O livro “Mestre Felipe Por Ele Mesmo“, de autoria de Sérgio Costa e Marco Aurélio Haickel, será lançado nesta sexta-feira, (11), a partir das 19h, no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, na Praia Grande.
A programação de lançamento da obra também será marcada pela exibição de filmes com as entrevistas de Mestre Felipe, roda de conversa com a participação dos autores, entrega de livros para representantes de grupos de tambor de crioula e venda de exemplares, no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho. No dia seguinte, a partir das 16h30, haverá festa de tambor de crioula na Casa de Mestre Felipe, no bairro Vila Conceição – Coroadinho.
O trabalho surgiu da necessidade de registrar as palavras de Felipe Neres Figueiredo, o Mestre Felipe, diante da sua história de vida, da sua alegria contagiante, seu amor e reverência pela família, amigos e amigas, e de suas paixões: o Tambor de Crioula, o bumba meu boi, o dominó, o futebol e uma boa prosa, além de sua experiência como produtor cultural.
A obra expõe, por meio da trajetória de Mestre Felipe, diversos outros contextos que vão além do tambor de crioula da região vicentina. Entre eles: o bumba meu boi da baixada; o processo migratório de pessoas do Baixada do Maranhão para São Luís; as implicâncias deste deslocamento populacional na reorganização urbana da cidade de São Luís, particularmente a partir de meados dos anos 1960 e, como consequência, a importância do citado aspecto demográfico na constituição da diversidade cultural ludovicense.
A ideia de registrar a vida e a obra de “Mestre Felipe” data de meados de 2004. Logo após Mestre Felipe completar 80 anos, Aziz Junior, Marco Aurelio Haikel e Sergio Costa resolveram, diante do agravamento do estado de saúde do mestre, registrar em áudio e vídeo a história dele contada a partir de sua própria narrativa, emanada numa estrutura de entrevistas organizadas em questões abertas.
Para isso foram realizados diversos encontros na casa do mestre, na Vila Conceição – bairro Coroadinho, no primeiro trimestre de 2005 e no início do ano de 2007. Nessas ocasiões os idealizadores do projeto tentaram abarcar, mesmo que de forma impossível, o imenso cabedal de histórias transcorridas na existência de Seo Felipe, ressignificadas em infindáveis enredos de interpretação e expostas na sedutora narrativa deste filho do município São Vicente Ferrer.
Nessa aventura pela vida e obra de “Mestre Felipe” os três amigos incluíram a entrevista que Mestre Felipe concedeu à comunicadora Gisa Franco, da Radio Universidade FM, no dia 13 de maio de 2008 e que foi veiculada no programa especial Acústico Santo de Casa, no dia primeiro de junho do mesmo ano, quarenta e sete dias antes de seu falecimento.
Após a morte de Mestre Felipe, no dia dezoito de julho de 2008, a ideia de fazer um livro sobre a vida e a obra de “Mestre Felipe” começou a latejar no sentido de que as entrevistas servissem de um meio condutor que deflagrasse nas pessoas uma reconstituição histórica, tanto da personalidade, quanto da sabedoria, liderança e capacidade de educar deste ícone popular, assim como, e não menos importante, da sua condição de primoroso artista no Tambor de Crioula, nas formas canto, dança, toque e fundamentos da brincadeira de punga.
A ideia do livro tomou corpo com aprovação do Projeto “Mestre Felipe por ele mesmo”, no edital Amazônia Legal 2010 (Ministério da Cultura/Funarte/Programa Mais Cultura). Desde então, foram necessários dois anos de muito trabalho dedicados à transcrição das gravações em áudio, à concepção, organização e definição semiótica e histórica dos capítulos, à pesquisa em diversos arquivos fotográficos que traduzissem tal conceito, à concepção de capa e também, à coleta de informações, conhecimentos e sínteses históricas de personalidades populares reveladas nas palavras de Mestre Felipe e Dona Mundica.
Por fim, ressalta-se que o livro “Mestre Felipe Por Ele Mesmo” é uma obra permeada de lacunas, fato que certamente se disponibiliza a servir de fonte para outras pesquisas e publicações em torno desta importante personalidade para a cultura maranhense: Felipe Neres Figueiredo, Mestre Felipe: “A Onça Pra Tambô!” (Patrícia Santiago – agitadora cultural).