Três cidades, mais de vinte atrações, público de milhares de pessoas. Agora que a maratona de shows terminou, já é possível fazer um balanço do Tim Festival 2008. E o veredito é: foi a mais fraca de todas as seis edições do evento.
Houve, é claro, alguns grandes shows – Sonny Rollins e Gogol Bordello foram os mais elogiados. E, felizmente, os atrasos de horas ocorridos no ano passado em São Paulo não se repetiram. Mas, comparado com o que já se viu no festival, foi pouco.
Pontos altos
Gogol Bordello
A inclassificável banda liderada pelo malucaço Eugene Hütz fez o show mais animado do festival. Sua mistura de música cigana, rock, punk e reggae levantou o público como nenhuma outra atração. Também pudera: Hütz e companhia se entregam no palco como poucos. Pena que, em São Paulo, pouca gente viu. No Rio de Janeiro, pelo menos, o público foi maior.
Sonny Rollins
O veterano saxofonista americano mostrou que merece o título de lenda viva do jazz. Mesmo aos 78 anos, mostrou fôlego de garoto e fez três ótimos shows, um no Rio e dois em São Paulo (sendo um deles gratuito). Foi o grande destaque da boa escalação de jazz do festival, que ainda teve outros bons shows, como os da pianista Carla Bley e do guitarrista Bill Frisell.
Klaxons
Muita gente reclamou da escalação do trio britânico, um dos principais expoentes da new rave. É que, nesta época de mudança cada vez rápida das tendências musicais, o gênero estaria datado. Ultrapassado ou não, o grupo empolgou com hits como “Atlantis to Interzone” e “Gravity’s Rainbow”. Pode não ter sido antológico, mas divertiu com competência.
The National
Denso e sombrio. Os dois adjetivos definem bem o som do National, quinteto americano que abriu os shows do MGMT. Nos shows, o centro das atenções foi o vocalista Matt Berninger. Apesar da pinta de professor de matemática, mostrou carisma e presença de palco. Destaque também para o peso extra dado pelo violinista Padma Newsome e por mais um trombonista e um trompetista.
Organização
Em São Paulo, o Tim Festival deixou uma péssima impressão em anos anteriores – o som baixo em 2005 e a desorganização geral em 2007 são os casos mais emblemáticos. Por isso, foi bom finalmente ver uma edição bem organizada na cidade, com som decente e sem maiores atrasos. E o Parque Ibirapuera, é bom dizer, é um cenário bem melhor que o Anhembi.
Pontos baixos
MGMT
Foi a maior decepção do Tim Festival 2008. A dupla americana, formada por Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser, ficou famosa nas pistas de dança com os hits “Kids” e “Time to Pretend”. Só que, ao vivo, deixou o som dançante de lado a maior parte do tempo e apostou em músicas arrastadas com toques progressivos e deixou o público bocejando. Para piorar, ainda enfrentou problemas de som no Rio.
Kanye West
O rapper americano trouxe ao Brasil sua turnê “Glow in the Dark”. Anunciado como uma superprodução, o show na verdade lembrou o cenário de uma peça infantil. Isso não seria problema se West segurasse a onda só com seu som (e ele tem música o suficiente para isso em seu repertório). Só que o excesso de bases pré-gravadas deixou a apresentação com cara de karaokê.
Marcelo Camelo
O palco Bossa Mod deveria reunir, em São Paulo e no Rio, o brasileiro Marcelo Camelo e o britânico Paul Weller. Mas, como cancelamento do show do segundo (substituído por Roberta Sá e Arnaldo Antunes), sobrou para o ex-Los Hermanos segurar as pontas. Não conseguiu: seu trabalho solo não chegou nem perto de provocar a mesma comoção de sua antiga banda.
Neon Neon
O projeto paralelo de Gruff Rhys, do Super Furry Animals, é praticamente desconhecido do público brasileiro. E, a julgar pela reação da plateia nos dois shows que fez no Tim, vai continuar assim. O som da banda, um infeliz revival dos piores clichês dos anos 80, só conseguiu provocar bocejos e nem sequer serviu de aquecimento para o Klaxons, que tocou em seguida.
Pouco público
Nos anos anteriores, o Tim Festival foi uma sucessão de ingressos esgotados e tendas lotadas. Esse ano, com exceção dos shows de jazz, o cenário foi completamente diferente. Especialmente em São Paulo, onde o pequeno público nas apresentações de Kanye West e Gogol Bordello chegou a ser constrangedor. No Rio, o público foi maior, mas mesmo assim houve poucas apresentações lotadas.
PEDRINHO,
O DISCO DO MARCELO CAMELO É MUITO DEPRÊ! SÓ SE SALVA A ÚLTIMA FAIXA – UM SAMBA INTERESSANTE – DE RESTO TRATA-SE DE UM CONVITE AO SONO! ALGUÉM TEM QUE AVISAR ESSE MOÇO QUE FAZER ‘TIPO’ CANSA O OUVIDO DE QUEM PROCURA POR DIVERSÃO, ALEGRIA, SENTIMENTOS QUE TRADUZAM UM ASTRAL MAIS PRA CIMA.
ABRAÇOS