Finalmente, partir para uma audição do CD Cruel, produzido por Zeca Baleiro, pelo selo Saravá Discos, do próprio cantor e compositor maranhense, em que ele recuperou músicas perdidas do cantor e compositor capixada Sérgio Sampaio, o mais “maldito” dos artistas da MPB dos anos 70. As canções deste CD são as mais bem-acabadas de Sérgio Sampaio, em que prevalece a poesia contundente, inquieta e confessional do artista.
A produção é muito boa, deixa o cantor e seu violão bem na frente, e os instrumentos atuando com sutilezas (tocam entre outros, Bocato, Marcos Sacramento, Tuco Marcondes e Lui Coimbra). Não esperem os que cultuam Sérgio Sampaio, através da épica canção “Eu Quero é Botar o Meu bloco na Rua (feita para o Festival Internacional da Canção de 1972). As melodias são discretas, dividindo-se entre baladas, Em nome de Deus, ou sambas cadenciados,” Polícia, bandido, cachorro, dentista”, uma das boas faixas do disco.
Algumas canções têm som precário, Zeca Baleiro ressalta no encarte o valor documental deste lançamento. Uma destas é Cruel, a faixa-título. Porém a maioria é de boa qualidade, e aponta para um artista transgressor. No início de 1994, ele pretendia gravar Cruel, seu primeiro CD, pelo selo paulistano Baratos & Afins. Em 15 de maio deste ano, aos 47 anos, Sérgio Sampaio morreu em conseqüência de uma pancreatite. Felizmente, o disco foi resgatado por Baleiro para a felicidade da Música Popular Brasileira.