Altos & Baixos
O primeiro final de semana do Rock In Rio 2011 levou aos palcos do festival mais de 60 atrações, entre shows de Rihanna e Elton John na primeira noite, Red Hot Chili Peppers na segunda, e Motörhead e Metallica no último dia, dedicado ao heavy metal. Reunindo cerca de 300 mil pessoas em três dias, segundo a organização, o evento que voltou ao Rio de Janeiro após dez anos marcou também por fatos extra-musicais.
1) Red Hot Chili Peppers homenageia filho de Cissa Guimarães: a atriz conseguiu que seu filho Rafael Mascarenhas, morto no ano passado em um atropelamento no Rio de Janeiro, fosse homenageado pela banda de Anthony Kiedis no dia que completaria 20 anos. Puxados pelo percussionista brasileiro Mauro Refusco, os músicos voltaram para o bis vestindo camiseta estampando o rosto do jovem.
2) Julio Cesar, o “boyfriend brasileiro” de Katy Perry: durante seu show, no primeiro dia do festival, a cantora pediu para os rapazes da plateia tirassem a camisa e convidou um deles para subir ao palco. Júlio César, o “felizardo” de Sorocaba, ganhou apalpadas e um beijo da cantora, transformando-se numa nova “Katilce” dos shows internacionais no Brasil (lembra do episódio do U2, em 2006?). Ele, que tinha cerca de 900 seguidores no Twitter, agora já conta quase 50 mil fãs na rede social.
3) Fã desinibida no show do Sepultura: essa nem precisou subir ao palco para chamar a atenção e causou a alegria dos metaleiros no terceiro dia do festival. No meio da apresentação do Sepultura, a garota decidiu tirar a camiseta do Motörhead que estava usando e mostrar as tatuagens e seu sutiã preto para a empolgada plateia masculina ao seu redor. Alguns conseguiram até apreciar os seios da fã mais de perto.
4) Casamento no Rock In Rio: um casal gaúcho de fãs do Red Hot Chili Peppers aproveitou a ida ao festival para selar a união diante de centenas de desconhecidos. A cerimônia foi realizada na Rock Street ao som de “Under the Bridge” tocada no piano, com direito a vestido de noiva, tapete vermelho e buquê jogado para o público. Os recém casados passaram a noite de núpcias num pequeno hotel montado dentro da Cidade do Rock.
5) Sandra de Sá e Bebel Gilberto: outro “casal” que deu o que falar no Rock In Rio foram Sandra de Sá e Bebel Gilberto, que esbanjaram intimidade, cantaram abraçadas e trocaram um selinho. No repertório do show, canções de Cazuza, que foi parceiro musical das duas cantoras.
6) Mike Patton marca presença: o vocalista do Faith No More apresentou no segundo dia do Rock In Rio uma seleção de canções românticas italianas dos anos 50 e 60, num dos shows mais respeitáveis da programação do festival, acompanhado pela Orquestra Sinfônica de Heliópolis e por uma banda de nove músicos. Pérolas escolhidas de um repertório celebrizado por Nico Fidenco, Gigliola Cinquetti e Gino Paoli, entre outros, ganharam reinterpretações vigorosas de Patton. No domingo, o cantor americano retornou ao festival e fez uma participação especial no show do Sepultura.
7) Slipknot surpreende o público: com um show brutal, teatral e cheio de pirotecnias, os mascarados do Slipknot surpreenderam muita gente. A turnê intitulada “The Memorial” é em homenagem ao baxista Paul Gray, morto por uma overdose em 2010. Sem querer colocar alguém em seu lugar, a banda deixou o baixista convidado escondido atrás do palco. Num show barulhento, o público cantou quase todas as músicas a plenos pulmões, comandados pelo vocalista Corey Taylor. Em determinado momento, o DJ Starscream pulou de uma altura de quase 4m nos braços do público.
8) Falta de infra-estrutura e de segurança: desde o primeiro dia, na sexta-feira, a Cidade do Rock revelou problemas nestes dois itens. Foram cerca de 500 ocorrências de furtos registradas durante os três dias de festival. Por causa dos episódios, a segurança foi intensificada, mas “vândalos” pularam as grades colocadas para proteger o evento. Só no domingo, 40 pessoas foram retiradas por invasão. O mau cheiro também tomou conta depois que a rede de esgoto dos banheiros transbordou, sem conseguir dar vazão suficiente para a quantidade de água das descargas e pias. A Agência de Vigilância Sanitária autuou o Rock in Rio pelo ocorrido. Também foi preciso muita paciência para enfrentar as grandes filas que se formaram. Nas lanchonetes, o atendimento demorava de 30 minutos a uma hora e meia, além de preços abusivos (um copo de água de 300ml custava R$ 5, e um hamburguer simples saía entre R$ 7 e R$ 13). Na montanha russa, as pessoas esperavam por quase duas horas.
9) Transporte em caos: como não foi permitido o acesso de carro e táxi até as proximidades da Cidade do Rock, o público teve de usar o sistema de ônibus regular ou as linhas especiais criadas para atender o festival. Fãs perderam alguns dos shows e houve reclamações de usuários que, mesmo com o bilhete especial de R$ 35 em mãos, não conseguiram embarcar no horário agendado. Os ônibus especiais aceitaram passageiros extras que pagaram R$ 20 em dinheiro para fazer a viagem de pé.
10) Família Medina critica o próprio festival: nem mesmo os “donos” do Rock In Rio deram nota 10 para o evento. Roberta Medina, organizadora e filha do empresário Roberto Medina, idealizador da maratona de shows, deu nota 9. Ela criticou as filas e os casos de furtos, mas minimizou as ocorrências policiais responsabilizando a “multidão”. Já Medina pai, acho que o evento estava “cheio demais” e falou mal da falta de organização no transporte público. E se, como disse o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o Rock In Rio é mesmo um teste para a Copa do Mundo de 2014 e para a Olimpíada de 2016 –a coisa vai mal.
O Rock In Rio entrou em ressaca na segunda-feira (26) para retornar à Cidade do Rock nesta quinta-feira (29), quando sobem ao Palco Mundo um concerto em homenagem à Legião Urbana, as cantoras Janelle Monáe e Ke$ha, a banda Jamiroquai e, por fim, Stevie Wonder. Dali em diante, o festival seguirá até o domingo (2).
Fonte: ANTONIO FARINACI MARIANA TRAMONTINA Do UOL, no Rio