Um certo amigo disse que gostaria de viver pelo menos 30 segundos de fama e entrar para o mundo das celebridades. Mas, ao mesmo tempo ele refletiu e chegou a conclusão de que para ter a alcunha de celebridade são necessários dois pesos, duas medidas, até porque a vida é misteriosa e marcada por altos e baixos. Enfim, ser celebridade é como se estivesse num eterno ‘reality show’, num mundo fascinado pelo glamour, fama, assédio e vaidade. Agora, tudo acontece quando a maré está pra peixe. Por outro lado, o famoso pode conviver com o ostracismo, a cobrança e a desgraça. Basta deslizar e desrespeitar os valôres concebidos e impostos pela sociedade ocidental. Mesmo com todas as controvérsias, turbulências e da possibilidade de se sentir sempre fechado numa casa de marimbondos, tem gente que prefere à fama ao anonimato.
Ser famoso é conviver com um número crescente de revistas e programs de fofoca, com a popularização da internet (em que a informação circula livremente), com os flashes constantes dos paparazis e com a língua afiada de profissionais da comunicação, que se autointitulam de críticos. E aí, haja vigilância, invasão de privacidade e informações com e sem responsabilidade, transformando a notícia em um ‘Tribunal de Inquisição’, ou em algo carregado de preconceitos. Para Bernard Show: ‘um crítico é alguém que se interpõe entre o artista e o público sem ter sido convidado por nenhum dos dois’. Para Truffaut, o crítico deveria ser proibido de falar mal. Só é produtivo falar bem, apontar bons caminhos”.
Em uma entrevista publicada pela Folha de São Paulo, a modelo gaúcha Gisele Bündchen fez um comentário convincente. “Hoje parece que as pessoas querem saber mais sobre quem (um famoso) namorou, casou ou divorciou do que das coisas que acontecem no mundo. É ridículo. Você sabe por que isso acontece ? Porque as pessoas têm medo de olhar para dentro delas mesmas. Preferem viver a vida das outras pessoas. Elas não refletem sobre as questões sérias que afligem o mundo, e para as suas próprias vidas”.
Defendo a teoria de que estamos aqui para informar e denunciar quando for preciso. Agora, a cautela existe com uma apuração coerente dos fatos. Quando você chuta, especula, faz a crítica pela crítica, estigmatiza e afirma que alguém é mau caráter, marginal, porque é anônimo, pobre e preto, ou pelo fato de conquistar a calçada da fama por natureza ou por ascensão social, graças ao dom e vocação pela arte, não está sendo leal com a liberdade de expressão e a ética. Ao conviver com situações de deslealdade, irresponsabilidade e da vaidade pessoal, tenho a sensação de que por trás de todo opressor existe um oprimido. Portanto, “antes de criticar a vida dos outros, faça algo que preste.” (Elio Didimo)