“Não Se Preocupe Comigo” é uma autobiografia de Marcelo Yuka, ex-O Rappa, com texto de Bruno Levinson. O livro será lançado nesta quarta-feira (19), será lançado em São Paulo, nesta quarta-feira (19), com mesa-redonda e sessão de autógrafos, na FNAC Paulista, às 19h.
Fruto de 30 longas entrevistas feitas por Levinson nos últimos cinco anos, a obra narra com riqueza de detalhes a reviravolta que tomou conta da vida do músico após ele ser alvejado por nove tiros em 2000, quando dirigia pela Rua José Higino, no Rio. Marcelo sobreviveu ao incidente, mas ficou paraplégico. Seu estado físico fez com que ele fosse demitido d’O Rappa, banda em que era mentor, compositor e baterista.
Levinson, amigo de Yuka e seu parceiro no livro, afirma que um dos seus grandes objetivos com o trabalho é fazer com que as pessoas que abandonaram o músico repensem suas atitudes. “Dentro do meu coração eu alimento a esperança de conseguir reuni-los. Não com a intenção que sejam amigos novamente, mas que percebam o quanto erraram. O quanto eles vacilaram com um ser humano. Que essa leitura possa fazer com que tenham a hombridade de pedir desculpas. Errar é humano, ninguém os condena. Mas eu entendo que todos possam reparar os seus erros.”
A obra, contudo, não tem como tema central o acidente que deixou Marcelo na cadeira de rodas ou as desavenças com os ex-colegas de banda, mas, sim, o efeito desses eventos em sua vida pessoal e profissional.
Em capítulos menos densos, o livro aborda as peripécias sexuais do músico. Detalhes de um ‘romance’ com a promoter Alicinha Cavalcanti, o ‘quase casamento’ com a apresentadora Chris Couto e a paixão repentina pela artista plástica Mana Bernardes, a primeira mulher com quem se relacionou após o incidente.
“- A intimidade que tenho com ele facilitou algumas coisas. Como, por exemplo, falar de sua vida sexual. Para mim, o livro presta um serviço para outros cadeirantes. Yuka fala abertamente sobre como é o sexo para um homem paraplégico. Isso ajuda a levantar a autoestima de muita gente. Mostrar para pessoas que estão na mesma situação que podem ter uma vida normal, que podem fazer sexo, que o tesão ainda pulsa! – explica.
Prazer, Lombriga!
Em 224 páginas e prefácio de Paulo Lins, Não se preocupe comigo narra de forma direta e leve a infância simples de Yuka no bairro Campo Grande, subúrbio carioca, a adolescência cheia de descobertas em Angra dos Reis, quando ganhou o apelido de Lombriga por ser ‘feio e magaro’, e os primeiros passos no mundo artístico em Copacabana, quando fazia curso de comunicação social nas Faculdades Integradas Hélio Alonso.
No decorrer da narrativa, as lembranças do músico trafegam pela amizade com a turma que integrava o ‘reggae da Baixada Fluminense’, cena em que também surgiu a banda Cidade Negra. “Foi nessa época que nos conhecemos. O Yuka tocava e eu produzia. Somos amigos há anos e, por isso, a vontade de contar a história de um cara muito talentoso, que fez uma grande diferença na minha vida. Na verdade, a nossa história se cruza bastante”, explica Bruno.
Com naturalidade, Yuka conta sobre o encontro casual com o traficante Marcinho VP no alto do Morro Santa Marta durante um evento de hip-hop e também fala de seu relacionamento com o letrista e poeta Waly Salomão. “São momentos marcantes e que não poderiam ficar de fora. A ideia do livro é afastar o ‘mito Marcelo Yuka’ e dar espaço ao ‘ser humano Marcelo Yuka’. Um homem com grandes amizades, muito talento, que sofre grande decepções e tem muitas boas histórias para contar”, diz Levinson.
Após o lançamento da biografia, Yuka e Bruno pretendem escrever mais um capítulo juntos: “Assim que terminar a divulgação do livro, trabalhar para o lançamento do disco solo do Yuka”. Já gravado, mas ainda sem título, o álbum conta com participações de Marisa Monte, Seu Jorge, Cibelle e Papatinho (do ConeCrewDiretoria). A finalização, contundo, será feita após um projeto de crowdfunding, que deve começar ainda em março. “Além do disco, também quero montar uma exposição com as pinturas do Yuka. Ainda não temos nada certo, mas ele tem obras incríveis em casa que precisam ser compartilhadas com o público. Temos muitos desafios pela frente!”, finaliza.
Fonte: Vírgula