70 anos de Henfil – “Morro, mas meu desenho fica”
Se estivesse vivo, o cartunista Henfil completaria 70 anos no dia 5 de fevereiro. Para comemorar a data, o Instituto Henfil e a ONG Henfil Educação e Sustentabilidade realizarão nesse dia um evento com a presença de nomes como o ator e diretor Paulo Betti, o escritor Sérgio Cabral, o jornalista Tárik de Souza e o artista Nelsinho Rodrigues (o Barba). Eles irão compor uma mesa redonda falando sobre a memória, a obra e a relevância do trabalho do Henfil, a ser realizada no Museu da República, dia 05, quarta-feira, às 19h.
Além do bate papo com os convidados, o evento também será marcado pela apresentação de novos números da Coleção Fradim, que a ONG Henfil Educação e Sustentabilidade passou a relançar em 2013 com o selo comemorativo “25 Anos sem Henfil – ‘Morro, mas meu desenho fica’”. A série, composta por 31 revistas lançadas originalmente entre 1970 e 1980 pelo cartunista, ganhou uma adicional edição zero e já conta com 12 revistas relançadas na íntegra, com previsão de disponibilização dos demais números até o final do mês comemorativo dos 70 anos.
O evento é aberto a frequentadores do Museu, personalidades políticas e culturais da região, imprensa, estudiosos, fãs de quadrinhos e convidados especiais. Será servido um coquetel ao final.
A importância da obra do Henfil
Além de ser criador de alguns dos personagens mais queridos das tirinhas brasileiras, como a Graúna e os fradins Cumprido e Baixim, ou mesmo os mascotes de grandes times de futebol, como o Urubu do Flamengo, Henfil influenciou a vida política e social do país, participando de movimentos políticos importantes, como o da Anistia, e lançando a campanha pelas eleições diretas, cujo bordão “Diretas Já!”, inclusive, é de sua autoria.
– O Henfil legou ao Brasil uma obra de uma criatividade ímpar, que se mantém atual até hoje e instiga à reflexão sem perder nenhuma piada e, nem por isso, cair no óbvio ou ser apelativo. Ele deixa para sua geração e para as futuras preciosas lições de como fazer crítica social sem ser chato, de como dizer muito em poucos traços e com o mínimo de palavras, de como rir de si mesmo – de sua cultura, de seus costumes, de seus preconceitos – é uma das melhores formas de repensar os caminhos seguidos e questionar os valores praticados pelo senso comum. Tudo isso por meio de uma galeria de personagens incríveis, dotados de identidades muito ricas e com uma qualidade estética impecável. Acho que como um dos primeiros na história mais moderna do Brasil a demonstrar na prática que a catarse do riso pode ser um instrumento de reflexão e até de mudança, ele é um pioneiro e muito bem-sucedido – conclui o educador Mateus Prado, presidente de honra da ONG Henfil Educação e Sustentabilidade e idealizador do relançamento da Coleção Fradim.