Morte anunciada…

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A cultura da violência não vem de hoje. As guerras, entre outros conflitos históricos, estão ai para comprovar o comportamento cada dia mais doentio do ser humano. Mas, o que observamos nos noticiários diários dos jornais e da TV é a banalização dela (a violência urbana), especialmente no Brasil. Hoje em dia por qualquer motivo fútil o amigo mata o melhor amigo, um irmão mata o outro, os netos matam os avós, os filhos matam os pais, o pai mata o filho, alguém tira a vida do outro por causa R$ 1,00, e assim acontecem uma sucessão de crimes hediondo, que comovem e deixam a sociedade vulnerável e sem resposta para tanta psicopatia.

Pois bem, o bacana do Blog é a liberdade que temos para colocar o que pensamos e expressar de vez em quando na primeira pessoa do singular. Falar do prazer de fazer arte como fomentador de entretenimento e da leveza da alma é sempre o que procuramos abordar e postar diariamente. Mas, acabei como milhares de brasileiros me envolvendo no caso Isabella para tentar entender e saber o desfecho final do julgamento do casal Nardoni. Foram cinco dias de sessão histórica no Fórum de Santana, zona norte de São Paulo. No banco dos réus Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá, acusados de assassinar a garota Isabella Nardoni de apenas cinco anos, filha legítima de Alexandre e enteada de Ana Carolina. O crime teria ocorrido, no dia 28 de março de 2008, em um apartamento de luxo, na capital paulista, causando uma verdadeira comoção no povo brasileiro.  Se tratava de uma inocente e todos (nós) na condição de pais não entendíamos o que levou o pai biológico e a madrasta a esse surto. Depois de dois anos de prisão em Tremembé, veio o julgamento. De um lado a acusação, do outro a defesa, os jurados e os jornalistas apostos. Todos em busca de uma conclusão para um crime marcado pela complexidade e procurando agir com equilíbrio para não cometer uma injustiça contra o casal, que nega de mãos e pés juntos jamais ter cometido tal atrocidade.

Enfim, depois do espetáculo veio o ‘veredicto’ anunciado com racionalidade pelo juiz Maurício Fossen. Alexandre Nardoni condenado a 31 anos, um mês e dez dias. Ana Carolina Jatobá foi sentenciada em 26 anos e oito meses. Os dois cumprirão pena máxima em regime fechado, por homicídio doloso motivado por um desequílibrio emocional, onde quem pagou o pato foi a pequena Isabella. A plateia aplaudiu o resultado usando como razão de que a Justiça estava sendo feita.  Foi nobre ouvir do promotor de Justiça, Francisco Cembranelli, que não estava em busca de fama por ter ganho a causa. Disse ele que ‘trocaria toda essa exposição pelo anonimato se pudesse trazer Isabella de volta’. Tomou o imbróglio para si e venceu, com direito a recurso por parte defesa. Para o povo brasileiro, o doutor  [Cembranelli],  se tornou um mito, uma representação de que a justiça é possível num país onde se desacredita tanto nela.

Depois de acalmado os ânimos, fiquei ‘bolado’ e me perguntando. Qual o sentimento das duas familias após o resultado e pelo fato de estarem envolvidos em um ato insano ? Acredito que a sensação é de sofrimento e luto para ambas. A mãe e os avós maternos de Isabella podem até ter festejado a decisão da justiça, mas com certeza, a perda da garota representa muito mais. Os avós paternos devem ter sentido uma dor ainda maior. Além de não ter mais a presença da neta, terão que conviver com a culpa e a condenação de um crime que que manchou a alma e provocou uma nódoa eterna no lar dos Nardoni.

Uma outra pergunta que me veio a cabeça diz respeito à famíia. É uma instituição em crise ? Acho que nem Freud conseguiria explicar tamanha desestrutura familiar ocorrida nos últimos tempos nos lares, independente da origem social. Eis uma outra pergunta no ar. Será que mimar demais faz mal e não procurar compreender que a crise existencial é o grande mal do século ?

Pois bem, enquanto não conseguimos uma resposta exata para tais questionamentos, me resta preferir uma ‘palminha com amor não dói’ à  “mamãe eu quero mamar’ de maneira imperativa. Pra você, qual das opções seria a mais coerente para não se correr um risco maior de chorar com os filhos e lamentar uma morte anunciada, pois um dia de cadeia na vida de um ser humano ele não será mais o mesmo…(?)

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