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Depois de muitas andanças pelas ruas de Roma, subindo e descendo ladeiras, escadas do Rio e “poetisando” pelos becos de São Luís, o cantor e compositor Tutuca resolveu gravar o CD e primeiro DVD homônimos no show “Melodias”. Foram anos de expectativas, desejos e a resposta veio no momento exato. Ele soube tirar proveito do apoio recebido da iniciativa privada e do Poder Público para concepção de uma megaprodução.
O show, realizado nesta quinta-feira, 14, teve como o principal cenário o mais belo dos belos teatro da América Latina; o Artur Azevedo ou Apolônia Pinto. Com a direção geral e artística de Marcelo Flexa e a musical de Murilo Rego, o espetáculo começou com alguns minutos de atraso e uma platéia morna. Mas não foram motivos para tirar o brilho do show. Tutuca abriu a festa djavaneando na canção inédita Tudo é Nada, de autoria dele e Celso Reis. Depois incursionou por velhas e boas canções, tais como, Beijo de Luz (dele/Reinaldo Barros/César Nascimento) e Em Busca da Glória (dele/Luis Lobo/Mano Borges), numa atmosfera do Caribe estendida com Passeio em Roma (dele/Djalma Chaves). Ao interagir com a platéia, Tutuca falou que a música foi concebida na capital italiana e nada mais recomendável o dueto com Djalma Chaves, incrementado pelo sax de Sávio Araújo, e a banda composta por: Oliveira (bateria), Ronald Santos (guitarra), Jeca (percussão, Rui Mário (teclados e sanfona), Serginho Carvalho (baixo) e Firmino, Raquel e Francivaldo (backing vocals).
Já no momento intimista da primeira parte do show, espaço garantido para a inédita Inverno da Canção (dele/Cruz Neto). E mais uma vez Sávio Araújo onipresente para um outro solo rasante e um feedback positivo do público. Ainda como parte introspectiva do show uma reverência a sagrada família. Tutuca homenageou a mãe Ester com a canção Ser Ester, (dele/Luís Lobo), e versos declamados pelo irmão Pedro Ivo. Entre uma balada e outra vieram Transversa (dele/Lúcia Santos, irmã de Zeca Baleiro) e Quando Você Passa Por Mim (dele), encerrando a primeira etapa do show.
Depois do intervalo o samba pede passagem Em Tudo Pode Acontecer (dele/Zé Filho) e a participação da filha, Mariana Viana. Uma adolescente de voz singela, sensível musicalmente. Se tiver realmente vocação pela música e seguir trilha do clã pode surgir como uma promessa na cena local. Na viagem pela cadência do samba não podemos esquecer o time, liderado pelo arranjador Arlindo Pipu (violão). A banda tinha ainda em sua formação: Paquito (surdo), Josimar (tantan), Nilton Pastor (repique), Jeca (pandeiro e tamborim), Jorge Roberto (cavaquinho), Luiz Gonzaga (sax tenor), Júlio (flauta), Ferreirinha (trompete e flugelhorn) e Antonio Paiva (baixo acútisco). De repente a platéia acorda, aplaude e tira discretamente o pé do chão (brincadeira em cima do jargão utilizado por artistas do axé baiano). Também pudera, Tutuca executa “Eu Gosto de Samba”, no melhor estilo João Nogueira, feito em parceria com Gerude, e que não estava no script. Tutuca explicou que foi uma maneira para pedir a recuperação do parceiro, que se encontra dodói temporariamente.
Na seqüência Alcione sobe ao palco como convidada do protagonista da noite. Tutuca se referiu à frase dita por Roberto Carlos, no programa especial de Natal da Rede Globo, em dezembro do ano passado, ao dizer que: são tantas emoções ter Alcione ao meu lado. A artista retribuiu aos elogios, rasgou seda ao músico, brincou com a banda e resolveu trabalhar. Ela teve pouco tempo para um contato com o samba de gafieira Dança dos Pavios (dele/Lula Bossa/Chico da Ladeira/Reinaldo Barros) e o outro Conversa de Comadre (dele/Luis Lobo) o que acabou em algumas repetições. Após algumas falhas nossas, que servirão para o ensaio do making off, a Marrom encontrou o caminho das pedras. Soltou a voz e mostrou que o seu talento é incontestável.
O show Melodias teve mais participações. Uma delas foi a do vocalista da Tribo de Jah, Fauzy Beydoun. No gênero que domina com precisão, Beydoun interpretou a canção “Melodias” que dá título ao show, composto por Tutuca em parceria com o radialista João Marcos. Papete também participou utilizando como ferramenta inicial; o berimbau, bem executado em Juçatuba (dele/Reinaldo Barros). O percussionista permaneceu no palco para participar do momento mais dançante, proporcionado por Cadê o Boi, onde Tutuca dividiu o palco com o coral do Som do Mara (Celso Reis, Josias Sobrinho e Daffé). Além da toada, um pot pourri de tambor crioula veio logo atrás. Maquio/Chamató (Luís Lobo) e Estrada da Vitória (Luís Lobo). O autor da música, que se autointitula atualmente de Lobo da Siribeira, entra em cena. Com um espírito mambembe, cênico e cheio de atitude, ele deu conta do recado e acenou para o prenúncio de uma nova ordem sonora e orgânica, que para a indústria de rótulos, ecoaria como tambor-beat.
Se a vida é uma festa, Tutuca soube proporcionar uma, numa noite típica de quinta-feira a espera de um novo final de semana. No geral tudo acabou como exigem os deuses da música: Tutuca legitimando a sua alma brasileira em um show para eternidade.
Pedro Sobrinho, tens certeza que te refiriu a esse artista?
Mariana, fui ao show do artista e te garanto. Vc. não sabe o que perdeu. Foi um bom show e é por isto que resolvi fazer referências ao mesmo. Tenho espírito otimista e de respeito ao trabalho alheio.
Grande Pedrinho,
Lá estive e assino embaixo de tuas observações.
Acrescento ainda o bom astral do espetáculo, traduzido pelo carinho com que todos nós, da platéia, recebemos Tutuca.
Ele é um artista que faz bem à cena musical maranhense.
Abraços, compadre.