Depois de 18 anos, retornei a Bahia a convite da Petrobras para um contato inédito com a Praia do Forte, uma vila de pescadores situada no município baiano de São João da Mata, no coração da Mata Atlântica, a mais de 50 Km, de Salvador, capital da Bahia, e que tornou-se um polo turístico sustentável e inclusão. É mais um pedaço do Brasil a colocar os pés e ter orgulho dizer que moramos no país mais rico e feliz do mundo.
Foi uma experiência de 72 horas valiosa para minha vida profissional. Tive o privilégio de ter acesso e conhecer os projetos ambientais e sociais selecionados pela Petrobras e de outras iniciativas que a companhia apoia como o Projeto Tamar, na Praia do Forte, e a Reserva do Sapiranga, por onde trilhei por quase duas horas. Um passeio para oxigenar o espírito e conhecer a versátil flora e fauna do lugar.
E mais enriquecedor foi presenciar a participação do Maranhão na solenidade. Seis trabalhos do Estado foram selecionados o que constata que tem gente por aqui trabalhando por uma sociedade mais justa. Oxalá, mestre Bamba, do Mandigueiros do Amanhã, Marluze Pastor, com o seu “Revitalizando Salvaterra”, a detesmida e ousada, Lígia Regina Santos Ferreira, do Arte dos Erês e do Centro de Cultura Negra do Maranhão, as quebradeiras de coco e agentes sociais de Bacabal. Enfim, um salve a todas esses ativistas sociais que lutam por um Maranhão sustentável.
Desenvolvimento & Cidadania
Seis projetos sociais do Maranhão foram beneficiados na seleção pública do Nordeste, dos Programas Petrobras Ambiental e Petrobras de Desenvolvimento & Cidadania, lançados em setembro do ano passado. O anúncio foi feito, nessa quarta-feira (17), por Armando Tripodi, gerente-executivo de Responsabilidade Social da Petrobras, Paulo Neto, gerente de programas Ambiental e Social da Petrobras e Álvaro Meireles, coordenador do projeto Floresta Sustentável, na sede do Centro de Educação Ambiental do Projeto Floresta Sustentável, na Reserva Sapiranga, na Praia do Forte, município de Mata de São João, na Bahia.
A Companhia destinará R$ 145 milhões a 130 projetos sociais e R$ 102 milhões a 46 projetos ambientais, de todas as regiões do país. É o maior investimento de todas as edições dos programas.. Nas duas seleções públicas foram inscritas 4.177.
Das 130 iniciativas sociais contempladas, 41 são da região Sudeste., 50 são do Nordeste, oito do Centro-Oeste, 13 do Norte e 14 do Sul; e quatro têm atuação nacional. Das 46 iniciativas ambientais selecionadas, 17 são da região Sudeste, 12 são do Nordeste, seis do Centro-Oeste, seis do Norte e cinco do Sul.
Abertura
Armando Tripodi, gerente Executivo de Responsabilidade Social da Petrobras, abriu o evento destacando o papel da companhia na contribuição de uma sociedade sustentável e elogiou os vários projetos inscritos no programa apoiado pela Petrobras.
– Todos precisam ter oportunidades iguais para transformar suas vidas, em todos os locais do Brasil. Os programas Petrobras Desenvolvimento & Cidadania e Petrobras Ambiental integram a contribuição da Petrobras para um projeto de país mais justo e sustentável.
Em seguida Paulo Neto, gerente de Responsabilidade Ambiental e Social da Petrobras, conclama a agente social do Maranhão, Lígia Regina Santos Ferreira, de 28 anos, que relata a sua experiência de vida e do início trabalhando no projeto Sonho dos Erês, atualmente chamado a Arte dos Erês (apoiado pelo projeto Criança Esperança da Rede Globo), desenvolvido pelo Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN), que também já foi incentivado pela Petrobrás. Agora, a iniciativa “Disseminando a Cultura de Redes Sociais”, coordenado pela Lígia, é selecionado pela companhia. O projeto será desenvolvido pela Arte dos Erês, Rede Amiga da Criança, integrado a outras entidades não governamentais.
Responsabilidade Social
Para Lígia, que trabalhou como feirante no bairro do João Paulo, esse reconhecimento é alvo de um trabalho que assumiu no Centro de Cultura Negra e contribuiu para sua transformação como ser humano.
– Eu me sinto gratificada, pois pude perceber quando cheguei no Centro de Cultura Negra do Maranhão que estava uma oportunidade de mudar de vida. Não é que tivesse vergonha de ser feirante, mas precisava mostrar para mim e a minha família que poderia buscar um outro caminho profissional. Fiz isso com determinação, garra e persistência. E o resultado está sendo apresentado em cada projeto social que desenvolvo no sentido de mudar a situação de crianças e adolescentes de São Luís e restante do Maranhão – ressaltou.
No projeto “Disseminando a Cultura de Redes Sociais”, Lígia disse que vai agregar seis municípios maranhenses. Além de São Luís, cidade polo da iniciativa, serão contemplados São José de Ribamar, Raposa, Fortaleza dos Nogueiras, Barreirinhas e Açailândia.
Outros projetos maranhenses aprovados foram os seguintes: “Pindova: Gente Nova na Vida do Babaçual”, “Mara-Kizomba: promovendo a cultura ancestral”, “Revitalizando Salvaterra”, “Meninas que Sonham” e “Vamos ! Criança”, do Mestre Bamba, também coordenador do projeto Mandigueiros da Amanhã, em São Luís, em que a capoeira, arte marcial brasileira, é o carro-chefe.
Mestre Bamba, que se define como um produto que nascido e criado na periferia da Madre Deus, localizado no centro de São Luís, reconhece o quanto foi significante a capoeira de Angola na sua formação como cidadão. Disse que se sente mais gratificado, ainda, ao perceber que esse estilo clássico da modalidade tem sido uma metodologia utilizada por ele para melhorar a autoestima e funcionar como um agente transformador social de crianças e adolescentes carentes de São Luís.
Seu projeto tem como objetivo promover a autoestima dos jovens em situação de vulnerabilidade e risco social, proporcionado a eles a conquista da cidadania plena. Além de São Luís, a iniciativa será estendida às comunidades quilombolas existentes no município de Itapecuru-Mirim.
E quando o assunto é o ensino praticado na escola tradicional, Lígia e Mestre Bamba foram categóricos em afirmar que esse modelo de escola apresentado, principalmente, para os alunos oriundos da periferia precisa ser analisado.
– É necessário que todo cidadão tenha o conhecimento científico. É fundamental que a escola se aproxime da realidade do aluno, especialmente, quando ele vem da periferia, convivendo com uma realidade desfavorável, de exclusão, preconceitos. É preciso se criar uma escola que conviva e reflita essa realidade e trabalhe para transformar esse aluno em um cidadão de bem – sugerem.
Seriedade
Indagado sobre o repasse e a utilização dos recursos para os projetos selecionados da Petrobras, Paulo Neto declarou que a partir do momento em que a iniciativa é aprovada e contemplada com os recursos financeiros da empresa, existe um sistema de monitoramento de obrigações e compromissos assumidos de ambas as partes.
– Nada passa despercebido na parceria firmada entre a Petrobras e os projetos selecionados como apoio. A companhia tem que prestar contas com o Tribunal de Contas da União (TCU), a Controladoria Geral da União (CGU). Os projetos contemplados terão que apresentar seus indicadores. Se as metas exigidas não forem cumpridas, a iniciativa terá que prestar contas e corre o risco de perder o apoio. O sistema é de parceria, porém rigoroso – explicou.
Seleção
A cada dois anos, a Petrobras realiza seleções públicas como forma de democratizar o acesso aos recursos e garantir a transparência do processo de patrocínio. A Companhia também promovem as caravanas que são oficinas presenciais e on-line para capacitar as organizações proponentes na elaboração de projetos sociais e ambientais.