BR-135: uma boa ideia que merece longa vida…

1comentário

Sabemos que toda forma de amar vale a pena. Assim como toda forma de protestar também vale a pena. Mas, também devemos tomar todo cuidado com o que falamos e escrevemos, pois o tiro pode sair pela culatra. Às vezes na vontade que se tem cobrar de alguém alguma coisa, existe a possibilidade de cometermos injustiças. Na condição de produtor de eventos de pequeno porte, jornalista com uma afeição pelo entretenimento e cultura, também gosto de opinar sobre a cena, não apenas local, mas a que ronda o Globo.

Em se tratando da nossa São Luís, o caso é sério. De um lado, o artista produzindo a sua arte e do outro, os mecenas. Para que  a simbiose entre um e outro tenha uma harmonia perfeita, é necessário que o diálogo seja funcional e de interesse mútuo. Não é porque você joga uma ideia no ar, a tal ideia tenha que ser comprada, por se achar que ela é a melhor Coca-Cola do mundo. É óbvio que para se colocar em prática uma boa ideia, uma informação tida como valiosa, tem que ser apreciada e vendida. É o jogo do capitalismo selvagem em que todos nós estamos inseridos.

Agora, não podemos esquecer de uma coisa: o mercado está cada vez mais competitivo e que ele absorve as boas e as más ideias.  E essa relação na maioria das vezes  funciona por meio de uma relação domesticada, é o chamado tráfico de influências,  em que nesse caso não prevalece um produto bem acabado, mas sim que tipo de relacionamento e interesses tem o produtor  com o possível patrocinador. Mas, no meio desse vendaval, existem empreendedores com uma visão sensível e independente desse modelo atípico e provinciano de apoiar quem faz arte. Ebnfim, sabem valorizar também as pequenas e médias produções.

Sou daqueles que quanto mais criativas e ousadas as ideias melhor para subverter a ordem esse ‘Status Quo’, em que precisamos fazer um esforço para tentar entender e se acostumar com ele. Pelo menos cheguei a conclusão na convivência em casa, que jamais devemos atribuir ao outro um problema que é de uso exclusivo nosso. Os outros são outros. E o que nos resta é resolver o que nos está atingindo com sabedoria. Por isso, não concordo da teoria feitas a quem você acha ser adversário, porque o ideal não comunga com quem acha ser dono de uma verdade absoluta.

Fora o etnocentrismo e passamos a olhar o mundo acreditando que somos diferentes.Afinal de contas gente, gosto é como aquilo. Cada um tem o seu. E que cada qual dê a sua parcela de contribuição na arte em que acreditamos para fazer com que esse ou aquele ‘nicho’ social se permita a ter acesso e absorva uma nova opção de lazer, seja por meio da música, artes plásticas, fotografia, cinema, moda, etc.

Enfim, aplaudo qualquer iniciativa que fuja do lugar comum. E o BR-135 é uma dessas boas ideias jogada no mercado e que ainda não alavancou de vez, conforme questionam e se preocupam os organizadores do Coletivo Criolina [leia-se Alê Muniz e Luciana Simões]. Segundo a dupla, a falta de bons parceiros tem dificultado para que o projeto possa se manter vivo. Como uma pessoa que acompanho o dia a dia da diversão na ilha, percebo que, com ou sem apoio, o projeto é uma realidade.

Não querendo tirar a responsabilidade de quem poderia dar apoio total ao evento, não podemos deixar de mencionar outros fatores que também contribuem para os problemas que atrapalham na  manutenção da brilhante ideia. Às vezes que fui para o BR-135, senti uma inquietação e angústia ao perceber a timidez do público e a dificuldade, principalmente, dos que se autointitulam na contramão do óbvio em um envolvimento de cabeça com o projeto.

É a velha cultura local de quem ainda acha que diversão não é um negócio como qualquer outro. Têm uns e outros que choram para pagar dez pilas em uma entrada de show. Querem sempre dar uma de esperto(a) e bicão)ona. Estão sempre reclamando pelos quatro cantos que São Luís não tem nada e quando se faz botam defeito e não vão, principalmente, quando o evento é local e traz uma proposta autoral. Tenho certeza que uma plateia mais otimista, menos marrenta, preconceituosa e mais participativa ajudaria a resolver boa parte do problema, sem a necessidade do produtor está com o pires na mão à procura de pai e mãe [trocinador(e)as)] compromissados apenas com aquilo que lhes interessam.

Um outro fator que me leva a um questionamento é o fato dos artistas tidos do gênero popular e comercial, em São Luís, como conseguem assegurar e ter o trabalho reconhecido o mercado com mais facilidade ? Será que a culpa está no profissionalismo deles ou na mídia ? Citar esse artista de ser responsável pela desgraça de quem não consegue emplacar uma música no rádio ou lotar uma casa de show pode parecer  uma teoria completamente evasiva nos dias de hoje. Assim como jogar a culpa na imprensa pelo fracasso do seu sucesso alegando o discurso que ela só contribui para emburrecimento do povo ?

Não quero ser corporativista, pois reconheço as falhas no chamado Quarto Poder institucionalizado, quando torna visível ao receptor toda uma carga de informação voltada para as questões do senso comum. Por outro lado, ela também cede espaço para quem busca uma alternância, uma posição contrária do que pensa a maioria da sociedade. E como bons exemplos temos nomes como o de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Science, Tom Zé, Zeca Baleiro, Rita Ribeiro, entre outros, que fazem acontecer antes de qualquer política pública governamental na tentativa de melhorar o defícit educacional no Brasil.

E como amigo que sou, volto a dizer que reivindicar e cobrar são importantes, mas devemos usar a razão para que a Ópera tenha um resumo e que a dissertação ou narrativa tenha embasamento. Enfim, só o som salva !

1 comentário »
https://www.blogsoestado.com/pedrosobrinho/wp-admin/
Twitter Facebook RSS