Eu não faço música e não jogo bola. Mas as duas manifestações artísticas me mobilizam e se tornaram duas paixões no meu cotidiano. E já que visitar museus foi um programa obrigatório na passagem meteórica por São Paulo, resolvi conhecer o Museu do Futebol, localizado no estádio do Pacaembu. Lá, está registrada a memória viva e cheia de efeitos tecnológicos do futebol nacional, indo de Charles Miller, brasileiro do Brás, filho de um inglês e a mãe brasileira, onde reza a lenda que ele é o Pai do futebol no País, até os nossos dias.
E aproveitando o raciocínio lógico do escritor José Lins do Rego, “o conhecimento do Brasil passa pelo futebol”. Logo na entrada dei de cara com a jabulani, a bola da Copa na África do Sul. A redonda tem gerado polêmica e dividido opiniões, principalmente, por parte de alguns jogadores brasileiros. Eles não podem esquecer que se não fosse (ela) (a bola) (jabulani ou não) muitos não estariam ‘milionários’, mas sim puxando a cadelinha… Haja ingratidão e falta de humildade. Não esqueçam “meninos do Dunga”: ‘”o que conta mesmo é a bola e o moleque, o moleque e a bola. E por bola pode se entender um coco, uma laranja ou um ovo, pois ja vi fazerem embaixada (pezinho) com um ovo” (Chico Buarque de Holanda, compositor e escritor). Portanto, craques milionários da seleção verde amarela do Brasil, em tempos de Copa, ela deve ser bem tratada como uma mulher de respeito. Saibam usá-la com talento para alegria do torcedor canarinho.
A visita ao Museu do Futebol continua acompanhada pela emoção. Quanta felicidade, vê a camisa 10 surrada e emblemática usada por Pelé no primeiro gol contra a Itália, na final da Copa de 1970, no México. Afinal, um gol importante na goleada de 4 a 1, na conquista do Tri e da Taça Jules Rimet. Estava legitimado naquele momento que ‘a taça do mundo era nossa”. Outro momento marcante foi perceber em um quarteirão que a história do Sampaio Corrêa e do futebol maranhense estava guardada na memória do Museu do Futebol e mundial. Veio a emoção, quebra do protocolo, pois o Estatuto da Casa não permitia fotografar. Lembrei da frase do poeta Caetano Veloso protestando contra a censura: “È proibido proibir”. Coloquei em prática, pois não resisti. Corri para foto que também ficará guardada em meu arquivo pessoal.
Momento bacana da visita
Sampaio: Time de tradição
Com o olhar curioso aos momentos das Copas, depoimentos de especialistas do futebol e dos nossos heróis da Bola, veio a reflexão ao dar de cara com o poema questionador e realista do mineiro Carlos Drummond de Andrade: “futebol se joga nos estádios ? Futebol de joga na praia. Futebol se joga na rua. Futebol se joga na alma”. Por isso é que eu digo: “vamos balançar o véu da noiva”. Não basta e importa se o gol é de penalti, de cabeça, de falta, olímpico. Tem que ser com a bola e de placa.
Dizem que o mundo é uma bola. E por ser mundana, a bola, independente do tamanho, do esporte, da pátria em que é jogada, virou o maior protagonista, a estrela do futebol. “É incrível a facilidade que tem de jogar futebol com qualquer coisa que se possa chutar. Nossa fome de bola ancestral nos faz chutar bolinha de borracha, cabaça, lata amassada, cabeça de boneca, caixa de fósforo, papel amassado enrolado com barbante, limão, bola de meia, acreditando ser de fato uma bola. A gente sua a camisa por qualquer pedaço de qualquer coisa. Uma facilidade na transferência de valôres que só existe no futebol e particularmente no Brasil. Freud explica ?”