Um presente de fim do ano, foi o show da cantora paulistana Céu, na noite dessa quinta-feira (18/12), no Teatro Artur Azevedo, em São Luís, numa iniciativa louvável Festival BR-135, idealizado pelo Coletivo Criolina [leia-se Alê Muniz e Luciana Simões], na versão 2014. O evento mobiliza durante quatro dias, a cadeia produtiva autoral da nova cena musical maranhense com arte (shows, palestras) e cidadania (ocupação com gente da Praia Grande, Centro Histórico da Capital Maranhense).
A festa começou com pé direito. Na abertura, representando a música local o folk de Acsa Serafim e Otília Ribeiro, acompanhadas do guitarrista Márcio Glam e do grupo Maratuque Upaon-Açu recepcionaram a plateia com clássicos rock (Oh, Darling, dos Beatles, Will We Rock, do Queen e Mercedes Benz, de Janis Joplin), com direito a fusão dos tambores da moçada do Maratuque e e os riffs de guitarra de Márcio Glam.
Na sequência veio a anfitriã da noite: Céu. Em sua primeira aparição na ilha, ela entra em cena vestida informalmente, esnobando elegância, charme e uma psicodelia sonora no palco, me remetendo aos bons tempos dos “Doces Bárbaros”, com o seu show “Caravana Sereia Bloom”, título do seu terceiro e mais recente CD. Logo de entrada a canção “Sereia” e na sequência, “Falta de Ar”, música do Gui [Amabis, marido e parceiro musical de Céu.” Enfim, um rock que remete à Rita Lee da fase Tutti Frutti.
Densidade
A cada faixa dos seus três discos mostrados no palco do TAA, tais como, “Amor de Antigos”, “Vagarosa”, em ritmo de carimbó, “Malemolência, com direito a incidental do clássico “Mora na Filosofia”, de Monsueto; “Lenda”, do primeiro disco, ““Retrovisor”, música de desilusão amorosa,numa pegada meio rala-coxa, num conceito bluesy, além da reverência feita a Pepeu Gomes, na releitura de “Mil e Uma Noites de Amor”, que vai estar no primeiro DVD da artista. Ao revisitar “Visgo de Jaca”, canção feita em 1974, por Martinho da Vila, Céu afirma ser dona de uma voz suave, afinada, musicalidade densa e diversa. Embora com uma proposta sonora inovadora, é uma artista cuja a ligação com a música está sempre “linkada” na raiz [afroamericanabrasileira].
Pedras de Responsa
Aproveitando que estava na ilha de São Luís, a capital brasileira que melhor cultua o reggae jamaicano, Céu deu uma caprichada legal e mexeu no “set” interpretando três canções do álbum “Catch a Fire” (1973), um dos discos mais significativos de Bob Marley e do reggae mundial. Ela castigou com “Concrete Jungle”, “Catch a Fire” e “Kinky Reggae”, acompanhado pelo quarteto: Dustan Gallas (teclados e guitarra), Lucas Martins (baixo), Bruno Buarque (bateria) e DJ Marco.
Personalidade
Toda essa audição constata que a música sempre fluiu naturalmente na vida de Céu e os contatos com nomes fundamentais do samba, do choro, do reggae, som regional, jazz, entre outros estilos. O mais fundamental para quem se legitima músico “Indie” ,”é ser honesto com a sua arte o possível. Ser mais autêntico, mais focado no que acredita e não dar ouvido para aquilo que o mundo externo acaba pressionando. É muito importante para os artistas novos seguirem o seu extinto e passarem através da música a sua verdade”. Tarefa nada fácil …
A Caravana de Céu passou por aqui e tivemos o privilégio de ouvir o canto da sereia.
Fotos: Jonas Sakamoto/Imirante.com