“Acabou Chorare” reverenciado em São Luís
Várias gerações reunidas no último sábado (22/2), no Mandamentos Hall (Lagoa da Jansen), para prestigiar o show do disco emblemático dos Novos Baianos, “Acabou Chorare”, eleito como o álbum mais importante da história da Música Popular Brasileira pela revista Rolling Stones Brasil, agora festejando quatro décadas de idade.
Acompanhado de Cesinha (bateria), Augusto Albuquerque (baixo), Marcos Moletta (bandolim e guitarras), Repolho (percussão) e do filho Davi Moraes, Moraes Moreira cantarolou, em quase duas horas de show, as nove faixas do álbum histórico, concebido em 1972, “Preta Pretinha” (Moraes Moreira), “Brasil Pandeiro” (Baby do Brasil, Paulinho Boca De Cantor e Moraes Moreira), “Tinindo Trincando” (Baby do Brasil), “Swing de Campo Grande” (Paulinho Boca De Cantor), “Acabou Chorare” (Moraes Moreira), “Mistério do Planeta (Paulinho Boca De Cantor), “A Menina Dança” (Baby do Brasil), “Besta é Tu” (Moraes Moreira), “Um Bilhete Pra Didi” ( A Cor Do Som), o qual acrescentou alguns sucessos de sua carreira pessoal, como, ‘Pombo Correio, “Lá vem o Brasil descendo a Ladeira”, “Bloco do Prazer”, “Festa do Interior”, transformando o espaço em carnaval eletrizante.
O interessante do show foi perceber que Moraes Moreira e o filho Davi optaram por manter a estética original do disco, legitimado pela sua atemporalidade. E a resposta veio com uma plateia multifacetada cronologicamente. De um lado, gente que viu nascer o “Acabou Chorare”, outros que acompanharam a trajetória do disco, além de uma nova geração que ouviu dos avós, pais e tios o álbum cujo os componentes misturam samba, rock, modenidade dos sons da época, e as tradições inspiradas pelo produtor «espiritual» da obra, o cantor e compositor baiano João Gilberto.
Outro momento surpreendente e marcante do show, foi protagonizado por Davi Moraes, ao reverenciar “Maracatu Atômico”, em que cita os criadores da obra, Jorge Mautner, Nelson Jacobina, e a Nação Zumbi, responsável por uma releitura contemporânea da canção, consagrada, anteriormente, pelo baiano Gilberto Gil. Davi Moraes deixou o palco e foi para plateia, onde interagiu com maestria o instrumento de trabalho e mostrou a roupagem dada a canção, com o auxílio percussivo luxuoso do lendário Repolho, numa simbiose de riffs de guitarra aliada a batida do maracatu rural.
Enfim, uma noitada, em pleno Sábado Magro de Carnaval, em que as gerações misturadas se encontraram para celebrar o “Acabou Chorare”: um misto de guitarra elétrica, baixo, bateria, cavaquinho, chocalho, pandeiro e agogô. Por isso, é referência em pluralidade musical e abrangência de estilos do Brasil.