) surpreendentes da música pop – eu certamente deixei muita gente legal de fora neste “breve” post… – ressaltou.

As respostas vieram em diversos tons:

Que tal Vanusa e Mallu Magalhães cantando “Lança Perfume”. Uma parceria que é imperdível é o da Grace Jones e Pavarotti. (http://www.youtube.com/watch?v=Ei1Sl7RAmzw)

João Rafael:

Bom, primeiramente adorei o post, e como dica de parceria porque não Mano Brown (Racionais Mc’s) e Vanusa cantando Jorge Ben… ou Elis Regina aposto que seria a mais tocada na Bilboard e ainda deixo mais algumas sugestões:
– Leilah Moreno e Charlie Brown Jr
– Marisa Monte e Seu jorge
– Negra Li e o Rappa

Enfim, acredito que a lista seja interminavel, pois temos ótimos artistas, acredito que o problema estaja na mão dos produtores, que preferem o comercial ao artístico.

Mas quem sabe no seu próximo vôo já tenhamos uma boa notícia..

Até mais..

Bruno Brilhante

Uma boa combinação acredito que bem legal é Vanusa (com seu vozeirão), Rocicleia (humor) e o FALCÂO. ( a sua irreverência) o que você acha? abraço

Audierli

Vanusa e lady gaga….
Vanusa e maria betania

Luisa

Acho que Vanusa e Beto Guedes fariam uma ótima dupla. Vanusa canta a primevera com manhãs de Setembro e Beto Guedes com Sol de Primavera e os dois em suas apresentações esquecem, erram a letra e desafinam.

Renato Reis

Um “cantor” que poderia fazer uma dupla maravilhosa com a Vanusa, seria o “roqueiro” Serguey, muito mais famoso pelo seu “affair” com a Janis Joplin do que por qualquer música que tenha composto ou cantado…

Fica a sugestão… só não gostaria de estar presente, na hora da “performance”, rsrsrs….

Jorge Alberto

E você aí…

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Impecável, Inesquecível e Histórico

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No começo deste ano Klaus Meine, 62 anos, e o guitarrista Rudolf Schenker, também 62, anunciaram ao lado de Matthias Jabs, guitarrista, 54, Pawel Maciwoda, 43, baixista (polonês), e James Kottak, baterista, 47, (americano), que a banda iria encerrar suas atividades. Uma turnê mundial, “Get Your Sting and Blackout 2010”, para fechar o botequim e, no ano que vem, cada um vai para sua casa cuidar da vida.

Finalmente acabou a última turnê do Scorpions no Brasil e na América Latina. Passou por João Pessoa, São Paulo, Curitiba, Brasília e, por fim, São Luís, no Maranhão. Ao entrar no cenário localizado no Centro Histórico parecia estar vivendo um sonho que se tornou realidade. Acordei para assistir aos escorpiões, que embora alemães, foram britânicos com o horário. Duas horas de um concerto de puro “hard rock”.

O quinteto não apresentou nenhum sinal de cansaço em duas horas de pura adrenalina, foi percepível. Eles seguem sendo quem sempre foram: roqueiros puros, “old fashioned”, malucos, de cabelos pintados, óculos escuros, roupas extravagantes, com suas guitarras nervosas e mensagens tatuadas. “Rock ‘n’ Roll Forever” é o que dizem as costas de James Kottak, o baterista. Irreverente, direto e reto, ou melhor, um show à parte.

O show? Ora, o que importa o show? Foi nesquecível e ímpar em nossas vidas. Com certeza, muitos malucos enlameados que estiveram no primeiro Rock in Rio em 1985, hoje, quarentões, alguns com barriga e sem cabelo estavam por lá, acompanhados dos filhos. Um encontro de gerações.

Não havia no palco de São Luís o barro da Barra, nem a Malt 90. Não havia fumaça de espécie alguma no ar, pois o mundo anda acomodado, sem querer uma revolução em defesa de uma causa nobre. No meio a alienação, aculturação e individualismo como o centro de universo contemporâneo, não resta uma outra coisa a fazer, as pessoas erguerem os seus celulares, filmarem, fotografarem os “heróis do heavy metal”.

E o show ! Pois bem, o que vi e ouvi foi Klaus Meine soltando a voz com a competência de sempre tocando as inéditas do mais novo álbum “Sting and Tail”. Infelizmente, não conhecia nada do disco, por isso, fiquei com as clássicas da banda. São sempre as melhores, as clássicas.

Causa uma emoção quando uma banda que a gente sempre quis ver avisa que vai cantar a primeira balada conhecida ao longo dos 40 anos de estrada. Foi assim com “Send Me Angel”, “Wind Of Change”, etc.

O show se encerra com “Big Ciy Nights”, uma saudação ao Brasil, e, especificamente a São Luís, a cidade privilegiada em ser o ponto final da turnê latino americana da banda. Quando todos pensavam que as cortinas estavam fechadas, em um palco sob o efeito pirocténico, cheio de imagens surreal, riffs de guitarras e as baquetas irreverentes de James Kottak, surge Klaus Meine com frases de efeitos e dispara “Still Loving You” e fecha definitivamente com “You Like a Hurricane”.

Meine se enrola na bandeira do Brasil e todos reverenciam o o público, que reage com o grito de “Scorpions”, “Scorpions”… Como  Berlim jé se foi e não há mais muros para essa banda alemã de Hannover derrubar o politicamente correto é dar adeus em grande estilo.

Fotos: Paulo Jr – Imirante

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