Não podemos conviver com a omissão

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Uma boa notícia é saber que o “Carnaval da Maranhensidade” vai acontecer durante os dias Magro e Gordo da folia. Segundo a Secretaria de Estado da Cultura, o lançamento oficial do carnaval acontece nesta terça-feira, dia 20, no Teatro João do Vale.

O tema deste ano é o “Carnaval da Maranhensidade 2009 – É Só Alegria”. Na fala com a imprensa, o Secretário de Estado da Cultura, Joãozinho Ribeiro, disse que o lema do carnaval deste ano é brincar pela paz. 

– A cultura da paz é fundamental para se contrapor a esse verdadeiro terrorismo midiático cultuando a violência. Para nós a violência é algo que não deve ser cultuada e o Carnaval tem um lema muito forte que ‘ È só alegria!’ – disse o secretário.

Dois pesos, duas medidas

Até que devemos concordar com o Secretário de Cultura quando ele comenta que o jornalismo policial praticado no Maranhão não pode cultuar, fazer apologia aos exageros, ao sensacionalismo no submundo do crime. Agora, não podemos esquecer que historicamente o carnaval é traçado pela alegria, pela melancolia e o romantismo do Pierrot e da Colombina e que a folia tem o lado trágico, onde a violência, seja ela, simbólica ou não, sempre esteve vinculada a essa festa popular e da carne, eis a Quarta-Feira de Cinzas para comprovar.

Infelizmente, o problema da violência se agravou e virou uma patologia nacional, que tem deixado a população e as autoridades de mãos atadas e feitas reféns.

Em nosso Maranhão, especialmente, em nossa São Luís, a capital do estado, a violência perturba e tem assustado a todos em função do jeito tranquilo que se dizia reinar na ilha do amor. Éramos ‘pacatos cidadãos’ e passamos a conviver com o ‘caos urbano’ provocado por essa tal da violência.

Não temos que botar chifre em cabeça de cavalo, mas é necessário cair urgente na real, pois a violência existe e as marcas estão nas casas, bares, ruas, avenidas, praças, na juventude, enfim no seio da sociedade. Os exemplos de barbáries, latrocínios, homicídios, estupros, violência política, racial, contra a mulheres, crianças, idosos, deficientes, entre outras marcas deixadas por ela no nosso dia-a-dia. E se for para exemplificar, eis algumas atitudes terroristas e factuais ocorridas em São Luís: como pode um cobrador de ônibus perder a vida com requinte de crueldade, pois estava apenas trabalhando para sustentar a família ? o que achamos do assassinato de graça de um inspetor da Polícia Rodoviária Federal ? Pai de família, que pagava os seus impostos e apenas cultuava os prazeres da vida. Acabou sendo alvo dessa violência desenfreada. Que tal, uma idosa morta por dois delinquentes ? Eles resolveram tirar a vida da mulher em troca de uma garrafa de caçhaca oferecida por um homem que estava com os pés nos 90. Que tal, uma banda de carnaval feita para animar o folião e não consegue mais ? Os vândalos é que fazem a festa invadindo o cordão da alegria para depredar o patrimônio e banalizar a vida, sem falar de outros fatos corriqueiros denunciados pelas vítimas da tal violência..

Utopia ou Não…

A cada manchete anunciada pela imprensa, temos a sensação de estar vivendo na Faixa de Gaza, situada no meio Norte do Brasil, onde convivemos com os índices alarmantes e a dificuldade de encontrar uma solução para o cessar-fogo. Não sabemos se a violência praticada no País é provocada pela índole do cidadão, a sociopatia, a exclusão social, falta de uma Política Social e Cultural com dignidade, ou pela fome o eterno “esperma entre as pernas da violência”. Utopia ou não, é necessário que todos nós sujeitos ativos da sociedade deixemos as ‘picuinhas’ de lado e passamos a refletir sobre o grave problema com racionalidade, senão corremos o risco de conviver daqui pra frente com um carnaval triste.    

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