O sábado de 17 de dezembro de 2011 marcado pela tristeza no cenário cultural mundial com as perdas do ator Sérgio Brito, da cantora caborverdiana Cesaria Évora e do carnavalesco maranhense Joãosinho Trinta. Pegando carona na célebre frase do ator Marcos Caruso se referindo ao ator Sérgio Brito: “pessoas como essas não vão, deixam”.
Samba de Luto – Essa foi a melhor tradução para se resumir a história de quem vem ao mundo a serviço. E a arte cultura do Maranhão tem uma baixa significativa. O carnalesco Joãosinho Trinta morreu aos 78 anos, vítima de insuficiência respiratória e sepse. O carnavalesco, nascido em São Luís, é um divisor de águas na passarela da Marques de Sapucaí.
Biografia – Ele começou a carreira de carnavalesco no Salgueiro, como assistente de Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues. Joãosinho foi campeão em 1965, 1969 e 1971. Dois anos depois, em 1973, ele assume como carnavalesco da escola de samba e fez parceria com a artista plástica Maria Augusta. Com o enredo “Eneida: amor e fantasia” eles conquistaram o terceiro lugar no carnaval do Rio de Janeiro.
No ano seguinte, em 1974, ele iniciou carreira solo e faturou o título daquele ano pelo Salgueiro, com o enredo “O Rei de França na Ilha da Assombração”. A segunda conquista aconteceu em 1975 com o trabalho “O Segredo das minas do Rei Salomão.”
Joãosinho Trinta saiu do Salgueiro após problemas com a diretoria da escola de samba e seguiu para a Beija-Flor, onde teve uma carreira de sucesso e de títulos com o parceiro figurinista Viriato Ferreira.
Com ousadia e enredos luxuosos, Joãosinho Trinta passou a ser chamado de gênio e reinou no Rio de Janeiro conquistando os títulos do carnaval de 1976, 1977, 1978, 1980 e 1983. Ele ainda teve destaque com dois trabalhos carnavalescos que ficaram com a segunda colocação, em 1986 e em 1989.
Multifacetado – Revolucionário da alegria, visionário e polêmico, Joãosinho Trinta com o enredo “Ratos e urubus, larguem a minha fantasia” criou polêmica, mesmo não vencendo o carnaval carioca, com a Igreja Católica por colocar na Sapucaí um carro alegórico com o Cristo Redentor vestido como mendigo, em 1989, pela Beija-Flor. A imagem foi censurada e, sem perder a criatividade, Joãosinho Trinta resolveu cobrir o Cristo com plástico preto e a inscrição: “Mesmo proibido, olhai por nós.”
Como tudo na vida, a relação de Joãosinho Trinta com o carnaval carioca foi mais de vitorias do que derrotas. O carnalesco abandona o carnaval do Rio, adoece, mas não esquece o amor pela arte. Retorna ao Maranhão e passa a conviver com as manifestações culturais maranhenses de perto. Tive o privilégio de entrevistá-lo no São João deste ano, no Arraial da Lagoa, e [ele] comentava sobre o envolvimento no projeto audacioso do aniversário de 400 anos de São Luís que será concretizado em forma de tributo a esse artista que fez escola com talento, profissionalismo e criatividade deixando o carnaval brasileiro triste.