Júlio Barroso dizia: “O poeta é o traficante da liberdade”, e eu emendo: O DJ é o traficante da alegria.
Já é corriqueiro há décadas numa das principais artérias da urbe paulistana: Quando cai à noite a borbulhante Augusta ferve. Lá toda noite acontece um desfile cultural eclético, democrático, estético, tribal, cosmopolita, por entre clubes, bares, e calçadas. Há sim um certo glamour entre a moçada dita ‘mudérna’ da paulicéia desvairada, mas quem sempre vence no final é a diversão.
Reencontro com o parceiro e amigo Jonathas na emblemática Baratos Afins
E quem escolheu entre tantas opções adentrar no Tapas Club na noite gelada da terra da garoa não se arrependeu. Encontrei um ambiente aconchegante e descolado, talhado para agasalhar a alma de quem necessita de calor humano, pensado para que as pessoas possam se encontrar após uma semana de trabalho árduo.
Eu posso imaginar que para um DJ tocar no inicio da noite seja sempre um desafio salutar. Aquele é o momento dos amigos colocarem a conversa em dia, das meninas e dos meninos iniciarem algum approach que resulte no algo mais da madrugada, quiçá de alguma nova revolução em suas vidas ainda tão jovens. Logo, dançar naquele instante não é uma necessidade urgente, afinal a noite ainda é uma criança…
Entra em campo então a experiência do DJ Pedro Sobrinho, e mesmo os craques mais tarimbados sentem nessa hora aquele friozinho na barriga. Com sua simplicidade característica, Pedrinho colocou em campo um desfile de sonoridades elegantes, classudas, marcadas essencialmente por algo cada dia mais escasso neste mercado musical de nosso senhor, bom gosto. Ah… Palavrinha de difícil compreensão.
Saíram das pick-ups e ganharam vida no lounge mixagens de artistas inebriantes como o duo japonês do Pizzicato Five, clássicos do naipe dos Beatles na bela versão para “And I Love Her”, uma trinca de respeito, Wilson Simonal e sua ‘pilantragem’, Sérgio Mendes e sua bossa-samba-rock, os Novos Baianos “Besta é Tu”, além de passeios universais a partir de aldeias na antropologia musical do DJ Dolores. Ainda houve espaço para multifacetar linguagens com a malandragem carioca do Funk’n’Lata do sambista Ivo Meirelles.
A essa altura com o papo já em dia e depois de saborear algumas “Stellas”, olhei de relance e assisti a musa indie, Mallu Magalhães, linda sorrindo, conversando, bebendo sua água mineral, cantando e curtindo com aquele jeito tímido de criança o repertório do Mr. Sobrinho. Diz-me com quem andas…
Vieram depois os deejays Barata e Oops de Brasília com um lema bem apropriado para a vida, “Só som salva”, e ainda o show arrebatador da pernambucana arretada Catarina Dee Jah e os Radicais Livres – fazia tempo que não assistia alguma mutação sonora conceitual tão bem arquitetada.
No final das contas Mr.Sobrinho que tocaria a principio apenas durante uma hora, agradou tanto na sonoridade e na simpatia, que três horas não foram o suficiente para saciar a empolgação dos notívagos do Tapas Club.
Ficou então aquele gostinho de quero mais… Quem sabe em breve, porque se santo de casa não faz milagre, em minha terra a curiosidade não mata, ensina.
Texto: Jonathas Nascimento (jornalista e produtor cultural em SP)
grande pessoa esse rapaz…. abraços, querido jonathas ….
Salve Pedrinho!
As fotos ficaram legais, polaroídes de bons momentos. Tomara que o Mixando o Mundo não tarde a regressar a sampa.
Um grande abraço,
Jonathas