Se não tivesse sofrido um acidente fatal de carro na cidade natal de Olinda (PE), em 2 de fevereiro de 1997, Chico Science completaria 50 anos neste domingo (13). E provavelmente permaneceria antenado, como uma parabólica fincada no mangue, ao que há de mais contemporâneo no mundo da música e da cibernética. Essa é uma opinião comum ao vocalista da banda Nação Zumbi, Jorge du Peixe, ao documentarista José Eduardo Miglioli e ao escritor Bráulio Tavares, três pessoas muito ligadas ao cantor e compositor pernambucano.
Mas o que Chico Science estaria fazendo em 2016? Música, com certeza. Em um exercício de suposição, Jorge du Peixe acredita que ele estaria flertando com música eletrônica. “A gente ouvia muito drum and bass e jungle. Durante o dia, ele ouvia de Vicente Celestino a Kraftwerk. Mas ele estaria mexendo com coisas diferentes dos dois discos que fez com a Nação Zumbi, que eram bem a frente de sua época e continuam atuais”, analisa.
Miglioli, diretor do documentário “Caranguejo Elétrico” sobre a vida e obra de Chico, defende que a temática dos primeiros discos de sua carreira estaria presente na obra de Chico como está na da Nação Zumbi até hoje, a conexão com o mundo e o desejo de trazer o discurso da periferia para o centro. “O Chico olhava o mundo a partir da província. Só que ele foi ampliando as cercas dele. Então, provavelmente, ele estaria, em 70% do tempo dele, tocando na Europa, Estados Unidos e Japão. Inclusive, na própria trajetória dele, numa curta carreira, a música dele foi mais impactante e deu mais retorno fora do Brasil”, avalia.
Deu no UOL