Babi Jaques e os Sicilianos na Aldeia Sesc Guajajara

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A 8ª Aldeia Sesc Guajajara encerra nesta sexta-feira (1º) com performances, intervenções, instalações e a discotecagem com da dupla de DJs Drumagick (SP) [leia-se os irmãos, Jr.Deep e Guilherme Lopes], shows com a Banda Baré de Casco (MA), Natália Ferro (MA) e Babi Jaques e os Sicilianos (PE), uma das atrações do Festival Abril Pro Rock, 2013, em Recife (PE). O evento tem início a partir das 19h, na Praça Nauro Machado, Praia Grande.

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Coisa Nostra

A Babi Jaques e os Sicilianos consegue, com maestria, agregar a boa música ao teatro, às artes plásticas e ao cinema. A apresentação da banda parece um filme, onde as canções funcionam como a trilha sonora. No intervalo entre uma música e outra, os integrantes viram verdadeiros atores: o telefone toca, vinhetas são ouvidas ao fundo e outras intervenções cênicas acontecem. O espetáculo teve direito até a uma ligação telefônica “ao vivo” feita ao produtor do Abril pro Rock.

A vocalista Babi Jaques é uma sensação à parte. Com uma desenvoltura singular e uma capacidade enorme de atingir tons diferentes de voz, ela é o elemento que sintetiza toda a proposta dos “mafiosos”. A banda lançou o seu primeiro CD no festival, Coisa Nostra (2013).

Além de lançarem o novo disco a banda inicia um novo espetáculo. O resultado foi fruto de um trabalho coletivo que tem a contribuição de nomes como o artista plástico Raul Córdula, que auxiliou na identidade visual e cenário, o cineasta e escritor Wilson Freire, que monitorou a construção dos personagens e contribui na produção dos materiais audiovisuais junto aos produtores e cineastas Vivi Rodrigues, Thiago Lira e André Lucap, os atores e dramaturgos Giordano Castro e Mariana Ratts que apóiam os integrantes no trabalho cênico, os músicos e produtores Juliano Holanda (Orquestra Contemporânea de Olinda) e Leo D (Mundo Livre S/A) que contribuíram na produção do disco, o artista plástico Ângelo Meyer que também participou da confecção do cenário, junto com o artista Mano Black, as artistas visuais Ianah Maia e Tereza Beirão responsáveis pela identidade visual da banda, a estilista Vera Barros que trabalhou nos figurinos, a equipe do espetáculo formada pelo técnico de som Cláudio Magazine, a iluminadora Natalie Revorêdo, o produtor de palco, músico e ator Sanmy Wilher, além dos músicos Alexandre Barros, Bárbara Jaques, Thiago Lasserre e Well..

Antes de “Coisa Nostra”, Babi Jaques e Os Sicilianos rodou todas as cinco regiões do Brasil, em 13 estados, munidos de um EP independente gravado em casa, com 7 faixas. Também participaram de coletâneas nacionais, compuseram trilhas sonoras para filmes e lançaram e produziram um documentário chamado “Sabe lá o que é isso” investigando as transformações do frevo, que culminou no single da releitura do “Hino de Batutas de São José”, que a banda Babi Jaques e Os Sicilianos interpreta com o Maestro Spok.

Formação

A família é composta por Baros, baterista, um mafioso responsável por um famoso cabaré da “década de 50 de 2010”, chamado Capibaret. Representa no palco, as festas, os prazeres e a rua, é o a personificação do hedonismo. Magvinier Lasserre, contrabaixista e tecladista, é o mais velho da turma, um aspirante a Don, que representa no mundo fantástico de Babi Jaques e Os Sicilianos, a importância e ações do tempo. É também o integrante que traduz a melancolia do ser humano, algo bastante presente no disco através das melodias tensas e de algumas letras.

Well, guitarrista, é o rockstar por excelência, o desejo juvenil de se tornar uma estrela. É uma auto-crítica à nossa absorção quase cega de uma cultura massificada e imperialista e que ainda hoje define a estética em grande parte do mundo. Babi Jaques, vocalista e percussionista, é uma jovem que representa os vários personagens que o ser humano assume ao longo de toda sua vida. Por isso se transforma em várias vozes durante as músicas, como sons caricatos referenciando falas de desenho animado, sussurros, gritos, choros, cantores de ópera, entidade sagrada, contadores de história e até mesmo uma famosa cantora meretriz do cabaret de Barros, chamada Manuelita. E por fim, Sanmy Wilher, o consigliere da família, que está sempre por perto, auxiliando no que for preciso, esteja ele alegre ou triste.

Desde a formação da banda em 2009, esses “nostrifenses” circularam as cinco regiões brasileiras, passando por treze estados em mais de sessenta cidades. Nessa caminhada conquistaram dezesseis premiações, autogerindo e produzindo seu trabalho, com um cd demo de sete faixas gravado totalmente independente em casa.

Nas últimas premiações, a banda conquistou o primeiro lugar no WebFestvalda, promovido pelas Pastilhas Valda no Circo Voador no Rio de Janeiro e foi a campeã do festival recifense Pré Amp 2012, que teve como prêmio a gravação de um CD.

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Groove

Nem só dos badalados DJs Marky e Patife vive o drum’n bass brasileiro. Alguns anos depois do estouro mundial desse gênero de música eletrônica (caracterizado pelas batidas quebradas, linhas de baixo treme-terra e teclados espaciais), começam a surgir os discos genuinamente nacionais – quer dizer, não somente coletâneas de faixas estrangeiras mixadas pelos nossos craques dos pick ups. Os irmãos Jr.Deep e Guilherme Lopes iniciaram carreira da mesma forma que Marky e Patife, girando seus discos em festas. Mas logo estavam fazendo suas próprias músicas sob o nome de Drumagick, projeto que, depois de alguns remixes (como o de Renault/Peugeot, que acaba de sair no disco do pernambucano Otto, Changez Tout) e de participações em coletâneas, chega ao seu primeiro álbum, Aí Maluco! (Trama). Desde 1996 os irmãos estão pesquisando e fazendo drum’n bass, paralelamente ao trabalho como DJs (eles normalmente tocam juntos, com dois toca-discos cada um), o que, segundo eles, acabou sendo muito importante para o desenvolvimento do trabalho como produtores. “Isso nos deu uma bagagem boa, nos deixou antenados”, conta Guilherme.

Os irmãos estão ligados na cena drum’n bass desde 1993, quando ela ainda atendia pelo nome de hardcore. “Passamos por todas as suas transformações”, diz o caçula, que aos 12 anos de idade começou a discotecar, na cola do irmão, e aos 15 já produzia. “Não é a idade que importa, é o feeling”, ensina. Em casa, quando era criança, Guilherme ouvia muita MPB, Ray Conniff e Beatles, por causa dos pais. Já Jr. Deep preferia o skate à música. Aos 12 anos, num dos rolês, foi atropelado e acabou passando um mês e meio internado no hospital e quatro meses se recuperando em casa. “Era ou estudar ou ouvir música”, conta. O rádio tocava grupos como Information Society, Depeche Mode e New Order, que acabaram fazendo sua cabeça. “O dance-pop era o mais acessível na época”, lembra. Resultado: logo que se sarou, Jr. foi fazer curso de DJ e passou a mergulhar cada vez mais fundo na música eletrônica.

Guilherme admite a admiração por produtores britânicos de drum’n bass como Ed Rush, Optical, DJ Hype e Roni Size. Mas as faixas do Drumagick, segundo ele, surgem a partir de muita pesquisa de música brasileira. “Mas não é só pegar uma MPB e misturar com os beats”, diz. Num processo que ele define como “mesclagem justa”, a dupla incorpora principalmente o samba e a bossa nova, os mais adequados ao drum’n bass. Para fazer suas músicas, Guilherme e Jr. usam basicamente programas de computador e um sampler – eles dividem com o produtor Ramilson Maia o Hangar 15, misto de estúdio e escola para DJs em Jabaquara (Zona Sul de São Paulo).

Itinerância

A 8ª Aldeia se estenderá as cidades de Itapecuru e Caxias. A programação segue de 3 a 9 de novembro, com oficinas, espetáculos teatrais e shows. A mostra é gratuita, mas o público pode colaborar com o Programa Mesa Brasil do Sesc, que complementa milhares de refeições de crianças e adolescentes de São Luís e Caxias, doando 1 kg de alimento não-perecível nas bilheterias dos teatros.

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