Embora tenha o meu gosto pessoal e as músicas para ouvir no Ipod, eu costumo dizer que os meus ouvidos estão abertos para qualquer tipo de sonoridade vinda de qualquer pátria. Prefiro, primeiro uma audição à um julgamento precipitado. Na sexta-feira, 14, resolvi sair de casa para curtir o show de lançamento do CD “Cine Tropical”, da patente Criolina da dupla Alê Muniz e Luciana Simões, no Teatro Artur Azevedo.
Teve gente que falou pra mim que o show dos dois não tinha o perfil para ser realizado em um teatro. Bati de frente afirmando que a pessoa estava equivocada. Até porque não defendo essa teoria de que existe música para um espaço ou cada momento da vida. Música é música. ! E cabe a nós criar uma atmosfera para ela. Eu ouço música ‘babinha‘ e tida como romântica no rádio e no Ipod às três da tarde, assim como escuto um rock visceral às seis da manhã ou às duas da madrugada. Eu quero mesmo é ouvir música.
Pois bem, o cenário do show de Alê e Luciana foi perfeitamente escolhido, para um disco conceitual, onde o tema em ação é o cinema. As projeções de Beto Matuck com o auxílio luxuoso do músico André Lucap contribuiram para o casamento virtual mais do que consolidado da dupla no palco.
E o que vi e ouvi foi a música de dois artistas enraizados com o Maranhão, mas deixam bem explícitos que querem correr riscos e um mundo mapeando e incursionando com outras texturas musicais. De um lado, Alê Muniz com familiares oriundos de Penalva. De outro, Luciana Simões de Bequimão. É a Baixada Maranhense representada, influenciando a musicalidade da patente Criolina, e legitimando o orgulho em ser maranhense. Agora, mais do que isso é não ficar preso a regionalismos, bairrismo e o dever de utilizar a bagagem musical para que o mundo entenda e absorva.
Sai do teatro em estado de graça ao assistir a um show com uma produção singela, mas de uma riqueza valiosa. Alê Muniz e Luciana Simões fizeram uma viagem em uma seleção musical inclusa nos discos Criolina e Cine Tropical – o primeiro e segundo respectivamente.
Um show em que não faltaram letras cheias de jogos de palavras, um passeio divertido pelos principais bairros de São Luís em “Quebra Pote”, o bolero dramático, ‘kitsch’ e irresistível, “Veneno”, a marchinha carnavalesca e antológica “Taí”, além da salseira de “São Luís-Havana”, com a participação do poeta Celso Borges reverenciando os nossos arquitetos da cultura popular do Maranhão e do Bueno Vista Social Club de Cuba. Enfim, uma noite em que os artistas interagiram com a platéia em momentos bem humorados, discretos, sequenciados pelos ‘revivals’ boas releituras de “”Negue”, de Paulo Vanzollini, “Divino Maravilhoso”, consagrada na voz de Gal Costa e “It´s Now Or Never”, de Elvis Presley.
O fim da festa veio com “Eu Vi Maré Encher” contagiando a platéia, que respondeu com um ‘bis’. A dupla retornou ao palco, acompanhada pela banda formada por João Paulo (baixo), George Gomes e Luiz Cláudio (bateria), Edinho Bastos (guitarra), Rui Mário (teclado, samplers, acordeon), Isaías Alves (bateria) e Hugo Barbosa (trumpete), que contou ainda com a participação do saxofonista Célio Muniz, para mais duas performances. E a despedida veio com uma ‘overdose’ de “Veneno”.
Um show curto e grosso, marcado por um encontro temático e visceral, que será mostrado em São Paulo, Rio de Janeiro, ou em qualquer palco do mundo. Uma mistura musical sem perder a essência e a identidade. Sai do teatro com aquela sensação de que nunca é tarde para descobrir a boa música seja do Maranhão ou não.
Maravilha a resenha sobre o show de Alê e Lu! Uma produção ‘singela’ para uma boa colheita.
Aproveito para uma consideração; o trompetista era Hugo Barbosa, sobrinho de Joãozinho Ribeiro, junto a outro companheiro no sopro, que n foi registrado o nome, apenas como os “Muchachos”.
Apenas senti falta ao final; da sonoplastia, ao ver a maré enchendo no TAA sem ouvir o barulho do mar….hahaa
Fiquei extasiada com a qualidade musical do espetáculo! Uma sonzêra!
Ei, o teclado, sanfona e samples foi de Rui Mário, filho de Seu Raimundo do Forró Pé no Chão!
E bateria foi Isaías, rapá, rs!