O Carnaval, para muitas pessoas, é o período mais divertido do ano, um momento para desfrutar da vida, encontrar os amigos e entes da família. Para alguns é uma oportunidade para descansar num lugar tranquilo. De qualquer forma, o Carnaval marca um tempo agradável e prazeroso para o povo brasileiro. Eu preferi a tranquilidade. Só deixei o meu lar doce lar quando necessário. Mesmo em retiro espiritual acompanhava a festa a distancia e as velhas polêmicas com a impressão de não levar ninguém a lugar nenhum. E sempre em questão a diversidade cultural brasileira. Me chamou atenção os comentários feitos pelos músicos baiano Moraes Moreira e o pernambucano Alceu Valença.
Moraes Moreira elogiou a diversidade e a democracia do Carnaval do Recife. “É de dar inveja a outros estados”, afirma. E concorda com Alceu Valença, ao dizer que o conceito de multiculturalismo se tornou um engodo para inserir outros ritmos no Carnaval.
– Na Bahia está uma invasão sertaneja absoluta no Carnaval “, diz. – Gusttavo Lima puxou um trio elétrico em Salvador”. Moreira sublinha que não tem nada contra o músico . – Questão não é essa, o fato é que o Carnaval da Bahia tem que caminhar para um lugar, mais bonito, mais essencial – sugere Moraes Moreira.
E justificável e coerente o posicionamento de Moraes Moreira e Alceu Valença. O difícil é tentar entender que o conceito da diversidade vem sendo confudido com a democracia do senso comum, nesse atual contexto com o qual estamos inseridos. O mundo mudou culturalmente e o Brasil, ainda, mais. Estamos vivenciando um momento em que se legitima aquela música e a ‘glamourização’ do “nada contra nada, “tudo pode existir”.
A minha impressão é que essa apologia à falta de cultura atende interesses da indústria do entretenimento. E como o povo é o eterno receptor das mensagens das ‘mídias de massa‘ acaba absorvendo a ideia. E sobrou para o Carnaval, uma das festas em que mais está se vendendo “gato por lebre”.
Enfim, o multiculturalismo é um bom modelo a ser adotado na festa, pois não defendo qualquer discurso purista, segregacionista ou daqueles que conceituam cultura popular de forma alegórica. Mas, é necessária uma curadoria honesta que saiba entender que a diversidade pode, também, ser sinônimo de coerência. E que o Multiculturalismo prevaleça, mas que seja dentro de uma lógica carnavalesca. Uma missão quase impossível diante desse Brasil culturalmente plural e unânime.
Nao consigo enxergar diferenças entre música baiana e música sertaneja (Gustavo Lima). O carnaval baiano acolhe qualquer tipo de som. Nao tem identidade própria. Mas nao vamos muito longe, Paralamas do sucesso, Israel Novaes nao tem muito a ver com o carnaval também. (Tire a mão do meu bolso)