O crítico Pedro Dias da Silva desceu lenha no quinto álbum “Radio Retaliation”, do Thievery Corporation, formado pela dupla norte-americana Rob Garza e Eric Hilton. Entre os comentários feito pelo ‘xará´de nome e profissão sobre o trabalho do Thievery: Vira o disco e toca o mesmo: “Politicamente ativo, duo de Washington DC edita quinto álbum de originais. Com a mesma música de sempre”.
De acordo com Pedro Dias, o Thievery Corporation revela-se longe de conseguir invocar argumentos que lhe permitam reinventar-se. Incapazes de reconverter a matriz sonora que os celebrizou, e que têm perpetuado nas suas criações, Eric Hilton e Rob Garza permanecem reféns de uma certa ideia de exotismo musical – hoje estafada, já que permanentemente glosada e espremida até à exaustão por um sem número de projetos, que continua a ser a imagem de marca de um som que ajudaram a criar e sedimentar.
Não deixa de ser verdade que, a cada nova edição, são notórias inegáveis alterações na abordagem ao processo criativo, mas insuficientes para conduzirem a alterações suficientemente fortes que justifiquem a manutenção da curiosidade do melómano.
Em Radio Retaliation são de novo convocados elementos hip-hop, dub, bossa nova, jazz e psicodélicos que remetem para as áreas geográficas da Índia, América Latina, Brasil ou Caraíbas, numa espécie de viagem planetária em que é impossível escapar aos locais mais turísticos.
O crítico dá uma aliviada ao dizer ser inegável que existem neste álbum boas canções (”Vampires”, “Hare Krishna” ou “The Numbers Game”), alvo de um irrepreensível trabalho de produção que ajuda a perpetuar o som Thievery Corporation, agarrado a esse universo está uma enorme sensação de déjà-vu , perante a qual existe já uma blindagem que deita por terra qualquer tentativa de mensagem de teor político, de denúncia do controlo estatal das atividades dos cidadãos e consequentes atropelos às suas liberdades e direitos.
E, nem mesmo a participação dos cantores e músicos convidados Chuck Brown, Seu Jorge, Anoushka Shankar, Jana Andevska ou Femi Kuti, procurando, tal como no álbum anterior, The Cosmic Game , fazer o contraponto com os habituais colaboradores, é suficientemente marcante para permitir registar destaques significativos.
Bela escrita feita por quem entende do riscado. O caro amigo esqueceu de uma coisa. “Gosto é como aquilo. Cada um tem o seu”. Eu acho o trabalho do Thieverey Corporation interessante e cheio de personalidade. Eu não percebo muito bem o “gênero musical”. Sinto apenas as influências de várias musicalidades, entre as quais a Bossa Nova, o Samba Rock, com pitadas de música eletrônica. Ouvi-los remete a um certo misticismo, a uma atmosfera “chill out”, “lounge bar”, típica para momentos especiais e inesquecíveis.
Portanto, “Radio Retaliation” é um disco político, um grito de justiça universal cantado em várias línguas. Acho que pelo título já é possível chegar a essa conclusão. Os protestos transcedem em vários estilos musicais: reggae (Sound Alarm), jazz (Retaliation Suit), trip-hop (Beatiful Drug e La Femme Parallel, cujo vocal feminino dá um toque bem parisiense), uma pitada mexicana (El Pueblo Unido) e até raízes indianas (Mandala).
E como era de se esperar, o gosto pela música brasileira não ficou de lado: Seu Jorge empresta sua voz e seu violão na faixa Hare Krsna – parece mais uma música dele do que propriamente do Thievery Corporation.
Seu jeito de escrever é único, muito erudito,as vezes indecifrável propositalmente, quando de repente, aparece um toque pra lá de coloquial.
Caro amigo Neto, brigadão pela audiência e pelo comentário. Bom saber que existem vidas inteligentes e reflexivas entre os terráqueos. Continue a interagir…