O Prêmio Música Brasileira 2015 divulga lista dos indicados. Os vencedores serão conhecidos, em solenidade, que vai ocorrer no dia 10 de junho, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com uma homenagem especial a Maria Bethânia, pelos 50 anos de carreira. Esta é a vigésima sexta edição do Prêmio da Música Brasileira e a sexta consecutiva com patrocínio da Vale.
O cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro aparece em duas categorias: a de melhor cantor pop/rock/reggae/hip hop/fun, com o disco “Calma Aí, Coração” e melhor álbum infantil, com “Zoró (Bichos Esquisitos – volume 1, produção de Guilherme Kastrup.
Veterana, porém desconhecida dos conterrâneos
Monica Salmaso, com quatro indicações, ao Prêmio da Música Brasileira, pelo álbum Corpo de baile, exemplifica bem o fosso que existe entre a música que ganha prêmios e aplausos, do que é consumido pelo povo brasileiro. Uma das grandes vozes da atualidade na música popular do país, Monica Salmaso é uma ilustre desconhecida para a imensa maioria dos compatriotas, assim como Dona Glorinha do Coco é também ignorada até em seu estado. Dona Glorinha, com duas indicações ao PMB, nas categorias Melhor Álbum e Melhor Cantora Regional, tem 80 anos, e é a mais idosa coquista do Amaro Branco, em Olinda.
Regionalismo pernambucano
Dona Glorinha do Coco, é uma das seis pernambucanas indicadas ao prêmio este ano, em nove categorias. Os outros são: Quinteto Viola, na categoria Melhor Grupo Regional (pelo disco ‘Eu disse freeevo!), Alceu Valença, na categoria Melhor Álbum MPB (por Valencianas – Alceu Valença e Orquestra Ouro Preto), e Melhor Cantor Regional (por Amigo da arte); Johnny Hooker, melhor cantor, na categoria Canção Popular (disco Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito!), Nação Zumbi na categoria Pop/Rock/Reggae/Hip-hop/Funk (com Nação Zumbi), Caju & Castanha, categoria Álbum Infantil ( por No ritmo da emboladinha), e Anastácia, Melhor Cantora Regional (por 60 anos de forró e MPB).
Embora exista desde 1987 (começou como Prêmio Sharp), o prêmio indica artistas cujos trabalhos lhes são enviados com as inscrições. Pelo visto, forrozeiros (do chamado pé de serra), não se inscrevem. No gênero, este ano há apenas um nome indicado, a recifense Anastácia, ex-mulher e parceira de Dominguinhos, por um disco em que celebra 60 anos de carreira, quase o mesmo número de anos que ela tem de residência em São Paulo. O sanfoneiro Mestrinho, também está indicado na categoria regional (Melhor Cantor), mas estreou solo com um disco que está muito mais para a MPB, mesmo feito com xotes e baiões.
Cada qual no seu quadrado…
Por sua vez, certas categorias são demasiadamente difusas, ou elásticas, o roqueiro Johnny Hooker foi indicado na categoria Canção Popular, o que não é exatamente seu estilo, embora ele reprocesse o brega para uma moldura pop/rock. Idem para a mineira Fernanda Takai, imprensada entre Roberta Miranda e Carla Gomes, concorrendo a Melhor Cantora Popular. Alceu Valença é indicado nas categorias MPB (com o Valencianas), e Regional (com Amigo da arte). Se Amigo da arte é regional, Valenciana também seria. E vice-versa.
E a confusão se estabelece na categoria Pop/Reggae/Rock/Hiphop/Funk, extremamente abrangente, com indicações para três bandas de rock. duas dos anos 90 (Nação Zumbi e Skank), e uma dos 80 (Paralamas do Sucesso), onde o maranhense Zeca Baleiro aparece na disputa de melhor cantor. E a pergunta que não quer calar. Em qual das categorias Baleiro está inserido, segundo o Prêmio da Música Brasileira. É impossível conciliar todos estes gêneros da música urbana numa só categoria. Por que não pop/rock, rap, reggae e funk, cada qual fazendo jus a uma categoria?
Por fim, mas não menos importante, é preciso se repensar a sigla MPB. Afinal, Ney Matogrosso é da MPB ou do Rock? Quando Gilberto Gil faz disco de forró feito “Fé na festa” (2010, tocado nos principais festivais de jazz europeus naquele ano), é MPB ou Regional? Mestrinho, sanfoneiro do grupo de Gil, lançou em 2014, Opinião, um disco de forró sofisticado como os de Dominguinhos, ou de Gil. Por que não se enquadra na categoria MPB? É a inscrição que decide? Se o Quinteto Armorial se inscrever ao PMB, seria na categoria regional, ou na de erudito? No Prêmio da Música Brasileira não está tudo junto, mas continua meio misturado.