Aproveitei o feriadão da Semana da Pátria, o domingo de frente fria e nublado de setembro, no Rio de Janeiro, para curtir o musical “Amargo Fruto”, no Teatro Carlos Gomes, que me fez lembrar o musical sobre a vida de “Jim Morrisson”, vocalista e líder do “The Doors”, que assisti em outubro do ano passado, nesse espaço majestoso e charmoso, localizado no Centro Histórico da Cidade Maravilhosa, que adotei para oxigenar a minha alma de informação e fugir do lugar comum.
Espetáculo dirigido por Ticiana Studart e protagonizado pela atriz e cantora Lilian Waleska, “Amargo Fruto”, em cartaz até o próximo dia 27, no Rio, conta a história de Billie Holiday, a “Lady Day”, criada pelo instrumentista Lexter Young, considerada a maior cantora de jazz de todos os tempos, dona de um estilo próprio, que, desde os 30 aos, permanece como uma referência para intérpretes de todo o mundo.
Insubstituível
De um lado uma artista de voz única, mas, que infelizmente ou felizmente, teve uma história marcada por dificuldades, perserverança e tragédia, numa constatação de que viver não é uma tarefa fácil, ou seja, muito complexo. Essa história é contada, no ano em que essa diva completaria 100 anos, no texto de Ticiana e Jau Sant´Ângelo.
Mesmo diante do sucesso na música, Billie teve uma vida marcada por uma infância de abandono, uma adolescência marcada por traumas como um estupro, aos 11 anos, e prostituição, aos 13. Com seus poucos mais de 40 anos vividos, em um país marcado pela segregação racial violenta, Billie teve sua história abreviada pela dependência de drogas e álcool.
Lilian Waleska incorpora com algumas pitadas de irreverência e humor, a história de uma artista que subverteu a ordem com elegância. Também participam da produção, os atores Milton Filho e Vilma Melo, que interpretam mais de um personagem para construir a narrativa de Billie Holiday.
Épicas
A direção musical e arranjos são de Marcelo Alonso Neves, que selecionou quatro músicos para acompanhar Lilan Waleska ao vivo, nos moldes tradicionais do jazz. Canções eternizadas na voz de “Lady Day”, se fazem presente no meio da narrativa, entre eles os clássicos “Don´t Explain” “Summertime” e “Strange Fruit”.
O Mito
Enfim, o musical “Amargo Fruto” é acessível e retrata a vida de Billie Holiday: “uma cantora universal. Um mito, e como todo mito não desaparece”.