“Nós capota, mas não breca”, brinca Luciana Simões

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Entre os dias 10 e 12 de dezembro, em São Luís, vai ocorrer a edição 2015 do Festival BR-135, idealizado pelo Coletivo Criolina – (leia-se Alê Muniz e Luciana Simões).

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O festival, tem entre os nomes convidados, Arnaldo Antunes, Siba, Curumim, Criolina e Orquestra Brasileira de Música Jamaicana. Além desses artistas, o festival reúne 15 selecionados entre 331 inscritos de todo o país. O resultado dessa seleção foi divulgado dia 5 de novembro (veja lista) na plataforma Toque no Brasil.

Simultâneo ao festival, o fórum Conecta Música apresenta palestras, workshops, oficinas e rodada de negócios sobre o mercado da música, arte e cidadania, cultura digital e jornalismo cultural.

Luciana Simões fala mais sobre a programação do Festival em 2015 e da importância dele em colocar o Maranhão no roteiro cultural nacional como forte atuante na rede de agentes culturais do país, entre outros assuntos ligados para quem faz música com independência nesse País.

PEDRO SOBRINHO: Como foi a driblar a crise econômica que o Brasil atravessa e manter viva mais uma edição do Festival BR-135 ?

LUCIANA SIMÕES: Eu acho que na verdade a crise é mais política do que econômica, mas a palavra de ordem é persistência. Batalhamos mais que nas outras edições. “Enfim, nós capota, mas não breca”.

PEDRO SOBRINHO: Há algum tipo de intercâmbio do BR-135 e/ou parceria com outras feiras similares de outros estados ?

LUCIANA SIMÕES: Sempre mantivemos contato com a Rede Brasil de Festivais, Feira da Música do Ceará, Porto Musical (PE) e outros. Em 2013, como integrante da Rede, o Projeto BR-135 articulou e promoveu a caravana de artistas do Maranhão para a Feira da Música do Ceará, oferecendo aos artistas locais a oportunidade de vivenciar o ambiente de uma feira nacional de música, fazer contato com agentes culturais do país inteiro e participar de rodadas de negócios e oficinas de capacitação. O BR-135 também articulou a inserção de bandas maranhenses na programação cultural da feira. É importante para marcar definitivamente a entrada do Maranhão no roteiro cultural nacional como forte atuante na rede de agentes culturais do país.

PEDRO SOBRINHO: Mais uma vez a Praça Nauro Machado é o local escolhido para os shows que vão divertir e fomentar plateia.

LUCIANA SIMÕES: Sim, o Centro Histórico é um território cultural afetivo da cidade. Acreditamos como artistas, em investir em ações no centro para ocupar com arte, combater o preconceito e o abandono que existe do outro lado da ponte. O centro é arte pura.

PEDRO SOBRINHO: Fale da programação em que consta Arnaldo Antunes, Siba, Curumim, Orquestra Brasileira de Música Jamaicana. Enfim, como foi fechar com todos esses artistas ?

LUCIANA SIMÕES: Todos os artistas ficam muito animados em vir pra cá. O Maranhão desperta curiosidade e nós que organizamos o festival ficamos muito felizes em poder oferecer uma programação com artistas que tanto apreciamos.

PEDRO SOBRINHO: Outros artistas de peso foram cogitados para participar do Festival ?

LUCIANA SIMÔES: Sim, nós procuramos observar os artistas que tem dialogado com o público jovem e usamos o critério de convidar os que nunca vieram ou que nunca estiveram em praça aberta(gratuito) aqui, dentro da realidade do festival.

PEDRO SOBRINHO: Alguns artistas que vão compor a programação do Festival BR-135 foram escolhidos via inscrição. Qual o critério de avaliação na escolha das bandas locais e de outros Estados ?

LUCIANA SIMÕES: A seleção foi feita através da curadoria de Celso Borges, Gilberto Mineiro, Joana Golin e Talles Lopes, da Rede Brasil de Festivais. 313 bandas se inscreveram e 15 foram selecionadas. O line-up do Festival é composto pelos artistas e bandas selecionados, através da curadoria e pelos convidados do festival.

PEDRO SOBRINHO: Qual a média de inscrições que vocês recebem para shows ? Vocês recebem e aceitam inscrições de fora do Brasil? Como funciona isso?

LUCIANA SIMÔES: Recebemos inscrições de todo Brasil e aprovamos cinco bandas de outros Estados. Os artistas se inscreveram através da plataforma toque no Brasil(http://tnb.art.br), onde o artista pode baixar suas fotos, seu release e suas músicas e montar seu portfolio para avaliação.

PEDRO SOBRINHO: Você diria que essas apresentações dão um apelo mais comercial ou popular ao Festival, no sentido de atrair o público leigo / curioso?

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LUCIANA SIMÕES: Creio que todos os artistas selecionados e os convidados tem um perfil independente, são artistas que estão circulando num ambiente de festivais e escrevendo sua história de maneira alternativa ao mercado formal.

PEDRO SOBRINHO: Simultâneo ao festival há o Fórum Conecta Música. O que esse Fórum representa para as pessoas interessadas em participar?

LUCIANA SIMÕES: A intenção é criar um ambiente de encontro e troca entre os agentes culturais do Brasil e os artistas. Trazer discussões que acontecem fora do Estado. Será oferecida uma programação de oficinas, painéis e rodas de conversa com a finalidade de ampliar, repassar, dinamizar e atualizar conhecimentos na área cultural paraos artistas e agentes culturais. Será realizado no Centro de Criatividade Odylo Costa, Filho, e ocuparemos o espaço do cinema e da sala de multimídia do Odylo.

PEDRO SOBRINHO: Como se inscrever para o Conecta Música ?

LUCIANA SIMÕES: As inscrições serão feitas no dia, no local e teremos a distribuição de certificados para quem participar.

PEDRO SOBRINHO: O BR-135 se preocupa com a ocupação do Centro Histórico com arte e o fomento à discussão sobre o mercado da música no Maranhão. Na sua opinião essas discussões já estão consolidadas. Você sente que o público e os artistas já entenderam essas propostas do festival?

LUCIANA SIMÕES: A ideia é aproximar as pessoas da cidade através da arte e chamar atenção sobre um espaço caríssimo para a comunidade, que é o Centro Histórico. Precisamos de mais ações na área. Acreditamos na descentralização das ações culturais para os bairros. Mas, primeiramente as ações no centro precisam estar consolidadas, porque de lá irradiamos cultura para toda a cidade. Sobre as discussões, os artistas de hoje entendem que a forma de se relacionar com a cidade e com a música deve ser encarado de forma diferente, mais orgânica. Temos que acompanhar as mudanças, as necessidades atuais. Mas é um trabalho de sensibilização sempre sobre a importância de reunir, conversar, atualizar os conhecimentos, criar espaço para o debate.

PEDRO SOBRINHO: O foco do Festival BR-135 é o mercado independente. Como você avalia as edições anteriores? Atingiram o objetivo?

LUCIANA SIMÕES: Aproximar os artistas locais da cadeia que produz cultura nos outros Estados, ou seja, aproximar o artista local dos outros artistas, dos agentes e produtores de outros Estados é um objetivo que está sendo atingido. Sobretudo promover um ambiente de encontro, troca, intercâmbio. Creio que o festival já esteja chamando atenção da mídia especializada e dos produtores de festivais no Brasil sobre a existência de uma cena local rica e interessante.

PEDRO SOBRINHO: Qual o maior desafio para o Festival nessa edição?

LUCIANA SIMÕES: Sensibilização e mobilização, porque o festival não é só entretenimento.O envolvimento nas discussões sobre a música e sobre a cidade é muito importante.

PEDRO SOBRINHO: Na sua opinião o Festival BR-135 tem merecido uma atenção da mídia local (rádio, TV, jornal, internet) tendo em vista à grandeza do evento para quem faz música no Maranhão ?

LUCIANA SIMÕES: Acredito que o festival tenha a simpatia dos jornalistas e dos veículos. Esperamos continuar contando com vocês, que são um elo muito importante dessa cadeia. O jornalismo cultural é abordado dentro do Conecta Música, com uma mesa de debates com a presença de Patrícia Palumbo do programa “Vozes do Brasil”, Roberta Martinelli, da TV Cultura (SP), Zema Ribeiro (SLZ) entre outros convidados.

PEDRO SOBRINHO: Vocês já pensam 2016 ?

LUCIANA SIMÕES: Nesse momento nossa energia está toda voltada para o sucesso dessa edição. O sucesso dessa edição contribui para que o festival continue acontecendo. Nosso desejo é tornar o festival cada vez mais consolidado como parte do calendário da cidade e do mapa cultural do Brasil.

 

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