O Dia da Mulher Negra Afro Latino-americana e Caribenha foi celebrado em São Luís, no último sábado (25), com uma programação especial na Praça Nauro Machado, na Praia Grande, Centro Histórico da Capital Maranhense, como parte do projeto “Mais Cultura e Turismo”, iniciativa das secretarias de Estado da Cultura e Turismo. A noite teve início com os shows de Didã e as Célias Maria e Sampaio, intituladas as Damas Afro Maranhenses. A plateia, formatada por gente local e turistas, foi presenteada pela apresentação cheia de versatilidade e swingue do trio de cantoras locais.
Na sequência a escadaria da Praça Nauro Machado foi transformada em passarela para receber o desfile “Quatro Dimensões do Poder Feminino: criação, realeza, transformação e magia”, idealizado pela diretora da Casa do Maranhão, Jô Brandão, com direito a trilha sonora construída a quatro mãos, na qual eu coloquei o meu dedinho lá, além da performance da atriz Tieta Macau aliada a percussão de Paulinho Akomabu. O empolgante desfile apresentou a importância da mulher negra maranhense na construção de uma sociedade mais consciente, sem muito sofrimento e reverberando o século XXI.
Manifesto
A Passarela da Praça Nauro Machado serviu, também, para quebrar paradigmas ainda existente em uma sociedade preconceituosa e racista. Dentro de uma concepção coletiva, o desfile evidenciou as belas e importantes histórias de força, determinação e garra de mulheres negras que fizeram história no Maranhão, como exemplo, Catarina Mina. Passou as técnicas de tranças e turbantes de uma geração para outra geração, sempre respeitando a tradição, além da presença de divindades afro, por meio de um figurino, concebido com muita sensatez e consistência.
E já que a atmosfera era de também trabalhar a autoestima da mulher negra, as jovens e destemidas meninas negras genuínamente maranhenses entraram na passarela para causar e refletir sobre a beleza verdadeira da mulher brasileira, afro, latino-americana e caribenha, através da quebra de estereótipos que predominam na moda e na mídia desse País.
Bonito é ser diferente
O padrão ocidental de beleza é obviamente racista – um fato inevitavelmente observado em todos os contextos relacionados a aparência física. São raras as celebrações da negritude, sobretudo quando as pessoas em questão são mulheres. Infelizmente, é muito comum passar as páginas de revistas e catálogos de cosméticos ou assistir programas inteiros de televisão sem encontrar representações de mulheres negras como belas, nem mesmo nos comerciais e propagandas. E apesar de haver alguns exemplos de mulheres negras famosas no Brasil e no mundo que são consideradas lindas, a beleza negra presenciada na mídia parece, na maioria das vezes, se enquadrar nos específicos critérios dos “traços finos”.
A beleza da negritude, afinal, pode e deve existir em muitos tons, tamanhos e pluralidades. Enfim, quando algum cristão conhece a cultura do outro, sabendo sobre as diferenças vai olhar com outros olhos e apreciar a beleza da diversidade. Para combater o racismo é preciso ensinar as pessoas a respeitar as diferenças.
Fotos: Felipe Crisóstomo