Infelizmente, mas tenho que falar que o preconceito é algo sobrenatural e real. Se manifesta de diversas maneiras. O papo aqui não é de um corporativista ou complexado. O papo aqui é reto e sério. O fato de ser negro no Brasil, ainda, serve de tema para antrópologos, sociólogos, entre outros estudiosos no assunto. E resumindo: lá se foram mais cem anos de escravidão e o negro continua tendo os seus direitos de cidadão excluídos.
Na pirâmide social, estão cimentados e legitimados o mais ordinários dos racismos em que os bairros carentes de qualquer metrópole brasileira são habitados por negros. Muitos vivem na extrema miséria. Outros com salários abaixo do mínimo, frequentando uma escola pública excludente, restando apenas ficar na mira de uma polícia oprimida e opressora ao mesmo tempo.
O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da República, reconhece que é preciso que as Polícias Civil e Militar mudem o padrão de abordagem aos jovens negros.
“A forma de a polícia abordar o homem branco e negro é diferenciada. É preciso que haja uma reeducação da Polícia Militar e Polícia Civil para mudar o padrão de abordagem, que já chega suspeitando que o negro é bandido”, disse Carvalho.
É triste esse quadro da violência urbana no país, em que milhares de negros são assassinados, muitos confundidos como bandidos. E se a maioria da população jovem negra envereda pelo mundo do crime é motivada por um processo de exclusão histórico, concebido com a chegada dos africanos no processo de colonização do Brasil Império e se estendeu no Brasil República.
Várias tentativas têm sido feitas pelo Poder Público para compensar essa dívida histórica. E mais nova iniciativa do governo federal é a criação do Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra, que será lançado nesta quinta-feira (27), em Maceió, capital das Alagoas. De acordo com a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, no programa radiofônico, Bom Dia Ministro, desta quarta-feira (26), que o objetivo do plano é reduzir o índice de homicídios de negros no país, intitulado “Juventude Viva”.
Em Alagoas, o programa irá complementar iniciativas que já estão em curso, como o Programa Brasil Mais Seguro, do Ministério da Justiça. A ministra esclareceu que a escolha do estado também se justifica porque a capital, Maceió, ocupa o segundo lugar entre as cidades com o maior número de homicídios no país. Nesta primeira etapa, além de Maceió, o Juventude Viva também será testado em outras três cidades alagoanas: Arapiraca, Marechal Deodoro e União dos Palmares. A meta do governo federal é, a partir da experiência inicial, estender a iniciativa para os 132 municípios mais violentos do país. Enfim, é um programa abrangente que envolve diversos setores ligados as questões sócioeconômicas da população.
A gente espera que o Plano funcione para melhoria dos indicadores sociais da população negra no País, contribua para identidade, autoestima, reconhecimento e que possa construir mecanismos de superação a opressão, quase irreversível, vinda de qualquer segmento preconceituoso da sociedade.